* Márcio Alexandre
O professor-doutor Marcos Antônio Oliveira é uma grande referência da educação potiguar com destacada atuação no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). Atuando em Mossoró, o docente tem muitos atributos. Pessoais e profissionais.
Pesquisador atento, orientador dedicado, professor diligente e gestor competente. Essas são algumas das credenciais com as quais Marcos Oliveira chega à Secretaria Municipal da Educação (SME).
Sério, responsável e resoluto, Marcos precisará usar mais do que nunca de suas virtudes para fazer um bom trabalho à frente da SME. O principal deles é imprimir sua marca como gestor à frente da SME. E isso lhe trará dois grandes desafios iniciais.
O primeiro deles é fazer com que as pessoas percebam que são suas impressões e trabalho que devem direcionar a política educacional do município e que não será apenas um mero executor do que o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) decidir. Apesar de ostentar o título de Doutora, a professora Hubeônia Alencar, que o antecedeu no cargo, não conseguiu.
O personalismo, a perseguição a professores e o completo desprezo pela educação, marcas registradas da gestão Allyson, foram encarnados com perfeição por Hubeônia de uma forma tal que é difícil imaginar que ela era de fato a secretária. Ou se era, se gostava realmente da educação. Ou se era professora.
O segundo desafio, nessa mesma perspectiva, é provar para a cidade que a SME não vê os profissionais como inimigos, como acontece ainda hoje. Há tempos que a atual gestão municipal coloca a opinião pública contra os trabalhadores da educação.
Outro grande desafio de Marcos Oliveira é “desmegalomanizar” o discurso da gestão. Como percuciente pesquisador que é, Marcos sabe que imprimir superlativos à educação nem sempre é o caminho que vai apresentar os resultados necessários.
O processo educativo se efetiva na calma das propostas sérias, no silêncio das esperas necessárias, na espera das respostas dos sujeitos, no respeitar dos ritmos, no aceitar os tempos de cada envolvido nos processos. O verdadeiro resultado do ato educativo e do processo educacional – inclusive de seu viés gerencial – não é o que se diz dele, mas do que ele revela em seus atos e resultados.
Também se impõe como desafio urgente e necessário, fazer do discurso da gestão a prática do dia a dia. Ou seja, fazer com que o Mossoró Cidade Educação seja, de fato, um programa que chegue em todas as unidades de ensino. Há muita escola climatizada no discurso, mas “pegando fogo” na realidade prática.
Marcos Oliveira tem o grande desafio de fazer com que o transporte escolar funcione de fato em todas as comunidades rurais. Há alunos que estão há quase dois meses sem aula por falta de ônibus.
Manter boas relações com profissionais, alunos e equipe da SME talvez seja a tarefa mais fácil, embora a mais urgente porque sua antecessora não conseguiu ou não quis conseguir.
Urbanidade, humanidade e apreço pelo outro são alguns dos mais destacados predicados do novo secretário.
Estabelecer uma relação respeitosa da gestão da SME com as entidades que representam os profissionais é outro item da pauta, bem como desengavetar os processos nos quais os servidores pleiteiam o respeito à lei que lhes permite licença remunerada para cursar pós-graduação.
A negociação para pagamento do reajuste do piso docente segue em curso, Marcos sabe. Judicializada, é verdade, por obra e graça da gestão Allyson Bezerra. Marcos deve saber.
Por fim e, talvez mais importante, e urgente, é fundamental para que todos os demais desafios sejam superados, dar institucionalidade à pasta. Que cada gestor das mais diferentes áreas da SME possa agir com autonomia. Possam fazer o que sabem. Que possa dizer o que fazem. E isso inclui desaparelhar os colegiados. Ninguém ganha com a canina e inaceitável subserviência do Conselho Municipal de Educação (CME) – para ficar apenas num exemplo – aos ditames da gestão municipal.
Na gestão que o antecede, ninguém era autorizado a nada. Até o secretário de Comunicação da SME, pasmem, teve como maior marca, até então, “desaparecer” sempre que acionado pelos órgãos de comunicação de Mossoró que ousam cumprir minimamente com o seu papel.
Marcos Oliveira tem todas as condições de reverter todos esses reveses. Espera-se que permitam que ele o faça. A educação precisa. Mossoró agradece.
* Professor e jornalista