Um erro necessário

por Ugmar Nogueira
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* Márcio Alexandre

O Brasil é hoje o país da inflação. É o país do subemprego. É o país da fome. Do desespero e da desesperança. É um país triste. De uns angustiados por todas essas mazelas e de outros espumando ódio contra quem reclama. O governo atual transformou o Brasil numa tragédia.

Estamos tão mergulhados no fundo do poço que não se pode reclamar de nada. A gasolina baixou o preço ao custo da diminuição das verbas da educação e da saúde. E teve tonto que comemorou essa redução. Mesmo sabendo que vai reduzir os investimentos nesses importantes setores.

Um fato acontecido essa semana, em Mossoró, dá uma noção do quanto o caos é grande. Do quanto os trabalhadores estão sentindo na pele os efeitos de todas as mazelas que esse governo constroi todos os dias, tendo como fiador um bocado de gente com nada na cabeça e maldade no coração.

Um trabalhador de uma clínica, auxiliar de serviços gerais, assalariado, não teve como pagar pelo combustível de sua pequena moto para ir trabalhar. Uma dessas cinquentinhas, cujo consumo é o mínimo. É o meio mais barato de ele chegar ao trabalho.

O patrão, bolsonarista, não dá uma ajuda sequer. Acha que paga muito e cobra pouco, mas ocorre justamente o contrário. O homem, trabalhador, pai de família, duas crianças para sustentar com os menos de mil reais que sobram após os descontos legais no contracheque.

Sem dinheiro para o combustível, faltou também tranquilidade para o sono. Quando dormia, vinha o pesadelo de uma possível demissão. Homem correto, sério e honesto, tentou de todos os jeitos encontrar uma forma de cumprir com a jornada de trabalho. Pensou, refletiu, buscou, tentou e nada. Precisava de uma justificativa forte para evitar uma despedida inevitável.

Viu uma alternativa, mas que contrariava seus princípios. Precisou sacrificá-los em nome da comida para os filhos. Arranjou um atestado médico para justificar três dias de falta por falta de gasolina. Uma espécie de crime famélico.

Como pai, adoraria que esse tipo de estratégia não fosse necessária. Como ser humano, torço que essa tragédia se acabe. Como brasileiro, espero que pelo menos os mais abastados tenham empatia com esses que sofrem. Como cronista, desejaria que esse texto fosse de ficção.

* Professor e jornalista

Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com

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