* Márcio Alexandre
A apresentação não foi das melhores. Pra ser sincero: foi ruim. Não foi por falta de esforço. Os times correram, lutaram, batalharam, se arriscaram (literalmente) e, infelizmente, não conseguiram mostrar um futebol que animasse os seus torcedores.
Apesar disso, Baraúnas e Mossoró Esporte Clube (MEC) são campeões.
Difícil pensar tática num campo tão ruim. Impossível desfilar técnica num ambiente tão inóspito. Inimaginável fazer magia com a bola em um terreno tão maltratado.
Como organizar linha de marcação com o poeiral impedindo qualquer referência geográfica no campo?
Como fazer uma jogada em profundidade sem saber se as depressões deixarão a bola passar? Como arrancar em busca de uma jogada sem o medo de cair em um buraco?
Assistir a um jogo no Nogueirão é saber que nem sempre quando um jogador culpa o gramado pelo mau futebol é desculpa esfarrapada. Que é preciso muita coragem para encarar um jogo naquelas condições do gramado, mesmo que o talento não seja tão abundante.
Nas condições em que está, o gramado do Nogueirão é um atentado à integridade física dos jogadores, assim como o estádio é uma ameaça aos torcedores.
É preciso muita paixão pelo futebol para seguir como profissional tendo que jogar em Mossoró.
É necessária muita paixão futebolística para se arriscar nas arquibancadas do Nogueirão e torcer pelo time do coração.
Nossa praça de futebol parece uma praça de guerra com tristes sobreviventes tentando entender o que está acontecendo.
Como está, o Nogueirão tira a alegria de qualquer coisa que aconteça ali. Principalmentedo futebol.
Por tudo o que o gramado não permite fazer, Baraúnas e MEC são campeões. Porque fizeram muito num campo que não permite quase nada. Assim como o são todos os que se arriscam a jogar por essas bandas. Mesmo que seja esforço jogado fora.
* Professor e jornalista