JUVENTUDE NEGRA RECONSTRUINDO AS UNIVERSIDADES

por Ugmar Nogueira
A+A-
Reiniciar

O Dia da Consciência Negra é uma data crucial no calendário brasileiro, celebrado em 20 de novembro em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência contra a escravidão no Brasil. Essa data não apenas celebra a memória de Zumbi, mas também é um momento para refletir sobre a história, cultura e contribuições do povo negro para a formação do país. A memória e a resistência do povo preto é fundamental para entender a riqueza da diversidade cultural e a importância da inclusão e igualdade. Preservar essa memória é honrar as gerações passadas e fortalecer o caminho para um futuro mais justo e inclusivo. É também um convite para aprendermos com essa história e construirmos uma sociedade que reconheça e celebre a diversidade em todas as suas formas, promovendo respeito, igualdade e oportunidades para todos.

Nós estudantes negros, travamos uma batalha continua dentro das universidades em busca de equidade, representatividade e justiça dentro do ambiente educacional. São muitos desafios, desde o acesso limitado à educação de qualidade até o combate ao racismo estrutural presente nas instituições de ensino. A nossa luta não se resume apenas a questões acadêmicas, mas também envolve a criação de espaços seguros e inclusivos, nos quais a diversidade é respeitada e valorizada. Os estudantes negros frequentemente lideram movimentos e demandam mudanças, pressionando por currículos mais inclusivos, aumento da representatividade nos corpos docente e administrativo, além de políticas de assistência estudantil, que garanta a nossa entrada, permanencia e a formação de qualidade.

Graças às Ações Afirmativas construídas desde o primeiro governo Lula tivemos muitos avanços significativos, as universidades estão sendo pintadas de povo. A partir da lei de cotas sancionada em 2012, 50% das vagas nas universidades e institutos federais de Ensino Superior passaram a ser reservadas para alunos de escolas públicas, negros e negras, indígenas, e pessoas com deficiencia, conseguimos enxergar a filha do trabalhador, o filho da empregada doméstica, a filha do agricultor, sendo os primeiros da família a pisar os pés em uma universidade. Conseguimos finalmente começar a sonhar com um diploma, e isso foi só o começo da reparação histórica de uma história de passos que vem de muito longe, pra curar um país da escravidão, da opressão e da maldade.

Enfrentamos o retrocesso que a educação Brasileira sofreu entre os anos de 2016 e 2022, lutamos com muita garra contra o apagão na qualidade das universidades e na retirada de nossos direitos, e finalmente, através de todas as lutas construídas, conseguimos vencer esse capítulo opressor na nossa história. Vivemos atualmente um momento de união e reconstrução. Conquistamos, através da luta do movimento negro e dos estudates aprovar e sancionar a Revisão da Lei de Cotas e conseguimos transformar o Plano Nacional de Assistência Estudantil em lei. Com isso vem aí um novo capítulo na história da educação Brasileira, estamos dando mais um passo para construir a universidade que queremos, com estudantes negros e negras, quilombolas e indigenas, com uma lei que garanta restaurantes universitários de qualidade, bolsas de permanência, auxílios moradia e transporte.

O Brasil que a gente aprova está começando, das salas de aula. Um país que resiste em seu sonho emancipatório. Cotas para afirmar, desenvolver toda uma nação, para reinventar o Brasil. Nada menos do que isso. É nossa reivindicação.

Paulo Cunha, diretor de Negros e Negras da UEE/RN

Publicidade

Postagens relacionadas

Deixe um comentário

* Ao usar este formulário, você concorda com o armazenamento e o manuseio dos seus dados por este site.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Assumiremos que você está ok com isso, mas você pode optar por não participar se desejar. Aceitar Leia mais