Por Márcio Alexandre
Fotos: Pedrina Oliveira e Andhré Matias
A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) entrega, essa semana, à coordenação da Feira de Mulheres Empreendedoras de Mossoró (FEMEA) os dados da pesquisa de impacto socioeconômico do evento.
Pensada, planejada e executada por mulheres, a FEMEA já se consolidou como o maior evento de empreendedorismo feminino em solo potiguar. Os números do levantamento feito pela Lastro, empresa júnior gestada no curso de Economia da UERN, em Mossoró, devem confirmar essa assertiva, mas a iniciativa está transformando a vida de muita gente.
Pessoas que saem de casa para comprar, como Camila Ferreira, por ser uma feira executada por mulheres.
Pessoas que saem para passear num evento com DNA feminino e que acabam comprando, como Jéssica Oliveira.
E, especialmente, das mulheres que se dedicam à arte de empreender, muitas deles garantindo, sozinhas, o sustento da família, através do empreendedorismo, produzindo e vendendo seus produtos.
Nas duas edições anuais da FEMEA, o faturamento de algumas chega a responder por 30% a 40% de tudo o que a maioria das expositoras vendem durante todo o ano.
A artesã Josy Lacerda, que participa da FEMEA desde a primeira edição, revela que a feira é importante não só por levar o trabalho das mulheres empreendedoras para um número cada vez maior de pessoas, mas também por outra razão relevante. “Ela é importante porque ela nos prospecta para a sociedade”, afirma.
Íris Chaves, criadora da Look Unic, que trabalha com moda feminina, encontrou na FEMEA uma forma de dar visibilidade à sua marca e ao seu trabalho, já que sua loja é digital. “Vim para a FEMEA porque ela é a feira da mulher empreendedora”, aponta.
A FEMEA, cuja quinta edição aconteceu no mês passado, é um exemplo de sucesso ao reunir, num só evento, o empreendedorismo, a inclusão produtiva e o estímulo ao consumo nos pequenos negócios. São três aspectos importantes que tem contribuído para transformar a realidade. Das mulheres que protagonizam a feira. Das mulheres que participam da feira. De todos os que colocaram o evento na sua agenda de passeio, compras e encontros.
Tem sido assim desde 2022, quando aconteceu a primeira edição da FEMEA. Agora, são duas edições anuais. A sexta edição já está agendada e será no próximo mês de novembro.
“A gente não é só uma feira. A gente não é só um evento. Somos uma comunidade”, diz, com muita convicção, Michelli Angélica, idealizadora da FEMEA.
Artesã, Michelli percebeu que não havia na cidade um lugar onde pudesse expor de forma destacada os seus produtos e, assim, vendê-los. Foi participando de exposições e eventos comerciais que ela sentiu a necessidade de se ter uma feira para as mulheres.
Com determinação, foco e criatividade, Michelli foi dando asas à sua ideia até que em julho de 2022 conseguiu transformar o seu sonho em realidade.
Já em sua primeira edição, a FEMEA deu mostras de que viria para ficar. Foram 55 mulheres que toparam o desafio de participar da Feira para expor e comercializar seus produtos.
A FEMEA vem sendo muito bem sucedida não só pela ideia. Ainda por reunir oportunidade e necessidade. A Feira também é um grande exemplo de que empreendedorismo não é apenas criar um produto e encontrar um espaço para comercializá-lo. É por tudo isso, aliado a algo fundamental: o conhecimento, a preparação, a qualificação.
São vários os encontros de planejamento, estudos, cursos.
O empenho das mulheres, o cuidado com o evento, a qualidade dos produtos expostos, e o esmero com que a FEMEA é realizado tem conquistado o público. No ano passado, em suas duas edições, passaram pelos corredores da FEMEA, cerca de 24 mil pessoas, resultando em um volume de vendas de cerca de R$ 1 milhão de reais. Pequenos negócios movimentando milhares de reais.
O público e o volume de negócios da edição de maio passado serão conhecidos nos próximos dias. A UERN, por meio da Lastro, vai entregar os números a Michelli Angélica, que deverá realizar um ato de apresentação do levantamento.
A edição de 2024, que ocorreu dias 10 e 11 de maio na Praça de Eventos de Mossoró, contou com patrocinadores, com os quais os dados deverão ser socializados. Cerca de 100 mulheres expuseram seus produtos na quinta edição. O dobro desde a primeira edição, em 2022, numa prova inequívoca do quanto o evento trem crescido em qualidade e quantidade.
Ser realizada em Mossoró dá à FEMEA um simbolismo importante. Foi na cidade que ocorreu um dos fatos mais destacados da história do país: o Motim das Mulheres, movimento capitaneado por mães que se recusavam a aceitar a obrigatoriedade do alistamento militar para seus filhos, em 1875. Fato semelhante ocorreu em outras cidades do país, mas em Mossoró, o protesto foi organizado e posto em prática apenas por mulheres.
DIVERSIDADE E INCLUSÃO – A FEMEA promove a inclusão das mulheres no círculo produtivo da economia, dando-lhe protagonismo nas relações tanto pessoais como profissionais. A Feira busca ampliar as questões ligadas à diversidade, ao meio ambiente e à inclusão.
O desfile de moda plus size, realizado na quinta edição da FEMEA, não é apenas um atrativo para dar publicidade à moda para pessoas com sobrepeso. É também uma iniciativa para quebrar tabus, derrubar preconceitos e contribuir para o fim da gordofobia.
A FEMEA contou, nesse ano, com a parceria da Associação Reciclando para a Vida (Acrevi) instituição que atua na coleta e reciclagem de materiais e que foi criada por uma mulher, Josefa Avelino, sua líder desde a criação, há mais de 20 anos.
Na parte artística, as cantoras mossoroenses Symmara Fernandes e Nida Lira animaram o público presente nos dois dias da Feira.
A FEMEA reúne negócios, arte, sustentabilidade ambiental, empreendedorismo, música, representatividade e entretenimento. (Colaborou Pedrina Oliveira)
Michelli (de amarelo) ao lado de Josefa (esquerda) e Mileide, da Acrevi
Mulheres durante um dos cursos promovidos pela coordenação da FEMEA
Mais registros da quinta edição FEMEA:
Jéssica e Camila
