Ugmar Nogueira
Surpreendeu zero pessoas a declaração feita pelo deputado federal João Maia (PL) de que Allyson Bezerra (União Brasil) e Walter Alves (MDB) estavam costurando um acordo. Há tempos que se fala sobre isso. Mas surpreendeu que a revelação tenha sido feita pelo deputado federal.
Pelo governismo, uma das primeiras demonstrações de Walter de que estava propenso a se aliar a Allyson foi sua indisposição para assumir o governo do Estado a partir de abril do próximo ano.
As tratativas entre o vice-governador e o prefeito de Mossoró passaram a preocupar mais o grupo do gestor mossoroense do que a situação. Isso porque a chegada de mais um partido à base de apoio da pré-candidatura de Allyson mina espaços de atuais aliados. E aí que entra a declaração de João Maia.
Político experiente, o deputado sabe que uma declaração pública sobre acordo de bastidores mais atrapalha do que ajuda. Principalmente a quase um ano das eleições. João Maia decidiu correr o risco calculado. E colhe os frutos.
O primeiro deles é que sua declaração tem causado rebuliço na nominata do MDB à Assembleia Legislativa. João – e Walter – sabem que sem eu governismo, é difícil eleger a bancada que o vice-governador quer eleger para o Legislativo estadual.
Para quem estava alinhado ao vice-governador no projeto de fortalecimento do MDB estadual viu com maus olhos a oferta que está sendo feita por Allyson (candidatura de vice). Para os pré-candidatos, muito pouco em relação ao que Walter vinha defendendo: eleger um bom número de deputados estaduais.
Mas tem mais elementos. João Maia não quis ficar assistindo ao jogo de esconde-esconde de Allyson e Walter. Sua declaração, portanto, tem a capacidade de solidificar o acordo ou jogá-lo para as cucuias. Além disso, surgiram rumores de que as tratativas entre o prefeito e o vice-governador teriam condições pouco republicanas.
No governismo e na oposição, no entanto, há uma certeza: a de que Walter estaria perdido, sem muita noção do rumo de si próprio e do projeto político para o MDB.
Imagem: Allyson, João Maia e o prefeito de Caicó
