* Márcio Alexandre

 

O vereador Tony Fernandes, ainda no Solidariedade, desponta, legítima e merecidamente, como um nome em potencial para disputar o comando da prefeitura de Mossoró no próximo ano.
Está, hoje, nessa condição, pelo grande mandato que desenvolve na Câmara Municipal, por ter bandeiras de lutas importantes (inclusão, segurança, causa animal ), por ter se constituído em importante nome na oposição ao prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade).
Essas credenciais fizeram com que, praticamente sem estrutura e dinheiro, amealhasse msis de 19.400 votos nas eleições para deputado estadual. Do total, 15.600 apenas em solo mossoroense. Mais uma senha para tentar ocupar o Palácio da Resistência.
As mesmas credenciais que o colocam em posição de destaque também exigem que ele se posicione em questões importantes da vida em sociedade. E no primeiro grande teste de fogo, reconheça-se, o cabo deu um tiro no próprio pé.
O mundo tomou conhecimento dos atos de terror praticados por bolsonaristas no último domingo. Os terroristas, com sangue nos olhos, quiseram matar a República. Insanos, atingiram-na em seus órgãos vitais: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Pois bem. Nesses momento em que o Estado Democrático de Direito é ferido de morte, sua sobrevivência depende da reação imediata de todos os cidadãos que não concordam com a barbárie. Especialmente dos que estão no exercício de mandato eletivo. Mais ainda quando se almeja dá maiores passos na caminhada política. Tony, que estudou Direito numa instituição pública (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN) parece ter esquecido uma das principais lições do curso.

Tony claudicou. Titubeou. Marcou passo. Fez que ia e não foi.  Quando foi, foi com receio. Quase às escondidas. Essa é a impressão que ficou ao se observar sua hesitante postura.
Tony não soltou uma nota pública. Não postou mensagens em suas redes sociais. Não foi à imprensa condenar a violenta, vergonhosa e ultrajante atuação dos terroristas tupiniquins.
Toda a sua ação se resumiu a uma publicação no storie de uma de suas contas nas redes sociais. Esse tipo de postagem tem tempo de vida programado. Vida curta. É como se o vereador tivesse tirado um salvo-conduto. Que não combina com sua atuação propositiva. Com sua postura decisiva. Com sua conduta resoluta.
Há quem pense que Tony não deveria se pronunciar. Aliás, não se entende porque não o fez. Por que policiais estão no centro da polêmica? Por que membros das forças de segurança contribuíram para os atos terroristas? Porque prevaricaram? Porque deixaram de agir no estrito cumprimento do dever legal?

Esse, caro, Tony, não é um caso isolado de erro da polícia, e das Forças Armadas. É, lamentavelmente,  o mais grave. Outros vão ocorrer. Esperamos que com menos gravidade.  Que os próximos erros sejam involuntários. Porque vão ocorrer. Porque pessoas erram. Profissionais erram. E além do mais há maus profissionais em todas as áreas.  Inclusive nas forças de segurança.

Que Tony se prepare para ser cobrado a tomar posição em questões espinhosas. E que se pronuncie. Como deveria ter se pronunciado no triste, lamentável e dantesco episódio do último domingo.

Como deveriam se pronunciar todos os que não concordam com o terrorismo que se viu em Brasília naquele dia.
Tony deveria ter condenado publicamente a invasão ao Congresso, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Palácio do Planalto.
Tony é vereador empunhando a bandeira da segurança. Como policial, atua para garantir a paz pública e ordem. Como político, precisa defender os poderes constituídos, afinal de contas integra um deles.
Tony deu um tiro no pé. Espera-se que tenha sido por imprudência e até mesmo imperícia política. Que não tenha sido por negligência.
Outros fatos virão. E dele exigirão tomada de postura firme, decisiva e inequívoca. Esse é um dos ônus de se colocar como uma alternativa no xadrez político. Nesse jogo, todo ato importa. Ficar inerte é correr o risco de ser engolido. Pelos adversários. E pelos fatos.

 

* Professor e jornalista

 

2 thoughts on ““O tiro no pé de Tony Fernandes”

  1. Verdade que ele poderia falar algo,contudo a prevaricação foi do ministro Flavio Dino,que realmente não soube agir antes desses fatídicos atos,na minha opinião acho que o ministro deixou acontecer para a direita cair na armadilha,e os mais abestalhados e terroristas assim como também penso que são,sim terroristas taxados de direitista,fazer umas barbaridades dessa,espero que todos paguem pois terroristas tem até do nosso lado não pq seja direita ou esquerda,preto ou branco, Homem ou Mulher, cada um paga por seus próprios atos,só não podemos taxar todos.

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