Ugmar Nogueira
O servidor público federal Allyson Bezerra (Solidariedade) vem numa trajetória ascendente e meteórica na política partidária. Se elegeu deputado estadual nas eleições de 2018 e, dois anos depois, se tornou, pelo voto, prefeito da segunda maior cidade do Estado. Nesse segundo pleito em que se tornou vencedor, foi beneficiado pelo antirosalbismo, pelas pesquisas de indução de votos e pela inércia das outras três candidaturas competitivas que estavam na disputa. Também captou como poucos, naquele momento, o peso da internet para a decisão final do eleitor.
Ao chegar ao Palácio da Resistência, seguiu fazendo uso das redes sociais. Agora para superlativizar o pouco que faz. Como bolsonarista, Allyson nega tudo o que os outros fazem e torna gigante o mínimo que ele faz. Além de ser onipresente nas redes sociais, o prefeito usa a mesma estética na rede mundial de computadores de uma forma tão incisiva que quase ninguém é capaz de distinguir quando é o prefeito que está falando e quando é o cidadão. Sim, em alguns momentos, é preciso separar um do outro. Para alguns desavisados, é importante lembrar que ainda vige o princípio da impessoalidade no serviço público.
Pois bem, mesmo com toda a estrutura da rica prefeitura de Mossoró. Mesmo com quase toda a mídia local ao seu lado. Mesmo incluindo-se nas pesquisas eleitorais, quase que obrigatoriamente, perguntas sobre ele. Mesmo com funcionários de empresas terceirizadas sendo postos à sua disposição para o seu projeto político, as eleições mostraram o real tamanho de Allyson Bezerra.
Não ter conseguido eleger Jadson (Solidariedade) deputado estadual é o grande baque eleitoral do prefeito midiático. Há ainda outros dois aspectos a serem considerados.
Tony Fernandes, colega de partido expurgado por Allyson, tirou 19.405 votos. Praticamente sozinho e apenas com a estrutura do seu mandato de vereador. Jadson, com toda a estrutura que se sabe que foi posta a seu favor, tirou 27.763 votos. Divanize Oliveira (PSD), prefeita de Baraúna, município vizinho bem menor e menos rico que Mossoró, elegeu o irmão, Ivanilson Oliveira (União), com 27.426 votos. Para completar, a principal opositora de Allyson em Mossoró, hoje, a deputada estadual Isolda Dantas (PT) se reelegeu com votação recorde: 57.046 votos.
Mesmo com o Palácio da Resistência trabalhando a todo vapor a favor de Jadson, e tendo uma votação expressiva em Mossoró, 17.781 votos, Tony Fernandes, com 15.647 e Isolda Dantas, com 15.489 também se destacaram. Mesmo com estruturas infinitamente menores que a do candidato de Allyson. Em 2018, o próprio Allyson havia ficado em segundo lugar na cidade, com 13.095 votos (atrás apenas de Larissa, com 17.753). Isolda, que tirou 11.031 votos naquele ano, cresceu no pleito de 2022.
A não eleição de Lawrence, mesmo com votação recorde em Mossoró, também é derrota de Allyson (analisaremos em outra matéria). Não adiante o prefeito fazer postagens nas redes sociais para dizer que saiu vencedor. Não saiu. Talvez não tenha diminuído de tamanho, mas a votação do seu candidato a governador, Fábio Dantas, do seu partido, e que teve menos de 20 mil votos, dá uma dimensão do tamanho do capital eleitoral de Allyson.
Até 2024, será preciso muita live para que ele mantenha para o eleitor a impressão de que é maior do que realmente as urnas mostram. O resultado de domingo, em que pese o destaque que seus candidatos tiveram, é uma séria ameaça ao seu projeto de liderança política. Principalmente porque, como vinham observando próprios aliados do prefeito, Allyson usou a campanha de Jadson e Lawrence para chegar ainda mais aos municípios potiguares. Não conseguiu o sucesso que desejava. Tanto é que se não fosse a expressiva votação de Jadson e Lawrence em Mossoró, o resultado teria sido um retumbante fracasso.
