* Márcio Alexandre
Igor Cabral, um brutamontes criminoso. Um misógino bárbaro. Uma montanha de músculos imunda. Uma massa de carne indigna.
Poucos tem estômago para assistir o vídeo do seu crime. São 60 segundos asfixiantes, angustiantes, perturbadores. Socos na barriga de quem tem um mínimo de humanidade.
Igor canalizou todo o seu ódio, toda a sua força, toda a sua repulsão, toda a cólera, toda a sua fúria, para esmurrar um corpo indefeso. Dezenas de murros. Esbofeteando principalmente o rosto. Não sem razão. Não sem explicação. O criminoso sabia o que queria. Sabia o que fazia. E principalmente porque fazia.
Com bons advogados, tentará construir toda a sorte de estratégias para tentar minimizar a pena por tentativa de feminicídio.
Um olhar atento vai perceber que Janaína apanhou, barbaramente, não por ser namorada de Igor. Jamais porque lhe provocou ciúmes. Em tempo algum por, supostamente, tê-lo traído.
Juliana foi brutalmente espancada por ser mulher. Por ter feminilidade. Por ter um rosto que representa uma ideia. Por ter um corpo que não é viril. Por ter pensamentos que não são de homens. Por ter gestos que não são masculinos.
Juliana foi agredida por ser delicada. Por ser uma jovem. Por ser uma moça. Por ser uma garota. Por ser uma dama.
Igor se imaginou agredindo todas as mulheres, todas as senhoras, todas as jovens, todas as meninas, todas as garotas. Porque cada murro desferido é uma constatação inequívoca: Igor não gosta delas.
* Professor e jornalista