* Márcio Alexandre
Três senhores caminham à beira-mar. Todos na casa dos sesenta anos. Sorriso no rosto, mar ao fundo, olhar no horizonte. Felicidade na alma.
Com passadas firmes, seguem caminhando. Nas mãos os pares de sandálias. Cada um com o seu. Segurando exatamente do mesmo jeito. Pegando justamente da mesma forma. Como muitos jovens faziam. Ou fazem ainda.
Caminham e falam. E falam sobre tudo. O que sentem. O que vivem. Principalmente do que viveram. O jeito de levar os chinelos reflete a forma como devem ter levado a vida: leve, despojada, livre.
Os chinelos na mão são uma quase não preocupação. Nada nos pés a impedir a pisada forte. A não fundar na areia. A não atrapalhar a viagem. Na estrada e no tempo.
Quanta coisa (re)dita. Reescrita. Relembrada.
Três pares de histórias relembradas numa conversa. Revivida numa caminhada. Caminhando para uma nova memória. Pra o tempo não apagar. Pra se perpetuar nas pegadas da vida.
* Professor e jornalista