180 famílias clamam por água potável em 4 comunidades de Assu/RN

Há mais de 16 anos, foi instalada uma rede que passa na frente das casas dessas famílias, foi construído o reservatório, mas em 2016, faltando cerca de 500 metros para finalizar, a obra foi parada e de lá para cá, nunca foi retomada.

por Ugmar Nogueira
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As comunidades Sítio Boa Vista Trapia, Patativa do Assaré, Pau d’Arco e Nova Quixabeirinha, onde moram cerca de 180 famílias, há mais de 80 anos, nunca tiveram acesso à água potável. Essas quatro comunidades pertencem a Zona Rural no município de Assu, Região do Vale do Açu, localizada a aproximadamente 207 km da capital Potiguar, Natal.

Há mais de 16 anos, foi instalada uma rede que passa na frente das casas dessas famílias, foi construído o reservatório, mas em 2016, faltando cerca de 500 metros para finalizar, a obra foi parada e de lá para cá, nunca foi retomada.

No mês de julho de 2025, uma reunião aconteceu no escritório da Caern de Assú, com uma comissão de moradores dessas comunidades, a Secretária de Obras do Município de Assú, Jhéssica Marques, que estava representando o Prefeito de Assú, Lula Soares e também o Gerente da Regional de Assú, Heriédson Freitas. Na ocasião as comunidades entregaram um documento solicitando a Caern a análise da água e também solicitaram a recuperação da estrutura de redes e reservatórios de água, porém os moradores ainda não tiveram respostas.

Nossa equipe de reportagem foi até essas comunidades, saber como essas famílias estão vivendo e as dificuldades que estão passando. Conversamos com Marineide Galdinho, que desabafou: “É uma realidade muito triste aqui na comunidade, porque é uma comunidade que faz anos que vem sofrendo com a falta d’água, é triste, é bicho morrendo, é bicho com sede, a cisterna seca e a gente quando quer uma água, a gente compra uma pipa d’água. E eu faço aqui um apelo à prefeitura, junto com a Caern, pra que venha solucionar esse problema que a gente vem convivendo a mais de 70 anos. A dificuldade é grande mesmo, porque a gente sem comida pode viver uns dias, mas sem água não.”

Um dos moradores das comunidades, Jemim do Trapiar, falou que viver ali é coisa de guerreiro: “Viver aqui é diferente, porque é coisa de guerreiro, não são todos que conseguem viver numa comunidade sem água. Aqui a gente é escravo das questões municipais que não ajeitam essa questão de água pra gente. A gente teve essa obra, que está tudo encanado, só falta o que pra concluir e colocar água pra gente? É obrigado a gente ficar com sede por falta de empatia. Aqui de vez em quando é que chega um caminhão pipa, mas não precisamos de caminhão pipa, precisamos da nossa água encanada!”

O Sr. Basílio, com 89 anos, ainda está esperando água: “Eu nasci em 1936, vi muito o sofrimento do meu pai, do povo todo aqui e hoje eu tô nessa idade e continuo sofrendo por conta da falta d’água. A gente aqui se “animemo” muito quando veio essa encanação pra cá, pensando que ia ser uma coisa certa, né, mas ficou tudo mal encaminhado. A gente pede uma pipa d’água pra prefeitura, é um mês ou dois meses pra vir. Então a gente espera que um dia vá melhorar, eu tenho a fé que nos poucos anos que Deus tem pra me dar, eu ter o gosto de abrir a torneira e ver água cair.”

Assim como esses três moradores, vivem as demais pessoas que moram nessas comunidades, sem acesso a esse líquido tão precioso, a água. Sem poder plantar, sem poder criar animais, muitas vezes, sem poder saciar a sede. Dependendo de carro pipa, que demora em torno de dois meses para chegar, ou se deslocam para outras comunidades, para comprar água potável.

Na manhã desta segunda-feira, 18/08/2025, buscamos uma resposta junto com a CAERN. Em nota a CAERN nos respondeu que “Em 2020, entrou em vigor o Marco Regulatório do Saneamento, que previu a instituição da regionalização do saneamento básico para fins de atendimento as metas de universalização do atendimento e cobertura de abastecimento de água e esgotamento sanitário. No Rio Grande do Norte por meio de Lei Complementar 682 de 2021, os municípios foram divididos em duas Microrregiões: a Central-Oeste e a Litoral-Seridó.

A área de abrangência dos serviços da CAERN no município de Assu foi estabelecida através do Contrato de Concessão atualizado pela Microrregião Central-Oeste, que exerce a titularidade dos serviços conforme Lei Complementar 682 de 15 de Julho de 2021. Deste modo, para que haja alteração na área abrangência, abarcando novas áreas do município aos serviços da Companhia, se faz necessário que o município oficialize à Microrregião.

Levada a demanda para a Microrregião será avaliado junto a CAERN a viabilidade técnica e econômico-financeira, que necessitará de aprovação do colegiado que reúne as prefeituras e o Governo do Estado, para sua efetiva inclusão ao contrato do município.”

Buscamos também uma resposta da Prefeitura de Assu, que até o fechamento desta matéria, não respondeu. E, buscamos também uma resposta com o vereador sr. Junior Trapia, que também não respondeu para a nossa equipe de reportagens.

Reportagem e imagens: Lisa Gomes e Pedrina Oliveira

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