Na manhã deste sábado (27), um dos grandes mestres da poesia popular nordestina recebeu em sua casa, no bairro Belo Horizonte, em Mossoró, um reconhecimento que vai muito além das palavras: a visita da governadora Fátima Bezerra ao poeta Antônio Francisco simboliza a valorização concreta da cultura como elemento essencial da identidade do Rio Grande do Norte.
Desde 2021, Antônio Francisco carrega oficialmente o título de Patrimônio Vivo da Cultura Potiguar (RPV), lei de autoria do então deputado estadual Fernando Mineiro, concedido pelo Governo do Estado, por meio da Fundação José Augusto. Mais que um reconhecimento formal, o título é um marco que celebra a importância da sua obra para a preservação da memória, da linguagem e da sensibilidade nordestinas.
Autor de obras como “Por Motivos Diversos” e “Dez Cordéis num Só”, o poeta é um cronista do cotidiano e um guardião da oralidade sertaneja. Seus versos, simples e profundos, carregam a sabedoria do povo, a resistência da cultura popular e o encantamento da tradição do cordel — herança que transforma em arte, em crítica e afeto.
Durante a visita, a governadora destacou que o poeta mossoroense é mais do que um artista: é um símbolo da alma do povo nordestino. “Sou uma professora que acredita profundamente no poder transformador da cultura e da educação. E, como governadora, reafirmo que essa não é apenas uma homenagem simbólica: a obra de Antônio Francisco já está presente nas escolas da nossa Rede Pública Estadual, contribuindo com conteúdo cultural valioso na formação dos nossos jovens. Ele é o nosso Patativa do Assaré potiguar. Um mestre da palavra que encarna, em seus versos, a alma do povo nordestino. Hoje, em nome do povo do Rio Grande do Norte, celebramos não apenas um poeta, mas um patrimônio vivo da nossa história e identidade.”
A visita contou também com a presença de nomes importantes do cenário cultural e educacional do estado, como a reitora da UERN, Cicília Maia, que lembrou: “Não há cidadania plena sem cultura. Esta visita representa um gesto que valoriza a cultura como prioridade do poder público”.
Um dos momentos mais emocionantes do encontro foi protagonizado por Segundo Neto, neto do poeta, que aos 16 anos declamou uma poesia em homenagem ao avô — prova viva de que a arte de Antônio Francisco ultrapassa gerações e segue ecoando nas vozes mais jovens.
Antônio Francisco segue sendo o poeta do povo, o mestre do verso rimado, o guardião da cultura potiguar. Seu reconhecimento como Patrimônio Vivo é não apenas merecido, mas necessário: é através da sua arte que o Rio Grande do Norte preserva e reafirma sua identidade.
Além da governadora e da reitora da UERN, também estiveram presentes autoridades como a secretária de Educação, Socorro Batista; o secretário da Fazenda, Cadu Xavier; a secretária de Cultura, Mary Land Brito; o diretor da Fundação José Augusto, Gilson Matias; a deputada estadual Isolda Dantas; e a representante do BNB em Mossoró, Mical Martins.
O poeta
Antônio Francisco, nascido em 21 de outubro de 1949, em Mossoró é um dos mais destacados nomes da literatura de cordel contemporânea. Antes de mergulhar na literatura foi ciclista viajante por todo o Nordeste, além de atuar como historiador formado pela UERN, xilógrafo, compositor e artesão de placas de carro.
Aos 46 anos iniciou sua carreira literária, com o poema “Meu Sonho”, obra marcada por influências impressionistas e surrealistas. Sua poesia, reconhecida pela musicalidade e originalidade, o levou à Academia Brasileira de Literatura de Cordel, onde ocupa desde 2006 a cadeira 15, anteriormente dedicada a Patativa do Assaré. Sua obra é referência na nova geração de poetas cordelistas nacionais.