A bancada federal potiguar e a privatização dos Correios

por Ugmar Nogueira
A+A-
Reiniciar

Com manipulação de dados, desinformação e mentiras, o governo Bolsonaro tem empreendido esforços na tentativa de entregar ao capital estrangeiro uma das empresas mais lucrativas e estratégicas do país:  os Correios.  Superavitária, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) é muito importante não apenas por dar lucro. Ela cumpre missão imprescindível definida pela Constituição Federal (CF).

Ao contrário do que diz o governo, os Correios são lucrativos, tendo registrado saldo positivo de mais de R$ 100 milhões em 2020. Embora a empresa não detenha o monopólio do setor mais atrativo do mercado, como o de entrega de encomendas, Bolsonaro quer privatizá-la. Mesmo que o Ministério Público Federal tenha emitido parecer em contrário.

A privatização prejudica a todos. Aos seus cerca de 100 mil trabalhadores, que perderão seus empregos em caso de venda da empresa. À população, com o aumento nos preços dos serviços. E à economia do país, especialmente dos municípios onde a empresa está presente, mesmo de forma não lucrativa, mas garantindo imprescindível função social.

A presença dos Correios nas cidades em que a empresa não aufere lucro é garantida pela Constituição Federal, que estabelece em seu artigo 21 a obrigatoriedade de a União manter o serviço postal e o correio aéreo nacional.

Atualmente, a atuação dos Correios só é rentável em apenas 350 municípios, embora ele atue em 5.520 cidades brasileiras. “Por meio de subsídio cruzado, devido ao monopólio que ela detém, é que se torna viável a empresa atuar em todo o Brasil, e ainda gerar lucro, apesar de a EBCT não ter fins lucrativos, pois seu objetivo é garantir a universalização dos serviços postais prevista na Constituição”, relata Jaedson Alves, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios, Telégrafos e Similares do Estado do Rio Grande do Norte (Sintect/RN) em Mossoró.

Em grande parte dessas 5.220 cidades, a agência dos Correios é também correspondente bancário e órgão emissor de documentos, como CPF. Em 60% dos municípios brasileiros, a EBCT é a única representante da União.

“Defender os Correios como empresa estatal é garantir que ela continue sendo importante para essas cidades, contribuindo para o seu desenvolvimento e, principalmente, garantindo a sobrevivência, e a dignidade de milhares de famílias”, argumenta Alexsandro Gomes, também da direção do SINTECT/RN.

No Rio Grande do Norte, há cerca de 200 agências dos Correios, com a empresa estando presente em todos os 167 municípios, e gerando 1.200 empregos. Apesar dessa importância, nem todos os membros da bancada potiguar no Congresso Nacional tem agido para evitar que a empresa seja privatizada. Aliás, alguns tem fortalecido o discurso mentiroso do governo para que a empresa seja vendida.

Importante destacar que o condutor do processo que pode culminar com o desmonte dos Correios é o deputado potiguar licenciado Fábio Faria (PSD). Ministro das Comunicações, Faria não tem economizado em mentiras e desinformação para passar à sociedade a falsa ideia de que somente a privatização salva os Correios. Mesmo que a empresa não esteja à beira de nenhum colapso: administrativo e/ou financeiro.

Dos 11 representantes do Estado no Congresso, quem tem tido atuação mais incisiva para impedir que a empresa seja vendida é o senador Jean (PT). Além de lutar para que os Correios sigam estatizados, ele votará contra a proposta quando e se ela for à votação, tanto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) quanto em plenário.

A também senadora potiguar Zenaide Maia (PROS/RN) já se manifestou publicamente que vai votar contra. O nosso terceiro representante naquela Casa, Styvenson Valentim (Podemos), se diz ainda indeciso.

Na Câmara Federal, onde o projeto foi aprovado em agosto, votaram pela privatização e contra o Brasil e os trabalhadores os deputados Beto Rosado (PP), General Girão (PSL), Walter Alves (MDB) e João Maia (PL).

Apenas Natália Bonavides (PT) e Rafael Motta (PSB) foram contra. Benes Leocádio (Republicanos) e Carla Dickson (PROS) não apareceram pra votar.

 

Correios em números:

Faturamento: R$ 19  bilhões

Lucro: R$ 102,1 milhões

Total de funcionários: 100 mil

 

Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com

 

Publicidade

Postagens relacionadas

Deixe um comentário

* Ao usar este formulário, você concorda com o armazenamento e o manuseio dos seus dados por este site.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Assumiremos que você está ok com isso, mas você pode optar por não participar se desejar. Aceitar Leia mais