Por Isolda Dantas
O dia 21 de setembro já está marcado na nossa história recente como o dia em que o povo brasileiro ocupou as ruas para enfrentar os desmandos do Congresso. Ontem, manifestantes de pelo menos 100 cidades no Brasil, incluindo todas as capitais, foram às ruas para afirmar a soberania da nossa democracia contra todos aqueles que tentam atacá-la, independentemente de onde estejam. Os atos de ontem, com participação ativa de milhares de pessoas, partidos e lideranças políticas, artistas e movimentos sociais, foram, antes de tudo, uma afirmação simbólica da democracia e um lembrete de que o poder político emana do povo.
Num momento em que setores do Congresso insistem em blindar a si mesmos da justiça com a PEC da Blindagem e saírem impunes de tentativas de golpe com a lei da anistia, a presença popular nas ruas cumpriu um papel essencial: reocupar o espaço público como território de disputa. Tem uma frase que utilizamos em uma de nossas campanhas que diz: “Quando o povo se junta o poder se espalha” e foi assim, como uma ventania de esperança espalhada, que vimos uma mobilização que não víamos desde 2018, quando, principalmente, nós mulheres já dizíamos #EleNão.
Neste dia 21 participamos do ato em Natal pela manhã, com cerca de 20 mil pessoas, e em Mossoró no final da tarde, com mais de 1.200. Por aqui, o tamanho da mobilização reflete a revolta que tivemos ao ver os resultados da votação da PEC da Blindagem. 6 dos 8 deputados federais do RN, 75% dos nossos representantes na Câmara Federal, votaram a favor da impunidade parlamentar. Apenas Natália Bonavides e Fernando Mineiro honraram a democracia e votaram contra o escudo da impunidade. A postura da maioria da bancada potiguar é vergonhosa! Em vez de representar o povo, optaram por legislar em causa própria, tentando se colocar acima da lei. Deputado não está acima da lei e não deve legislar para se proteger, mas para proteger o povo. Esse voto ficará marcado na memória do povo do RN como um divisor entre aqueles que defendem a justiça e aqueles que a traem.
Essa luta, no entanto, não é apenas contra a PEC da Blindagem. É também contra um sistema que insiste em explorar a classe trabalhadora com jornadas exaustivas como a escala 6×1, que rouba o tempo de viver e de estar com a família, e contra a concentração de riqueza que impede o país de avançar. A taxação das grandes fortunas é uma pauta urgente e necessária para que os super-ricos contribuam de verdade com o Brasil, enquanto trabalhadoras e trabalhadores seguem pagando a conta sozinhos. É crucial que a democracia que defendemos também seja guiada pelo direito do povo de viver com dignidade.
O valor desses protestos não está apenas em sua dimensão imediata, mas no que eles projetam. Na certeza de que o povo brasileiro não aceita passivamente a captura do Estado por interesses de quem defende a impunidade. Cada cartaz, grito, bandeiras e braços erguidos, reafirmaram que democracia não se limita ao voto. Ela se alimenta de mobilização, de organização e de esperançar. A ofensiva da extrema direita pelo Congresso quer golpear nossa democracia, mas a partir do que vimos ontem nas ruas podemos dizer que nossa democracia nunca esteve tão viva.
O recado foi dado! Enquanto as elites tentam se blindar, o povo se move, ocupa e resiste. E é essa energia que manterá viva a chama construção de um mundo mais igualitário, em que a classe trabalhadora tenha o direito do bem viver em Mossoró, no Rio Grande do Norte, no Brasil e no mundo! E eu ‘tô’ pronta, preparada e querendo para continuar essa luta. Sigamos!
