A principal missão que a maioria dos secretários de Allyson terá

por Ugmar Nogueira
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O prefeito Allyson Bezerra (UB) se vale da elevada popularidade para continuar exercendo um governo no qual apenas ele tem o poder de mando. E, principalmente, de desmando, como tem sido a marca de sua gestão.

Com forte marketing pessoal que faz as pessoas crerem apenas no que ele diz – principalmente porque poucos órgãos de imprensa da cidade denunciam suas suspeitas de irregularidades, ilegalidades e arbitrariedades, o prefeito tem terreno fértil para suas tiranias.

Assim, seu governo centralizador se resume ao que ele faz como gestor e ao que sua assessoria jurídica revela o que ele pode fazer sem que a lei o alcance, embora muitas vezes isso aconteça e, por várias razões, ele ainda não pagou o preço por infringi-la.

Em nome também do seu projeto de poder – cujo próximo passo é tentar se eleger governador -, Allyson transforma a gestão municipal em um “Deus-nos-acuda”, no qual grande parte dos membros do seu secretariado não tenha perfil ou experiência para gerir a pasta para o qual foi anunciado.

Allyson trocou o experiente Marcos Antônio Oliveira por Leonardo Dantas, futuro secretário de Educação. Embora professor, Leonardo não tem nenhuma experiência em gestão pública para comandar uma secretaria tão importante, com o segundo maior orçamento da segunda maior prefeitura do Estado.

Na Saúde, o engenheiro Almir Mariano foi o escolhido. Mesmo sem nenhuma afinidade com a área. Sem nunca sequer ter aplicado uma injeção. Vai precisar de muito ânimo para suportar os desgastes que os pepinos da área tem. Talvez essa seja a mais importante – e quem sabe – a única coisa que fará por lá.

A Secretaria Municipal de Cultura será tocada pela jornalista Janaína Holanda, que entende de cultura o mesmo que Allyson entende de física quântica.

O futuro secretário de Comunicação, Wilson Fernandes Júnior, foi alçado ao cargo por sua “competência para formar chapas” para a disputa das vagas da Câmara Municipal. Não há informações sobre um projeto na área da comunicação que tenha sido tocado por Wilson Fernandes que o credencie ao cargo. Não se sabe sequer se ele sabe construir um lead ou fazer uma locução em carro de som de propaganda de rua. Fernandes vai substituir a jornalista Valéria Persali que -, registre-se – não tinha autonomia para atender a uma ligação de um colega jornalista.

Pelos bastidores do Palácio da Resistência, os comentários são de que o prefeito não está preocupado com qualquer traço de competência desses auxiliares para desempenhar as funções para os quais serão/são/estão sendo nomeados. “Se souberem assinar o nome já está bom”, brinca uma fonte, dando a entender que poucos – ou nenhum – terão autonomia para fazer qualquer coisa que não seja colocar a assinatura onde Allyson mandar. Já teve auxiliar que foi mandado embora porque se recusou a tanto.

Evidências nesse sentido aumentam quando se observa quem o prefeito está descartando ou quer descartar.

O professor Francisco Carlos, por exemplo, é um nome forte para a Educação. Por enquanto, está descartado pelo simples fato de exigir montar sua equipe. Trocando em miúdos: de assumir a função com autonomia. Como essa exigência é um pecado mortal aos olhos de Allyson, o prefeito já tratou de arrumar alguém para ir “pastorando” a pasta.

Allyson também busca um jeito de descartar o jurista Paulo Linhares (presidente do Previ Mossoró, instituto de previdência dos servidores da prefeitura). O prefeito tem evitado esbarrar em Paulo e até se recusado a recebê-lo na esperança de que o experiente jurista se sinta desprestigiado e peça para sair.

Engana-se, porém, quem pensa que Allyson mantém Paulo no cargo por qualquer traço de gratidão (embora o advogado tenha tido papel importantíssimo na primeira vitória do prefeito).

A recusa de Allyson em descartar Paulo – pelo menos por enquanto – residiria no fato de o jurista saber muito sobre a condição das finanças da prefeitura de Mossoró, e de como – e onde – o prefeito tem conseguido recursos para completar a folha de pagamento nesses tempos pós-eleições, onde a verba pública míngua. Por razões que o eleitor/leitor já se acostumou a saber. Além disso, nos seus primeiros quatro anos, Allyson deixou claro que não tem muito zelo pelo dinheiro do contribuinte.

Ilustração: Getty Images

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