O Governo Federal divulgou nesta quinta-feira, 12/1, dados referentes aos gastos do cartão corporativo. As informações se referem ao período de 2003 a 2022, o que afasta a hipótese de revanchismo comumente utilizada por bolsonaristas sempre que uma ação do atual governo atinge os atos ilegais e/ou imorais do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Foram revelados apenas os gastos que não são protegidos por sigilo legal. Pela Lei de Acesso à Informação, os dados que coloquem em risco o presidente e vice-presidente, incluindo cônjuges e familiares, deve ser mantido sob sigilo até o término do mandato. Dessa forma, cai por terra a narrativa bolsonarista de que a decisão do governo Lula de tornar público os dados seja “um tiro no pé”.

Na prática, o que incomoda aos bolsonaristas é que parece não haver justificativa para alguns gastos exorbitantes feitos por Bolsonaro. Para se ter uma ideia de como o governo Bolsonaro praticou excessos, basta citar que foram gastos R$ 626,3 na lanchonete Tony & Thais, na zona sul de São Paulo, entre 2019 e 2022. Apenas no dia 15 de abril do ano passado, foram gastos R$ 62,2 mil.

Bolsonaro tinha uma predileção muito forte por gastar dinheiro em excesso com hospedagem. Em padarias, ele também não tinha pena de gastar o dinheiro do contribuinte. Em Mossoró, por exemplo, onde não ficou em hotel, o ex-presidente gastou R$ 23.638,00. Também chama a atenção que Bolsonaro tenha gasto, em padarias do Rio Grande do Norte, em apenas um dia mais de R$ 70 mil reais.

Nos 4 anos em que esteve à frente da Presidência da República, Bolsonaro gastou mais de R$ 27 milhões. Em valores atuais, mais de R$ 32.6 milhões. A maior parte do dinheiro, 40%, foi gasta em hospedagem. Somente nas viagens que fez ao Guarujá, litoral paulista, Bolsonaro gastou R$ 1,4 milhão em hospedagem.

Há muitos outros gastos elevados – e estranhos. Em alguns gastos, pelo valor empregado, Bolsonaro e sua equipe presidencial teriam comido 5 mil pãezinhos e 450 quentinhas por dia. Num restaurante beira de estrada, em Boa Vista (RR), Bolsonaro gastou em apenas um dia 109 mil reais. Nesse local, a quentinha custa em média R$ 20 reais. Em alguns casos, Bolsonaro fez gastos no cartão corporativo em uma cidade enquanto a agenda dele, na oportunidade acontecia em outra totalmente diferente. Gastos com sorvete e cosméticos, pelo valor elevado empregado, também causam espanto.

A liberação, agora, dessas informações, atende à legislação e à determinações do Tribunal de Contas da União (TCU). Antes da gestão de Bolsonaro, esses gastos eram divulgados rotineiramente pelos presidentes que o antecederam. Além de negar a colocar as informações no Portal da Transparência, Bolsonaro colocou, indevidamente, sigilo de 100 anos sobre esses dados.

Os exageros revelados com a divulgação mostram porque a preocupação de Bolsonaro em colocar o sigilo. Investigações, no entanto, vão apontar como foi possível gastar tanto em alguns itens e locais em tão pouco tempo. Numa padaria, no Rio de Janeiro, por exemplo, o ex-presidente gastou R$ 55 mil apenas no dia 26 de maio de 2019.

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