Ugmar Nogueira
Allyson Bezerra (União Brasil) está acuado. Sabe o que está fazendo. E com quem está negociando. E sabe que quase todo mundo sabe disso. Ele sentiu o baque do noticiário dando conta daquilo que pode ser o maior escândalo de corrupção do Rio Grande do Norte.
Midiático, manipulador e detentor de grande número de seguidores em suas redes sociais, o prefeito postou hoje um vídeo fazendo aquilo que sabe fazer melhor: se vitimizando.
Allyson faz chantagem emocional com os mossoroenses, usa o nome de Deus e ainda tenta tirar carta de seguro. Sabe tanto que as denúncias de corrupção são graves que avisa que “as perseguições vão continuar”. O prefeito percebeu que não foi competente em “estancar a sangria”. O assunto ganhou as ruas e não é fácil trazê-lo de volta porque o vento da liberdade ainda sopra em Mossoró.
O problema do sabido é achar que só ele é esperto. Allyson sabe que as investigações terão desdobramentos porque são substanciais, contundentes. E, claro, cumprindo o seu papel de olho do povo, os órgãos de imprensa que não são pautadas pelo Palácio da Resistência seguirão noticiando. É isso que Allyson chama de perseguição.
Mas chama a atenção que em nenhum momento Allyson dê qualquer explicação sobre o que de fato está sendo acusado. Não cita Francisco Erinaldo (que o denunciou), não fez referência a Eudócio Mota (que seria o operador do seu esquema) e sequer negou que tenha cobrado propina de quem quer que seja.
O vídeo de Allyson parece uma confissão de culpa porque traz um silêncio cúmplice sobre o que o fez publicá-lo.
Mesmo com todo o prestígio que tem com seus seguidores, Allyson não tirou proveito disso para reafirmar sua honestidade. Para dizer porque as denúncias surgiram. Para se explicar para o povo. Porque é do povo o dinheiro que parece estar sendo mal administrado por Allyson. Que parece estar sendo usado de forma errada. Aplicado em atos nada republicanos.
Em nenhum momento, registre-se, Allyson diz que é inocente. Em momento algum revela que as denúncias são infundadas. Em tempo algum afirma que não conhece os personagens envolvidos na trama denunciada ao Ministério Público.
Sem se referir de fato ao que interessa – a investigação que agora está sob responsabilidade da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) -, Allyson quer fazer crer que ninguém tem conhecimento de que o que ele quer é não dar explicações sobre suspeitas de corrupção em sua gestão. Inclusive tendo ele como personagem central (daí o processo ter ido para a esfera da Justiça Federal).
O vídeo e a postura de Allyson são tão previsíveis que até mesmo o chapéu de couro o prefeito voltou a usar. Há tempos que Allyson tinha abandonado o adereço. Talvez porque achasse que não tinha mais necessidade de “vestir” o figurino do pobrezinho.
Também é importante analisar a feição e o olhar de Allyson no vídeo (uma excelente peça de marketing, diga-se de passagem). Allyson demonstra querer chorar. Não de emoção. O que o prefeito deixou transparecer é que está com medo. Não é de perseguição. Que ele não está sofrendo. Mas do que ele está fazendo. E principalmente porque todo mundo sabe do que ele está sendo acusado. E que ele faz questão de não querer se defender.
O vídeo tem como objetivo apenas servir de cortina de fumaça. Ficar dias circulando em grupos de zap e em redes sociais. Tentativa para abafar o noticiário. Quem segue fazendo jornalismo de forma independente continuará falando sobre o assunto. Allyson chore ou não.
2 comentários
Ele devia ter vergonha de usar o nome de Deus, pois não se serve a dois senhores e o Todo Poderoso o conhece e a Ele não se engana. Em jejum e oração, esperando o agir de Deus.
O prefeito está em evidência,mas os vereadores têm tudo para abrir o jogo q cada vez mais chegando a hora de a ser esclarecido,Nós q temos o direito de receber o piso salarial e os funcionários fa saúde também, e somente ver o que fé ruim acontecendo em nossa cidade. Cuida justiça!