* Márcio Alexandre
A morte não bate à porta. Ela entra sem pedir licença. Por saber que sabemos que ela é certa, a morte não contemporiza. Não suaviza. Ela chega de repente. De aluvião. Faz o que acha que precisa. E fica. Sem pedir desculpas. Sem sentir remorso. Cumpre seu papel e se satisfaz.
A morte é uma certeza impiedosa porque não manda mensageiro, não prepara terreno, não ensaia anúncio. Ela vem. Não aceita perder a viagem. Não tolera esperar. A sua espera é a vida que se prolongou até a sua chegada.
A morte é uma sentença certa na certeza de que todos a receberão. Por decreto. Por decisão. Nunca por vontade nossa, por mais que às vezes há quem pense que fez o que a morte faria. A morte não terceiriza sua missão. A morte é a certeza no meio de tantas coisas incertas. Levando os que estão juntos ou separados. Sozinhos ou acompanhados. Mas cumpre seu mister dando a todos e a cada um na medida do que necessita.
Poucas coisas confortam uma perda. O amor é uma delas. Sentido, expressado, oferecido, dado, vivido, multiplicado. Amado. O amor dado vai com quem morreu e se eterniza com quem ficou.
Amar é uma urgência. Não dá para deixar para depois. Não dá para esperar a melhor hora. É ele quem faz a hora melhorar. Para que não fique o vazio da indiferença. Para que fique a dor, mas não persista o remorso.
Amor cura. Mas tem que ser dado agora. Amar na vida para não sentir falta na morte. Quando o Amor não domina, a dor faz morada.
(A Célia Maria dos Santos Pereira. Com amor)
* Professor e jornalista

2 comentários
Texto maravilhoso. Parabéns ao autor! Irei aplicar para a minha vida 😍😓😭
Muito lindo 😍😔
Parabéns pelo texto 😞🙌🏼