Ugmar Nogueira
O Mossoró Cidade Junina começou, de forma brilhante, no último sábado, com uma grandiosa edição do Pingo da Mei Dia. Sucesso de público e de crítica. Boa organização, segurança funcionando, estrutura adequada.
Apesar do sucesso, o evento caminha para ser lembrado como o Mossoró Cidade Junina da exclusão. A denúncia de professores de que a prefeitura os impediu de participar do Camarote da Educação já foi um sinalizador. Mas há outras questões que apontam nesse caminho.
A atual gestão municipal, pelos fatos que a seguir serão relatados, parece demonstrar pouco apreço pelos artistas locais, e sua postura em relação a muitos deles revela tentativa – e às vezes confirmação – de exclusão.
A cantora Dayanne Nunes, o poeta Nildo da Pedra Branca e o Trio Mossoró estão denunciando que, apesar de terem seus projetos habilitados no edital para se apresentar no Mossoró Cidade Junina, seus nomes foram excluídos da programação
“Ficamos fora do Mossoró Cidade Junina depois de 9 anos de história o misturando as poesias. O projeto foi habilitado através do edital, mesmo ficamos de fora. Os gestores desse ano tiveram mais força que a nossa poesia”, denuncia o poeta e cordelista Nildo da Pedra Branca.
A cantora Dayanne Nunes fez uma postagem em suas redes sociais comentando sua exclusão.
“16 anos que dedico minha carreira à cena artística de Mossoró, com muito orgulho dos caminhos que trilho. Segundo ano que não terá show de Dayanne Nunes na Cidadela – Mossoró Cidade Junina. Obs.: Saiu ontem no Jornal Oficial de Mossoró que toda minha documentação (jurídica, artística e financeira) estava habilitada para participar. Porém, entretanto, todavia…
Obs.2: Tem artista com 3 (eu disse três) datas de show no mesmo evento, pago com o mesmo dinheiro. Parabenizo os colegas mossoroenses contemplados com a contratação. Estarei aplaudindo, com orgulho, cada um”, escreveu.
“O reconhecimento que acabamos de receber de nossa cidade é que tiraram Carlos André e Trio Mossoró do Cidade Junina. Não somos nomes e nada representamos para nossa cidade, foi o que fiquei sabendo. É mais uma decepção que recebo dos gestores de nossa Cidade, mas espero que nunca lembrem-se do meu nome e do trio Mossoró, 64 anos levando o nome né nossa cidade, e estão tentando jogar no lixo a história de 64 do Trio Mossoró. Agradeço a esse excelente reconhecimento. Eu falando com uma senhora funcionária da Secretaria de Cultura, procurei saber dela que eu tinha visto que o Trio Mossoró estava habilitado, e ela me respondeu que não era porque o Trio estava habilitado que tinha que ser contratado, o que eu quero mais. Adeus minha querida Mossoró. É o que querem, é como diz o ditado, os incomodados que se retirem. É o que estão dizendo com Trio Mossoró e Carlos André. Obrigado realmente é esse reconhecimento que merecemos. DEUS É POR TODOS NÓS 🙏”, desabafou Gilberto Loia.
A prefeitura de Mossoró “já tinha esquecido” de um dos mais importantes nomes da cultura local, o cantor Bartô Galeno. Após pressão da população, nas redes sociais e nas ruas (inclusive com ato em frente a prefeitura), a gestão decidiu reparar a injustiça.
Sobre os demais artistas, procurada pelo Blog Na Boca da Noite, a prefeitura de Mossoró afirmou, por meio da assessoria, que eles estão habilitados para tocar em eventos do município, por até um ano, mas que essa habilitação não obriga o município a colocá-los na programação do MCJ.
“Os artistas foram habilitados para tocar em eventos do município por até um ano, não necessariamente apenas no MCJ. A programação do MCJ está completa. Nem todos que estão habilitados tocarão no MCJ mas estão aptos a tocar em outros eventos do município também”, revelou a assessoria do município.
Além de excluir os artistas, a prefeitura também excluiu o apoio do Governo do Estado ao evento. A gestão municipal não colocou um único logotipo do Executivo estadual nos locais onde acontecem/acontecerão as atividades do MCJ, e sequer fez menção ao apoio na nota de agradecimento postada nas redes sociais do município.
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