Ugmar Nogueira
Começa hoje, o Festival Mossoró Sal e Luz. No dizer do órgão organizador, a prefeitura municipal, trata-se do maior evento gospel do Rio Grande do Norte. O festival, que já tinha o indisfarçável objetivo de promover a religião do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) transformou-se, por desejo e projeto político do gestor, no maior evento de doutrinação religiosa do Estado. Só há um detalhe a que quase ninguém está se dando conta: bancado com dinheiro público.
O Sal e Luz, que começou com dois dias de duração e todo mundo achou normal, apesar da inegável afronta à Constituição Federal, foi ampliado. Esse ano, serão cinco dias. E em dois finais de semana diferentes.
Mas, mais do que o aumento no número de dias, chama a atenção o investimento público feito no evento pelo prefeito Allyson Bezerra. Somente com as “atrações nacionais”, serão R$ 2,7 milhões pagos em cachê. Somente se a isso os gastos com estrutura, logística e atrações locais.
A doutrinação religiosa, que já ocorria no palco, também será ampliada. Foi criado um polo específico para isso, além de uma programação de pregações.
Cinco pastores se revezarão, durante dois sábados, no Teatro Dix-huit Rosado, em “palestras” sobre temas como “Suficiência em Cristo”, “Sal e luz é o que somos” e “Homens de honra”. Como se percebe dos temas, nada mais nada menos do que pregações religiosas feitas a partir da percepção da religião seguida pelo prefeito.
Não se sabe se os pastores farão as pregações gratuitamente, ou se o pagamento está incluso em algum dos gastos que a prefeitura está tendo com o evento, ou ainda se é pagamento cruzado. Um dos palestrantes, Wendel Miranda, é filho de um presidente da Igreja Assembleia de Deus, inclusive ocupa cargo na gestão municipal, e é apresentado pelo município como um dos organizadores do Sal e Luz.
A gestão já está fazendo os pagamentos dos artistas contratados, mas para dificultar qualquer fiscalização ou levantamento, os extratos de contrato e de pagamentos são publicados em diferentes edições do Diário Oficial do Município (DOM).
