Não é uma regra, mas em geral candidatos a cargos Executivos quando estão em exercício do mandato e tentam a reeleição, não vão a debates. Eles só tendem a comparecer a esses eventos quando fazem péssimas gestões, estão mal avaliados e estão muito mal nas pesquisas. Nessas (más) condições, acreditam que não tem nada a perder e decidem participar.

Mossoró tem um exemplo clássico disso. A ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PP) quase nunca participou de debates. Nas eleições passadas, mesmo a despeito de ainda estar em primeiro nas pesquisas, decidiu ir.

Com uma gestão reprovada pela maioria da população, e sabendo que grande parte do eleitor não a queria mais, imaginou que indo ao debate reafirmaria sua condição de primeira colocada: calculou mal. Além disso, deu mote para que o então candidato Allyson Bezerra (Solidariedade) que fazia pesquisa de indução de votos, se aproveitasse de um erro dela. O resultado (e suas consequências) Mossoró toda conhece.

O presidente Bolsonaro faz uma péssima gestão. Seu governo é um dos mais desaprovados da história. Ainda aparece em segundo lugar na pesquisa por algumas condições específicas: dividiu o país e fidelizou a parte radical do eleitorado; uma outra parte vota nele porque votaria em qualquer candidato de sua preferência religiosa; e por fim deu uma melhorada nas pesquisa ao furar o teto de gastos para tornar eleitoreiro o mais importante programa de distribuição de renda do país.

Bolsonaro sabia que não tinha nada a perder porque tudo já está perdido pra ele. E, portanto, foi para o debate. Não apresentou propostas, porque não as tem. Não respeitou ninguém, porque não é de sua natureza. Não debateu porque não tem condições para tanto.

O atual presidente fez o que sempre soube fazer: atacar e mentir. E nessas ações afirmou que é mentiroso, machista, misógino e, pasmem, medroso.

Bolsonaro mentiu compulsivamente no Debate. Não só ao dizer que a inflação do Brasil é uma das menores do mundo; ao afirmar que o país recebe atualmente investimentos estrangeiros em números recorde; ao garantir que a Petrobras teve nível exagerado de endividamento; ao afirmar que sancionou mais de 60 leis em favor das mulheres.

Mas, mentiu muito mesmo ao dizer que garantiu auxílio financeiro de R$ 600 e que PT e a esquerda foram contra. Bolsonaro, qualquer pessoa que não esteja sob efeito de ódio ou de psicotrópicos sabe que ele não queria aumentar para R$ 400,00. Foi o Congresso quem definiu e aprovou o valor de R$ 400,00. E que o presidente só decidiu aumentar para R$ 600 agora às vésperas da eleição.

Tentou mentir para esconder o quanto seu governo espalhou a miséria pelo país, onde 33 milhões de pessoas passam fome, mas foi contido pelas evidências mostradas claramente pelos adversários. Principalmente por Ciro, a quem Bolsonaro se recusava a retrucar.

Bolsonaro reafirmou sua faceta machista ao classificar como “vitimismo” o clamor das mulheres por igualdade.

Já a misoginia, verdadeira aversão às mulheres, presente em quase todas as suas declarações, ficou ainda mais latente quando foi responder à pergunta da jornalista Vera Magalhães. Além de não ter o menor respeito pelas mulheres, de não suportá-las, Bolsonaro não suporta mesmo vê-las em posição de destaque. O presidente xingou a jornalista.

Ele também foi desrespeitoso com a senadora Simone Tebet (MDB), quando esta lhe fazia perguntas. Aliás, foi Tebet quem mais mostrou as contradições, os erros, os desrespeitos, a corrupção e as falhas do governo Bolsonaro.

A pulsão de Bolsonaro por armas deixava subliminar que ele seria medroso. O debate serviu para tirar essa dúvida. O presidente é realmente um medroso. Só fazia os maiores ataques aos oponentes quando, pelas regras do debate, não havia como os atacados rebater. Além disso, ficou evidente o quanto teme Ciro Gomes (PDT). Quase nunca rebateu os ataques de Ciro. E só era mais incisivo quando as perguntas mais incômodas eram feitas por mulheres.

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