• * Márcio Alexandre

“Tudo é absurdo, mas nada é chocante, porque todos se acostumam a tudo”. Essa magistral assertiva feita por Jean Jacques Rousseau, em 1761, no seu não menos magnífico livro “A Nova Heloísa”, segue atual e nos assombrando. Porque cada vez mais retratando o que acontece nos tempos de hoje. De forma prática e efetiva no cenário nacional.

Há um ano, criminosos, golpistas, carrascos, canalhas, calhordas, pulhas e facínoras invadiram as sedes dos três poderes, em Brasília (DF) e fizeram o maior quebra-quebra que se tem notícia na história desse país. Antes, tentaram explodir um caminhão de combustíveis. Iam matar inocentes para satisfazer a sanha golpista. Não conseguiram por pura incompetência porque parece que, além de criminosos, são desprovidos de inteligência. Aliás, se tivessem massa encefálica não estariam seguindo exemplo, fazendo ações e reproduzindo barbáries de alguém tão torpe, desprezível e igualmente criminoso, como o líder que tem.

A cada coisa nova que se descobre dos antecedentes ao 8 de janeiro de 2023 maior é o horror com o qual nos deparamos. E pior: maior é nossa letargia, nosso conformismo, nossa quase inércia em punir todos os envolvidos. Inclusive quem estimulou, financiou e foi o artífice de todo esse golpismo.

Uma grave constatação de que estamos nos acostumando com toda aquela barbárie: há um ano, 94% das pessoas pesquisadas pela Quaest condenaram os atos golpistas. Nesse ano, esse índice caiu para 89%. Essa redução revela que, além de estarmos relativizando o crime, a balbúrdia, a canalhice e o golpismo, a extrema-direita segue ganhando terreno. Mais: usando o crime, o racismo, a homofobia, a distopia, o desrespeito às leis e às instituições como instrumentos de convencimento.

Agora se sabe que, além de todos os crimes que cometeram em 8 de janeiro de 2023, também se pretendia, em praça pública, enforcar um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Só a revelação desse fato causa náusea. O planejamento de uma crueldade. Um crime horripilante.

Por isso, é preciso que todos os cidadãos de bom senso, todos os que ainda não estão tomados pelo ódio disseminado em púlpitos, repudiem todas essas barbáries. E que o sistema de persecução penal puna todos os envolvidos. Da menor à maior participação. Do planejamento à execução. Do financiamento ao estímulo. Sem a punição de todos, conforme prevê a lei, não tardará a que haja enforcamentos em praça pública. E não há nenhum exagero nessa afirmação. Exagero é querer anistiar criminosos tão perigosos, terroristas tão cruéis. Se acostumar com isso beira a insanidade.

  • * Professor e jornalista
  • Imagem: Brasil de Fato

One thought on “Nos acostumando com a barbárie

  1. E o pior de tudo é saber que tem gente que apoia esses terroristas manipulados por inimigos da classe trabalhadora e do povo que se acham “pessoas do bem” . Agora sim temos um homem do bem no poder e uns ministros que nos livrou da tragédia que poderia ter acontecido em nosso país.

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