* Márcio Alexandre
Há um e-mail para ser enviado. Pode ser depois, pensa o remetente.
Na máquina, uma roupa espera para ser posta no varal. Mais tarde, o sol vai estar mais forte, avalia o postergador.
Mais tarde estudo pra prova. Amanhã procuro aquele documento. Depois, faço aquela avaliação.
É muito natural que em alguns momento sejamos tentados a fazer, no futuro, a obrigação que nos espera no presente.
Não há problema em, vez ou outra, algo ficar para um momento posterior. Desde que não vire rotina. E, principalmente, para evitar que a postergação encontre seu inimigo fidalgal: o imprevisto.
Mais tarde, pode faltar energia. Daqui a pouco pode chover. Amanhã pode chegar uma visita.
Ao se deixar pra depois corre-se o risco de se carregar o peso do imponderável. E ele acontecer.
Talvez seja importante parar e pensar sobre isso. Só não dá pra deixar pra depois.
* Professor e jornalista
Ilustração: Getty Images
