* Márcio Alexandre

 

Ao descer do carro, sentiu um peso estranho “nas costas”. Andou uns três metros e não conseguiu mais ficar em pé. Sentou-se e sentiu-se aliviado.
O peso que incomodava da altura do pescoço até o cóccix agora era mais amena. Ao menos, não doía tanto quanto doeu assim que apareceu.
Um pequeno incômodo por um movimento brusco, pensou. Ficou pensando que ao levantar tudo teria voltado ao normal, como normalmente acontece nessas dores esporádicas.
Ao levantar, a constatação mais doída: ainda doía muito. O “bucho” parecia maior do que já era. Os “cambitos” mais finos do que de costume. A velhice minimiza o que tem força e agudiza o que faz sofrer, filosofou, na tentativa de não pensar no que fazia doer.
Foram pouco mais de 24 horas com a dor que fazia a hora passar devagar e se imaginar mais velho mais rápido. Lentamente tomava algumas precauções para não agravar o que não sabia que lhe estava agravando.

Ao pensar em como enganar o que incomodava chegou a uma pergunta incômoda: o que mais doi na dor? Pra ele, era certo: era não saber até quando vai doer.
Não importa onde esteja doendo.

 

* Professor e jornalista

 

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