Estamos há cerca de 20 meses das próximas eleições, quando o eleitor irá escolher presidente, vice-presidente, deputados estaduais e federais e dois senadores. Até as convenções, em julho do próximo ano, quem pretende disputar alguma dessas vagas se movimenta como pode.
Esse é o período em que os postulantes fazem o que for possível para não serem esquecidos nas negociatas que visam à formação das chapas. Se “estrebuchar” é o que caba a muitos, principalmente aqueles que correm o risco maior de “sobrarem na curva”.
É o que Álvaro Dias (Republicanos), ex-prefeito de Natal, está fazendo. Dias lançou-se candidato ao Governo do Estado. Por enquanto, candidato de si mesmo, apesar de ter usado o surrado discurso de que “o povo está pedindo”.
Ao lançar-se nessa condição, Álvaro se mantém em evidência por algum tempo, principalmente em razão de as editorias de políticas focarem suas coberturas muito mais nos ditos do que nos feitos. Álvaro, reconheçamos, não tem portfólio positivo para apresentar-se ao eleitor. Sua gestão em Natal foi um desastre. Se ele fez algo de bom, certamente isso afundou na malfada obra da engorda de Ponta Negra.
Até que anuncie que desistiu de disputar o comando do Palácio de Despachos de Lagoa Nova, Álvaro mantém seu nome no inconsciente dos que fazem jornalismo político. Daí, ponte para o imaginário do eleitor. Principalmente o mais desavisado.
No cenário de hoje, as chances de Álvaro ser candidato ao Governo do Estado são poucas. A manter-se as variantes atuais, as chances dele em outubro do próximo ano são nenhuma. E, sejamos honestos: Álvaro não demonstra muito apetite para ser candidato ao Governo do Estado. E o que o faz lançar-se? Gesto para não ser engolido.
A extrema direita do Rio Grande do Norte vai sair toda unida em 2026. As pequenas divisões de agora, algumas pontuais e outras farsescas, sumirão em nome de um projeto maior: fazer mal ao povo. Vide plataforma de Rogério Marinho (PL).
Ao menor sinal de que a esquerda seguirá com chances de permanecer no comando do governo, estarão no mesmo saco Allyson (UB), Styvenson (PSDB), Rogério, Paulinho (UB), João Maia, Robinson. Álvaro não quer sobrar. Bolsa de guardar farinha não estica muito.
Álvaro lançou-se também para que a oposição não ficasse no vácuo após a quase definição do nome de Carlos Eduardo Xavier, o Cadu, como futuro candidato de Fátima, do PT, e da esquerda. Silenciar seria muito ruim para a oposição.
O ex-prefeito da capital, portanto, cumpriu esse papel de evitar que o noticiário político girasse apenas em torno de Cadu e do governismo. Tanto que ainda tentou se criar animosidade entre Cadu e Walter Alves (até então visto como candidato natural, haja vista ser o atual vice-governador). Walter não só não engoliu a corda da parte da imprensa pautada pela extrema direita como avalizou o nome de Cadu.
A chapa majoritária para a disputa de 2026, no plano estadual, terá um candidato a governador, outro a vice, e dois a senador. São quatro vagas. Álvaro quer uma delas. Hoje, há mais garrafas do que tampa, daí porque a urgência do ex-prefeito em marcar terreno. Principalmente porque seu principal avalizador, Paulinho Freire, está em baixa.
Paulinmho dá continuidade à gestão de Álvaro de forma tímida e anêmica. Com alguns mergulhos providenciais. Principalmente quando a maré invade a mal planejada e executada engorda de Ponta Negra. Álvaro, portanto, não quer ver sua nau afundar. E faz de tudo para que, caso isso ocorra, alguém o resgate. Para isso, vai cobrar a fatura da eleição de Paulinho e os gestos que tem feito agora. Especialmente o de manter holofotes da mídia sobre extrema direita potiguar.