A Câmara de Mossoró quase pegou fogo em sua sessão desta terça-feira. Teve de tudo: insinuações, revelações, ameaças e… chantagem. Tudo feito pelos vereadores bolsonaristas (Cabo Deivison, Jailson Nogueira e Wiginis do Gás).
Uma das coisas que mais chamaram a atenção nas falas dos parlamentares acima foi uma frase de Wiginis do Gás (União Brasil).
Recém-expulso da base governista, Wiginis disse que seria independente. Não iria para a oposição. Logo tomou um chá de revelação de Deyvison: ou se é oposição ou situação.
O que o Wiginis deixava subentendido era de que não queria atacar o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil). Mais que isso: que gostaria de voltar para a base governista.
Ontem, Wiginis subiu o tom. Falou mais grosso. Infelizmente, o intento parece ser o mesmo: ser chamado de volta. E, para tanto, fez uma ameaça em tom de chantagem. Ou uma chantagem em forma de ameaça: “Eu sei demais”.
Ocorre que ao fazer tal afirmação, Wiginis entra num caminho sem volta. Mesmo querendo voltar.
É que ao dizer que sabe muito, o vereador revela, sem querer querendo, que a gestão Allyson Bezerra tem coisas não republicanas. A ameaça -chantagem de Wiginis torna ainda mais suscetíveis à necessidade de investigação as denúncias de todos já sabidas: corrupção, irregularidades, nepotismo, uso da prefeitura para fins eleitoreiros, etc, etc, etc. Sorocaba é bem ali.
Então, por tudo o que disse que sabe, Wiginis tem uma grande dívida com seus eleitores e com Mossoró: levar às autoridades judiciais e policiais o que está sabendo.
Em seu segundo mandato, Wiginis já deve ter sido alertado por sua assessoria jurídica que não comunicar crime do qual tem conhecimento é prevaricação.
Por tudo, isso, é que Wiginis tem muito a fazer. Só não faça chantagem, Wiginis.
Chantagem
* Márcio Alexandre
É difícil imaginar benefícios de uma proposta quando ela surge de pessoas ou grupos tomadas de ódio, preconceitos e maldades. É o que acontece, por exemplo, sobre o absurdo, criminoso e inaceitável Projeto de Lei 1194, o conhecido PL do Estuprador. E quanto mais o autor da proposta fala sobre ela, mais revela suas más intenções.
Sóstenes Cavalcante, pastor evangélico e deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro, principal autor da proposta tem se mostrado, pelo menos em relação a essa matéria, um chantagista. A forma como tem usado o PL do Estuprador para emparedar o governo beira o crime. É de uma sordidez impressionante.
Primeiro, Sóstenes revelou, com cinismo e canalhice, que o projeto é para testar o presidente Lula junto aos evangélicos. Não existe nada mais torpe, absurdo e criminoso do que isso. Mas, apesar de toda a barbárie que a proposta apresenta, Sóstenes não se dá por satisfeito no seu circo de horrores.
O deputado está propondo retirar o PL do Estuprador da pauta de votações da Câmara Federal se o PSOL desistir de uma ação que o partido ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) na qual tenta garantir condições para que as mulheres que precisam abortar, nas condições previstas na Constituição, possam fazê-lo em segurança.
Como se vê, o que Sóstenes quer mesmo é chantagear. Nos atos e palavras do deputado, não se vê uma boa intenção, uma só contribuição ao debate para a resolução de qualquer problema., Apenas chantagem.

Sóstenes Cavalçcante, o chantagista
* Professor e jornalista

