Com um Código de Ética que defende a equidade, justiça social e eliminação de todas as formas de preconceito, o Serviço Social é uma profissão que historicamente combate a discriminação racial e desenvolve estratégias políticas para uma atuação que fortaleça os movimentos sociais na luta antirracista e na defesa dos direitos humanos.
O Conselho Regional de Serviço Social do Rio Grande do Norte (CRESS-RN) é, atualmente, presidido por duas mulheres negras, Ana Paula Agapito (presidenta) e Lívia Gomes (vice-presidenta). As conselheiras e assistentes sociais reforçam a importância de ocuparem espaços de decisão e poder neste contexto de luta antirracista.
“Entendemos como um grande desafio o enfretamento cotidiano ao racismo estrutural e ao modo de produção capitalista, que determinam o aprofundamento das desigualdades sociais, econômicas e políticas”, afirma Ana Paula. “Nós, assistentes sociais, lidamos, no dia-a-dia profissional, não só com a discriminação étnico-racial, mas com diversas formas de violência, como feminicídio, desemprego, xenofobia e LGBTfobia”.
O CRESS-RN tem participado ativamente de espaços de formação e organização política em conjunto com entidades representativas, lideranças do movimento negro no estado e órgãos públicos em todas as esferas. Lívia Gomes explica que o Conselho tem elaborado publicações e orientações técnicas, utilizado uma linguagem não discriminatória e organizado eventos para o fortalecimento da luta antirracista.
“Também contribuímos com ações de articulação e mobilização do movimento negro, como o Comitê Estadual Impulsor de Mulheres Negras Potiguares para a participação na II Marchas Nacional das Mulheres Negras, que vai acontecer no dia 25 de novembro, em Brasília”, explica a vice-presidenta. “E nosso Conselho tem priorizado as formações populares com foco no letramento racial”.
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro e agora feriado nacional, representa um marco histórico de reafirmação da luta e resistência da população negra e quilombola no Brasil no enfrentamento ao racismo e todas as formas de opressões.
“O mês de novembro demarca a visibilidade das pautas de enfrentamento à discriminação racial ainda existente e que implica na violação da vida, dos corpos e dos direitos sociais de mulheres, homens, crianças, adolescentes, jovens e idosos negros e negras em toda sua diversidade”, ressalta Ana Paula Agapito.
“O dia 20 de novembro é significativo por remeter ao líder quilombola Zumbi dos Palmares, símbolo da luta e resistência do povo negro”, afirma Lívia Gomes. “Esta data evidencia a ancestralidade de todas e todos que vieram antes e o compromisso político de continuidade das gerações presentes, vislumbrando no futuro uma sociedade antirracista e anticapitalista”.

