O Ministério da Educação (MEC) disponibilizou em seu site a cartilha Recomendações para Proteção e Segurança no Ambiente Escolar, com orientações à comunidade escolar sobre medidas preventivas e imediatas de proteção do ambiente escolar, de forma a dar mais eficácia aos programas de prevenção, intervenção e posvenção (cuidados prestados a enlutados por suicídio) de atos de violência em escolas e universidades.
O material está disponível desde a quarta-feira (19), e tem como público-alvo estudantes; familiares e/ou responsáveis; profissionais de educação, saúde mental, segurança, proteção e assistência social; gestores e conselheiros; pessoal de resposta a emergências, entre outros.
Segundo o MEC, a publicação – uma das ações desenvolvidas pelo Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) – apresenta também orientações voltadas aos entes federados, bem como para redes e instituições de ensino.
A cartilha informa também quais são os canais de denúncias criados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Operação Escola Segura, iniciada em 6 de abril; e pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que disponibilizou um número de WhatsApp – (61) 99611 0100 – exclusivo para denúncias, além do Disque 100.
“De acordo com orientações da cartilha, os gestores das instituições de ensino, por meio do conselho escolar, devem reunir os atores da comunidade escolar para desenvolver estratégias apropriadas para seus próprios ambientes educacionais e comunitários”, sugere o MEC.
Educação
O Ministério da Justiça e da Segurança Pública, através da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência ativou, no âmbito da Operação Escola Segura, o Centro Integrado de Comando e Controle Nacional – CICCN, no período de 18 a 24 de abril de 2023. Nesta fase, o CICCN concentrará esforços na prevenção de ataques ao ambiente escolar.
Na tarde desta terça-feira (18), o Ministério da Justiça e da Segurança Pública realizou a primeira reunião com os Centros Integrados de Comando e Controle Estaduais (CICCEs), ou estruturas similares dentro das possibilidades dos estados da federação. O objetivo da reunião é para tratar das ações de cada estado para que se alinhem ao Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN) na prevenção e combate aos ataques às escolas.
Aqui no Rio Grande do Norte o ponto focal está com a delegada da Polícia Civil Paoulla Maués, que irá prestar contas das ações de segurança no estado e atualizar o CICCN com dados em torno de adolescentes apreendidos, para que possam realizar ações integradas. Também aqui no RN, o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP), através do Coronel Kleber Macedo, irá atualizar sobre os canais de denúncia: quantas denúncias registradas, quantas apuradas, quantos adolescentes identificados, entre outras.
*Ações no estado do RN*
Sob orientação da governadora Fátima Bezerra, o policiamento ostensivo e preventivo foi reforçado no entorno das escolas. Além disso, foi criado um Grupo de Trabalho para ações a curto, médio e longo prazo quanto a eventuais casos de ameaça às escolas no estado. O combate às Fake News também foi tratado no GT, já que a desinformação tem causado temor aos pais e responsáveis e atrapalham a polícia em casos reais. O Grupo de Trabalho é formado por representação dos três Poderes, instituições e entidades públicas e privadas ligados à educação e à segurança pública.
Também foram definidos protocolos de segurança junto aos gestores escolares. A Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (Seec) contratou recentemente psicólogos para que atuem observando o atual contexto e proporcionando a prática de projetos afins.
Além disso, estão em curso ações de investigação da Polícia Civil do RN e agências de inteligência do Governo Federal, que já renderam resultados. Algumas pessoas e adolescentes já foram identificados e as medidas cabíveis já foram tomadas, tanto com relação a infratores, quanto na responsabilização de suas famílias. Inclusive foram realizadas várias visitas a adolescentes e seus responsáveis, com a polícia agindo previamente.
O Governo do Estado pede que denúncias sobre supostas ameaças sejam encaminhadas às autoridades de segurança pública através dos telefones 181 e 190, e que a população evite compartilhar informações duvidosas através de grupos e redes sociais para não gerar pânico.
Os professores da rede municipal de ensino de Mossoró, em greve desde o dia 23 de fevereiro, decidiram há pouco, em assembleia, a data e que retornarão as suas atividades nas escolas. Os docentes decidiram que as aulas serão retomadas na quarta-feira (19/4), após o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (SINDISERPUM) ser notificado oficialmente da decisçao do Tribunal de Justiça.
Na última sexta-feira, 14/4, o desembargador Vivaldo Pinheiro acatou pedido da prefeitura de Mossoró e determinou que a greve fosse suspensa. O magistrado, no entanto, não considerou que a paralisação seja ilegal ou abusiva.
Além de retornar à sala de aula na próxima quarta-feira, os docentes decidiram que a assessoria jurídica do SINDISERPUM vai solicitar à Justiça realização de audiência na qual a prefeitura de Mossoró seja chamada a negociar com os trabalhadores.
Governo do RN reúne instituições e entidades para ampliar cultura de paz nas escolas
A violência cotidiana na sociedade brasileira, e que tem chegado às escolas de todo o Brasil foi tema de ampla discussão na manhã de sexta-feira (14/4), no auditório da Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC). Diversas entidades foram convidadas para participar das discussões e formação de um Grupo de Trabalho (GT) que deverá apresentar as primeiras diretrizes quanto ao fortalecimento de uma cultura de paz dentro das escolas, já nesta segunda-feira (17/4), quando ocorre uma nova reunião, no mesmo local, a partir das 9h.
As secretarias de Educação e da Segurança Pública do Estado, em conjunto com autoridades federais, ampliaram suas ações de prevenção, vigilância e contenção de eventuais crimes.
Participaram dessa reunião intersetorial diversas Secretarias de Estado, representações dos Poderes Judiciário e Legislativo em âmbito municipal, estadual e federal, além de entidades representativas de Escolas Privadas de ensino, sindicatos e representações estudantis.
De acordo com a secretária Estadual de Educação, Socorro Batista, a temática da violência nas escolas não é um fenômeno de agora: “Não é de hoje que vivenciamos diversos quadros de violências, como discriminação, racismo e bullying. E isso exige união da sociedade. Por essa razão estamos aqui, porque precisamos proteger nossas crianças, adolescentes e jovens e também nossos profissionais da educação; porque sozinhos não alcançaremos nossos objetivos e precisamos pensar em ações emergenciais e também políticas de médio e longo prazo”. Socorro Batista também lembrou que todas as Diretorias Regionais de Educação (DIRECs) já contam com Núcleos de Cultura de Paz. “Também temos importantes ações sendo desenvolvidas como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerdi), o Patrulha Maria da Penha e o Ronda Escolar”, lembrou ela.
O secretário de Segurança Pública, coronel Araújo, foi o segundo a falar e frisou que a governadora Fátima Bezerra, em viagem à China, ligou para ele, sugerindo que a Segurança desse todo o apoio à Secretaria de Educação na criação desse GT. Ele também tranquilizou os demais participantes quando falou que, embora por questões óbvias muitas informações não são divulgadas, as polícias do Estado, assim como o serviço de inteligência, juntamente com os programas diretamente ligados às escolas têm trabalhado diuturnamente para coibir eventuais atos de violência antes mesmo que aconteçam. Inclusive, a delegada Paoulla Maués, falou do Cyber Lab, um programa da Inteligência Policial que monitora as redes digitais de todo o Brasil e que, nos casos de denúncias que são recebidos em âmbito estadual e de Brasil, em menos de 24 horas são tomadas as medidas cabíveis.
Os pontos mais convergentes entre os participantes que tiveram fala apontaram para a importância do fortalecimento da segurança nas escolas, sem perder de vista o combate ferrenho contra o discurso de ódio, as Fake News e o crescimento do fascismo e nazismo que foi estimulado nos últimos quatro anos passados. A militarização nas escolas, por meio de segurança armada, também foi apontada durante as discussões como uma medida que não resolveria o problema da violência, porque no entendimento dos participantes, escolas não são presídios.
A discussão remete também ao engajamento da sociedade como um todo, começando pela importante contribuição das famílias, no que se refere ao acompanhamento dos jovens e recorrendo às instituições e profissionais à medida que julguem necessário. O Governo do Estado, em conjunto com entidades e instituições, vai ampliar os canais oficiais de denúncia e apela aos cidadãos evitem o compartilhamento de publicações sem que haja o cuidado de checagem junto às autoridades. Socorro Batista ressaltou o importante papel da imprensa quanto ao zelo com a informação, prestando com isso um relevante serviço à sociedade, e ajudando a evitar a propagação das falsas notícias.
O discurso dos representantes das instituições e entidades converge especialmente quanto à compreensão de que o momento, seja no Brasil ou no mundo, demanda ações que não se resumem à utilização das polícias. É, conforme ressaltaram os gestores, momento importante para discutir e agir em várias frentes. No Rio Grande do Norte, o trabalho realizado pelas polícias detectou algumas ações, e em menos de 24 horas essas pessoas foram identificadas, levadas às delegacias e as medidas legais adotadas.
Participaram da mesa as seguintes autoridades: Gustavo Alexandrino, da Associação Potiguar dos Estudantes Secundaristas (APES); Joária Araujo Vieira, União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime); Ruth Régis, do Fórum Estadual de Educação; o deputado federal, Fernando Mineiro; os vereadores, Júlia Arruda e Daniel Valença; Coronel Francisco Araújo, secretário de Segurança; coronel Alarico Azevedo, comandante da Polícia Militar; os promotores, Marcos Aurélio, da Infância e da Juventude e Oscar de Souza Ramos, da Educação; Erlon Araújo do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte); George Veras, adjunto da Semjidh; Anne Bezerra, da Coordenadoria Estadual da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça; Bruno Henrique, representante da OAB; Alexandre Siqueira, do Sindicato das Escolas Privadas de Natal; Marli Araújo, representante das Escolas Católicas de Natal; Herlânio Cruz, adjunto da Polícia Civil; e Hudson Elder, representante da Comunicação do Governo do Estado.
A prefeitura de Mossoró conseguiu na Justiça decisão liminar suspendendo a greve dos professores da rede municipal de ensino. O desembargador Vivaldo Pinheiro, em ato monocrático, opinou pelo retorno dos docentes à sala de aula.
A gestão municipal já publicou em seus canais oficiais o retorno das aulas para esta segunda-feira, 17/4. Se antecipou ao rito legal, sem considerar que a decisão do Tribunal de Justiça pode ser reformada por uma instância superior da Justiça. E sequer sem considerar que os professores precisam se reunir em assembleia para deliberar o que irão fazer.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (Sindiserpum) não adiantou o que poderá ser feito. A entidade mantém os professores mobilizados e realiza assembleia nesta segunda onde informará qual o entendimento da assessoria jurídica sobre a decisão do desembargador e o que será feito a partir daí.
O Portal Na Boca da Noite ouviu juristas para avaliar a decisão do desembargador. O cerne da questão está no fato de o magistrado ter determinando a suspensão da greve sem considerar que o movimento seja ilegal ou abusivo.
“O desembargador considerou o fato de os alunos terem ficado fora da escola por causa da pandemia e justificou no direito à educação. São argumentos importantes, mas estranho que não tenham determinando que a greve seja ilegal ou abusiva “, ressalta um advogado ouvido pela reportagem.
Para um juiz ouvido pelo Portal Na Boca da Noite, o argumento da não frequência à escola no período da pandemia não é dos mais fortes. “Por duas razões. A primeira é que não foram apenas as escolas que fecharam. E segundo que foram ministradas aulas on line. Todos os alunos tiveram acesso a essas aulas? Não. E o que o poder público fez para que aqueles que não tinham acesso a Internet durante o período da pandemia?”, questiona o magistrado.
O juiz e o advogado consideram que a decisão do desembargador foi bem fundamentada, mas ambos veem grandes possibilidades de ser questionada em instância superior, sobretudo porque o desembargador não reconheceu a ilegalidade ou abusividade.
Além disso, o fato de o desembargador não ter aberto prazo para o Sindiserpum se manifestar, embora não seja algo ilegal , não foi visto como a melhor posição do magistrado.
“Mesmo que no instrumento usado para suspender a greve não haja, como obrigação, a abertura de prazo para uma das partes, a situação fática sugeria que fosse feito”, finaliza o advogado.
Os juristas ouvidos pelo Portal opinaram sob a condição de não terem que revelar a identidade.
“Mamãe, eu vou poder ir para a escola?” “Por que há massacre?” A professora Gina Vieira, pesquisadora em educação no Distrito Federal, ficou aturdida ao ouvir do filho de 12 anos a palavra “massacre” e perguntas que exigem mais do que uma simples resposta: exigem atenção, ouvidos disponíveis, seriedade, serenidade e acolhimento.
“Muitas vezes, as famílias se recusam a conversar [sobre atentados tornados públicos em escolas e outros ambientes] porque acreditam que isso pode traumatizar a criança. Só que as crianças estão em um mundo em que elas são expostas de maneira visceral a tudo o que acontece”, diz a pesquisadora em educação que tem projetos premiados no campo da educação e de direitos humanos.
Ela explica que dialogar com as crianças sobre o que está acontecendo requer que os pais superem a perspectiva ingênua de acreditar que a violência na escola é algo relativo ao ambiente escolar. Gina Vieira entende que mensagens de ódio e desinformação passaram a ocupar espaço central no país.
“É necessário que os pais ouçam as crianças e estejam atentos aos sinais de que podem estar assustadas, apreensivas e com medo”, diz Gina Vieira.
Acolher esses sentimentos é a palavra adequada, segundo a professora de psicologia Belinda Mandelbaum, da Universidade de São Paulo (USP). “Em um primeiro momento, é necessário escutar o que chegou até elas. Escutar os medos e as impressões. A partir dessa escuta, os adultos podem, de alguma maneira, contribuir para uma ampliação da compreensão da criança sobre aquilo que ocorreu”. Assim, os adultos devem ficar disponíveis para poder responder às perguntas das crianças, ouvir e pensar com ela sobre as questões que elas têm.
Para a psicopedagoga Ana Paula Barbosa, que também é professora de psicologia e pesquisa o desenvolvimento infantil, é fundamental que os adultos não neguem às crianças a possibilidade de sentir e se emocionar. É preciso que as famílias estejam dispostas para essa conversa.
“Elas vão perguntar: ‘mãe, o que está acontecendo?’, ‘morreram crianças?’” Não negue e não se afaste. Acolha a criança e pergunte em que espaço ela ouviu aquela informação. Então, traga a criança para perto. Perguntar o que ela está sentindo e explicar o que é o medo”, pondera a professora do Centro Universitário de Brasília.
A professora recomenda que é possível explicar que o medo é um sentimento e que as famílias e as pessoas na escola estão trabalhando para cuidar da segurança dela.
Uma oportunidade, segundo Ana Paula Barbosa, para identificar que não é bom ser violento, mas que algumas pessoas utilizam a violência. “Podemos falar sobre o medo para criança externalizar esse sentimento de algum modo. Ela ainda está em processo de desenvolvimento. Deixar claro para ela que, se a criança tiver medo na escola, pode chamar a professora, pedir ajuda, falar sobre os sentimentos”.
Até porque, segundo a pesquisadora Danila Zambianco, da Universidade de Campinas (Unicamp), por vezes, o adulto causa mais temor ainda na criança, uma vez que potencializa algo que até pode ter passado despercebido. “É importante que as famílias deem espaço para as crianças falarem o que percebem e que elas expressem sentimentos”.
Ao invés de inquirir a criança se ela sabe algo sobre a violência, questionar se algo de diferente chamou atenção. “Isso quer dizer que é necessário que o adulto tome cuidado para não julgar o que a criança trouxe”.
As especialistas ouvidas pela Agência Brasil avaliam que é importante, tanto quanto a informação, respeitar quando crianças manifestarem desconforto em ir para a escola. Em continuidade a uma eventual falta, é importante que os adultos responsáveis indiquem que estão atentos a todas as providências de segurança tomadas.
Segundo as pesquisadoras, os adultos também transmitem ansiedade e preocupação. E esses sinais são captados pelas antenas da sensibilidade das crianças.
Adolescentes – Embora consigam refletir sobre as crises de uma forma mais elaborada, adolescentes requerem também atenção bastante especial em relação ao que ouvem e recebem do mundo. “A gente ainda acha que o adolescente tem algumas capacidades a mais do que a criança, mas o cérebro do adolescente também está em desenvolvimento”, pontua a professora Ana Paula Barbosa.
“Adolescentes vivem em meio a descobertas e chegam a registrar alguns episódios de maneira também distorcida, idealizada ou até romântica. Para lidar com o adolescente, não se costuma utilizar componentes lúdicos. A gente vai ter que encarar uma conversa que traga alertas e possibilidades de riscos para que a pessoa compreenda melhor o que se passa.”
Outra providência que adultos podem tomar é chamar a atenção para que adolescentes não satirizem os eventos, chamando-os à responsabilidade moral diante das notícias de tragédia. “Que tipo de humor é esse que se faz por cima do sofrimento de algumas pessoas?”
Abandono digital – A exposição chega à sala de casa a partir da TV ligada ou do celular que alguém traz sempre à mão.
Paralelamente ao momento terrível de violência, Gina Vieira aponta que as crianças estão expostas a uma espécie de “abandono digital”.
“Os pais estão soterrados de trabalho. As famílias sobrecarregadas e as crianças muitas vezes estão entregues a dispositivos móveis”.
A psicopedagoga Ana Paula Barbosa orienta que os responsáveis se aproximem das crianças e observem aquilo que elas estão olhando ou ouvindo. “As notícias mais fortes devem ser evitadas”.
Ela enfatiza, entretanto, que isso não deve ser motivo para evitar o assunto porque as informações podem chegar deturpadas de outro lugar.
Essas distorções via redes sociais são perigosas, diz a professora Belinda Mandelbaum, pesquisadora do Laboratório de Estudos da Família, da USP.
“É preciso entender o que toda essa tecnologia significa para elas e poder mostrar também os riscos que estão envolvidos. Tudo aquilo que as crianças não tenham ainda condições de enxergar.”
Essa aproximação em relação aos meios digitais é papel da família e da escola, cada um com suas características e responsabilidades. “As crianças podem receber informações que podem ser muito perigosas. Elas precisam de adultos”.
O papel das escolas – As pesquisadoras veem que os profissionais da escola devem ser participantes ativos para que crianças e suas famílias sintam que o espaço educacional é acolhedor. “É importante que, como parte do diálogo com as crianças, as escolas estabeleçam diálogos. As famílias precisam se sentir parte da construção da cultura de paz no espaço escolar”, diz Gina Vieira.
A professora Ana Paula Barbosa defende que um momento como esse impõe que as unidades de ensino entendam que é preciso investir mais em programas de saúde mental para todos.
“É hora de a escola rever alguns papéis. Não pode mais ser apenas um espaço conteudista de matemática, português, geografia”.
Elas defendem que a escola é um espaço humano de desenvolvimento, de uma aprendizagem que não cai na prova.
Além disso, as especialistas acreditam que o momento proporciona a reflexão sobre uma mudança no perfil das reuniões escolares. Mais do que tratar das notas dos filhos, pais precisam conversar com professores sobre a importância do diálogo, programas sobre diversidade e bullying.
“Não se faz milagre nas escolas. É necessário equipá-las com mais profissionais de saúde mental. Isso que está acontecendo mostra essa necessidade”, diz a professora Ana Paula Barbosa.
Adversária ao papel humano das escolas, há, no entender das pesquisadoras, parcela da sociedade que espetaculariza e monetiza a violência. “A gente fica chocado quando a violência se apresenta na escola, mas está espelhando o que está acontecendo na sociedade”, diz Gina Vieira. Por esse motivo, ela defende que a escola tenha espaços garantidos de escuta e de discussão.
“A escola não pode abrir mão da sua dimensão educativa em uma perspectiva de educação integral, humana e crítica que celebre a diversidade e a cultura de paz”, diz Gina Vieira.
Para a professora Belinda Mandelbaum, é necessário aproveitar o momento também para fazer uma reflexão muito ampla sobre acontecimentos dentro das escolas. “Tem muita violência, maus tratos, comunicações violentas verbais e até agressões”.
Na escola, diferente da intimidade do lar, a experiência é coletiva, ressalta Danila Zambianco, da Unicamp. “Na escola, é também preciso ressaltar os espíritos de cooperação e de solidariedade”.
Diferentemente do medo, generosidade e respeito são aulas simples de entender para as crianças e que os adultos podem ficar mais atentos.
🔎 Em resumo, pais e professores devem ouvir para poder orientar.
1 – É importante preservar as crianças, mas não esconder, mentir ou fugir de temas como a violência nas escolas
2 – Crianças devem ser informadas que os adultos estão atentos à segurança delas
3 – Fundamental que o adulto mostre-se disponível para conversar
4 – Adultos não devem julgar os sentimentos dos pequenos (nem dos adolescentes)
5 – Observar e se aproximar das crianças para identificar o que estão recebendo via redes sociais
6 – Importante não potencializar um evento
7 – Explicar que o medo faz parte da vida de todo ser humano e que as crianças são protegidas pelos adultos
8 – Pais e profissionais da educação devem estar mais próximos para garantir a serenidade diante do momento
9 – Adultos devem orientar adolescentes contra a satirização ou distorção dos eventos
10 – Crianças devem ser incentivadas a se expressar, mas não forçadas
Denúncias – Denúncias sobre ameaças de ataques podem ser feitas ao canal Escola Segura, criado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com SaferNet Brasil. As informações enviadas ao canal serão mantidas sob sigilo e não há identificação do denunciante.
Acesse o site para fazer uma denúncia.
Em caso de emergência, a orientação é ligar para o 190 ou para a delegacia de polícia mais próxima. (Agência Brasil)
Os professores da rede estadual de ensino do Rio Grande do Norte decidiram há pouco, em assembleia, por fim à greve da categoria, iniciada em 27 de fevereiro.
Os docentes aceitaram a última proposta apresentada pelo governo do Estado:
7% em maio
3.55% em novembro
3.55% em dezembro
Retroativo em 8 parcelas, com pagamento a partir do próximo ano.
As aulas começam a ser retomadas amanhã.
* Márcio Alexandre
Educação é assunto de domínio público. É direito e dever. É ação e reação. Isso explica, em parte, que todos queiram opinar sobre ela. É importante que assim o seja. Mas é prudente que em alguns casos em específico, que se estude, pesquisa e, pelo menos, se leia de forma básica sobre o que se vai opinar.
Não dá para discutir sobre algo tão importante na base do achismo. Quando se analisa, se opina sobre alguma coisa baseada em estudo estar-se, no mínimo, respeitando aquilo sobre o que se está falando. E respeitando a inteligência de quem está recebendo a opinião, seja ela emitida por voz ou texto.
Imaginemos qualquer pessoa emitindo análise sobre um procedimento médico cirúrgico sem nunca ter estudado sobre o assunto. Pensemos em um outro falando sobre vício redibitório sem nunca ter pego sequer num vade mecum. Será desastroso, em ambos os casos.
Então, porque muita gente opina sobre educação sem nunca ter estudado sobre educação?
Ter ido à escola não significa ter estudado sobre educação. Ter frequentado a faculdade não significa ter estudado sobre educação. Ter ido à escola e à faculdade dá a experiência de se ter vivido momentos sobre educação e isso, claro, contribui para a formação de uma opinião sobre ela. Mas apenas isso não dá autoridade para que se opine como se tudo sobre a educação soubesse pelo fato de ter estado em ambientes educativos.
Estudar sobre educação é ter lido quem pesquisa sobre ela. É conhecer, não só de passagem, como ela se processa, que fenômenos provoca, que situações estimula.
É conhecer a experiência de quem constroi a educação. No dia a dia da escola, da faculdade, do curso. Entender as motivações de quem está nela. Compreender as condições em que atua quem vive dela.
Valorização do trabalho docente, por exemplo, não se resume ao que está no contracheque. Assim como o que está no holerite não é resultado da bondade de gestor. Tampouco é fruto simplesmente do que está friamente posto nos planos de carreira e salários. Apenas estar posto não redunda em ganhos. Sem o profissional estudar, se qualificar, conquistar os títulos, e o saber que deles deriva, não há ganho na carreira e no salário.
É por isso, também, que as lutas para manter o que a lei determina são importantes, imprescindíveis, inadiáveis. Abrir mão do que se tem direito agora significa uma perda ainda maior no futuro. No salário, na carreira, na luta. Isso tudo é educação.
Para falar sobre essas questões, não bastou a mim apenas ser o professor e viver o que vivo nessa condição. Para escrever esse artigo, não bastou a mim apenas ser o jornalista, e pensar o que penso, escrever o que escrevo e viver o que vivo nessa condição.
Foi necessário que eu tenha estudado sobre educação, sobre planos de carreira, sobre greve, sobre piso e sobre teto salariais. Sobre artigo, discurso e análise do discurso.
Para falar sobre educação, não basta apenas achar que se sabe o que nunca viu, viveu ou experimentou. Quando se age assim, não se coloca argumentos (por absoluta inexistência deles), sem os quais qualquer opinião, escrita ou oralizada, não merece a condescendência de quem quer que seja. Muito menos a leitura ou atenção.
* Professor e jornalista
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MP/RN) está questionando a Secretaria Estadual de Educação (SEEC/RN) sobre a greve dos professores da rede estadual de ensino. Em ofício enviado à secretaria Socorro Batista, o órgão pediu informações sobre a situação.
Assinado pelo promotor Oscar Hugo de Souza, da 58ª Promotoria de Justiça, o documento pede informações sobre as providências que estão sendo adotadas pela SEEC/RN para a resolução da greve, inclusive se já foi apresentada proposta; questiona se há previsão para término da greve; pede que informe se há professores temporários também com as atividades paralisadas e se o governo está monitorando as unidades de ensino onde há professores que aderiram ao movimento paredista.
O ofício foi enviado ontem à SEEC/RN, que tem um prazo de cinco dias para responder aos questionamentos do Ministério Público.
As educadoras e educadores do município de Areia Branca, em greve desde o dia 7 de março, realizaram na manhã desta sexta-feira, 31/3, uma intensa agenda de mobilização na zona rural da cidade.
Redonda, Cristóvão e Ponta do Mel, receberam a caravana do Regional do SINTE para dialogar com demais profissionais da educação e a população em geral dessas localidades.
A agenda segue neste domingo, 2, com um ato cultural na Praia de Upanema, a partir das 16h.

