PC do B

O professor Francisco Paulo da Silva, o Paulinho Silva, está se preparando para um grande desafio da sua vida política e pessoal: será candidato a deputado federal. Filiado ao PC do B, o professor, uma referência na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), estará nas ruas defendendo a reconstrução do país, o fortalecimento da democracia e a universidade pública. Nessa Conversa de Sábado, ele faz um balanço da atual conjuntura brasileira, apresenta suas propostas e analisa como será o próximo pleito.

Márcio Alexandre

BLOG NA BOCA DA NOITE – Qual a motivação para essa sua pré-candidatura?

PAULINHO SILVA – Nossa candidatura não se constitui em um projeto pessoal, mas é parte integrante do projeto do meu partido (PC do B) – para as eleições de 2022. O Partido entende que esta eleição será polarizada com dois projetos: uma, representado por Bolsonaro, responsável pelo agravamento da crise econômica, política e social que vivenciamos atualmente no país e que é visível no aumento da fome, do desemprego, de práticas políticas antidemocráticas, de cortes de investimento, a exemplo dos cortes realizados na saúde e educação, como também acentua uma crise de valores éticos.

O outro projeto está representado pela candidatura de Lula que coloca como fundamental o fim desta política desastrosa, propondo o regate da democracia e do desenvolvimento do pais, a valorização do humano. Diante desse quadro é necessário debater com a sociedade e esclarecer o povo brasileiro que ou colocamos um fim ao governo Bolsonaro e ao que ele representa de atraso para o país ou corremos o risco de aprofundar esta crise, comprometendo a vida de nosso povo. Temos hoje no poder um governo que põe em prática uma agenda ultraliberal na economia, autoritária na política e retrógrada nos valores. Este governo aprovou contrarreformas trabalhistas e previdenciárias e medidas antissindicais, dificultando a vida dos trabalhadores. É um governo que incentiva a violência, o preconceito, a discriminação e a morte de negros, indígenas, mulheres, homossexuais, jovens, ativistas do movimento social. É o governo da fome, da violência e do desemprego.

Assim, a saída para o país passa por um Projeto de Reconstrução Nacional que impulsione o desenvolvimento, gerando emprego, investindo na ciência, educação, cultura e saúde e em setores que possam acelerar a superação das desiguales socioeconômicas. Tal projeto somente poderá se consolidar, na atual conjuntura, com a eleição de Lula e de deputados e senadores afinados com esta pauta.

A partir desta análise, o Partido levou em conta investir em candidaturas considerando polos de maior densidade eleitoral, estruturação e organicidade partidária e atuação dos nossos candidatos no contexto político do nosso estado, no movimento social. A indicação de meu nome é fruto dessa análise e soma-se a nossa participação no movimento em defesa da educação e dos direitos de trabalhadores e trabalhadoras, bem como na defesa de políticas que garantam vida digna ao povo brasileiro.

Hoje, precisamos de deputados que lutem para reconstruir o Brasil, defendendo a democracia e o desenvolvimento do país. É urgente políticas que gerem emprego e renda, saúde, educação e segurança para todos. Isso só conseguiremos se tivermos um governo que olhe para seu povo. Para isso, precisamos eleger Lula presidente e deputados comprometidos com a reconstrução do Brasil.

Não podemos votar em deputados que não demostrem uma prática política histórica em favor do povo, dos trabalhadores. Sabemos que existem aqueles que se elegem somente para favorecer seus interesses e de seu grupo político. Nós queremos um Brasil de tod@s e um RN cada vez melhor com Lula na Presidência e Fátima no governo do RN. Com certeza, fomos motivados por esta vontade de contribuir com a reconstrução política, econômica e social do Brasil e do RN.

BLOG NA BOCA DA NOITE – O senhor foi candidato a reitor da UERN nas eleições passadas. Essa experiência de colocar o nome à disposição ao eleitorado “o contagiou”?

PAULINHO SILVA – Eu tenho uma participação política que teve início na década de 80 no movimento estudantil. Sou da geração que pagava mensalidade na UERN que é a mesma geração que lutou pela estadualização desta universidade.

Fui presidente do Diretório Acadêmico de Letras em um período de grandes lutas pelo fim da ditadura, por eleições diretas em nosso país e em defesa da universidade pública e gratuita, tão atacada com as reformas propostas para a universidade brasileira nos governos da ditadura militar.

Estivemos nas lutas em defesa da aprovação da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Depois, como professor da UERN, passei a atuar no nosso sindicato – A ADUERN, em defesa da universidade e da valorização do trabalho docente. Participamos da luta pela aprovação da Autonomia de nossa universidade e do Plano de Cargos e Carreiras de nossa categoria, dentre tantas outras lutas importantes para a Universidade.

Nossa candidatura à reitoria da UERN fez parte de um projeto coletivo que reuniu estudantes, professores e técnicos que defendiam uma gestão democrática, inclusiva, plural, humanizadora, dialógica e inovadora, como alternativa às experiências administrativas, salvo poucas gestões anteriores, que tivemos. O objetivo do nosso coletivo foi sempre fazer a UERN avançar, com ações que pudessem contribuir com o desenvolvimento do nosso estado, região e transformação de vidas dos que trabalham ou estudam nessa querida, necessária e respeitada instituição.

Certamente, nossa prática política, nosso engajamento nas lutas, nos credenciam para concorrer a uma vaga no Congresso Nacional, com este espírito de defesa da universidade, da educação, da cultura e da ciência, pautas que abracei como educador e pesquisador e que acredito são fundamentais no projeto de desenvolvimento de nosso país.

Penso que o que me contagia é esta vontade de ver nosso país avançar, se desenvolver, nosso povo feliz com trabalho, comida, educação, saúde, segurança e conhecimento. Isto sempre fez parte de minha vida como educador e militante e eu quero fazer uso desse compromisso político para representar o povo do RN no Congresso.

BLOG NA BOCA DA NOITE – Aliás, o que o senhor avaliou de positivo de sua participação naquele pleito?

PAULINHO SILVA – Esta foi uma das mais importantes experiências de minha vida, pois me oportunizou conhecer mais a universidade, me fortalecer na luta em favor dela. Uma coisa fundamental foi a aprendizagem que tive sobre conviver com o diferente, o outro. As eleições da UERN mostraram que é possível e salutar fazer política, participar de um processo desses com a disputa pautada no debate de ideias, de proposições, de projetos.

É isso que deve ser a verdadeira política: campo de debate, de aprimoramento das relações humanas, de crescimento coletivo. Se tomarmos por este prisma, saímos vitoriosos, porque não se ganha apenas garantindo um mandato, uma gestão, mas se enriquecendo com o diálogo para fortalecer a nossa luta. Ganhou a universidade com as discussões que os candidatos trouxeram para o debate. Eu sou muito grato ao coletivo que nos ajudou a construir este processo.

BLOG NA BOCA DA NOITE – Para essa sua decisão de concorrer a uma vaga na Câmara Federal, que propostas pretende levar ao eleitor?

PAULINHO SILVA – O povo vota esperando que o candidato eleito o represente, defendendo em seu mandato propostas possam melhorar a vida das pessoas. Penso que diante da crise econômica e social que temos no Brasil e que se agravou neste governo, o eleitor espera deputados que lutem para reconstruir o Brasil, defendendo a democracia e o desenvolvimento do país. O povo sente a urgência de políticas que gerem emprego e renda, saúde, educação e segurança para todos. Quem está sem emprego, sem comida e quem perdeu direitos conquistados, como tem ocorrido neste governo com os/as trabalhadores/as, percebe que precisamos de um governo com o compromisso de derrubar as medidas do Governo Bolsonaro. Este governo aprofundou a crise do país, trazendo dificuldades para nosso povo, inclusive aumentando o número de pessoas sem trabalho e sem comida.

As eleições de 2022 serão fundamentais para lutarmos pelo resgate da democracia em nosso país e para elegermos um projeto que tire o país da crise, que garanta trabalho, saúde, segurança e educação para o povo.

A melhoria das condições de vida do povo exige uma atuação no Congresso que defenda a retomada do desenvolvimento de nosso país, de sua soberania. Nossa pré-candidatura tem como foco a defesa dos direitos de trabalhadores e trabalhadoras, a geração de empregos e investimentos na saúde, educação e segurança do povo.

Sou pré-candidato por um partido – O PCdoB – que tem 100 anos de luta em defesa do Brasil, das liberdades democráticas e que tem história na luta contra as forças conservadoras e reacionárias na política. Derrotar o projeto do bolsonarismo é mais uma determinação do meu partido e uma necessidade pelo que Bolsonaro representa de atraso e de mal para nosso povo.

Estou pré-candidato porque temos uma experiência como educador e militante que certamente será usada na defesa da educação pública, da cultura, da ciência e tecnologia para todos e todas. Assim nossa pré-candidatura se coloca contra o congelamento de investimentos públicos e em defesa do fim do Teto dos Gastos para que tenhamos investimentos garantidos para a educação, a saúde e a cultura. Como professor, eu me preocupo muito com este ataque à universidade, feito pelo governo Bolsonaro. Precisamos defender a universidade como uma frente de resistência muito importante das liberdades acadêmicas, de expressão e da luta pela democracia. Temos que usar os saberes produzidos na universidade como armas para alertar a sociedade de que a nossa democracia está sendo ameaçada, que o futura da educação em geral e especialmente da universidade está sendo comprometido.

O Brasil precisa de um plano emergencial de combate à fome, do fortalecimento do SUS e de emprego. Precisamos pôr fim à Reforma Trabalhista, defender o aumento de salários e das aposentadorias O ataque ao meio ambiente tem se agravado também neste governo. É urgente uma política que respeite o ambiente, garantindo o desenvolvimento sustentável. Precisamos de políticas de combate ao racismo estrutural, à opressão e violência às mulheres, de proteção da população indígena e quilombola e reconhecimento dos direitos da comunidade LGBTQIA+.

Um projeto de reconstrução do Brasil precisa levar em conta estas reivindicações históricas da sociedade. Se formos confirmados como candidatos na convenção partidária, vamos discutir coletivamente essas propostas.

BLOG NA BOCA DA NOITE – A expectativa é de que tenhamos, em outubro próximo, umas das eleições mais difíceis dos últimos tempos. Mesmo que, pelo que anunciam as pesquisas, a diferença de votos entre os dois principais candidatos à presidência da República seja grande, o lado que tende a perder deverá tornar o pleito dos mais complicados. O senhor acredita que esse clima de beligerância poderá se estender à disputa proporcional?

PAULINHO SILVA – O presidente Bolsonaro tem se manifestado neste sentido, ao questionar a confiabilidade da urna eletrônica e propor a volta do voto impresso. Tende a criar desconfiança da população quanto o resultado das eleições. Está desesperado, porque sabe que vai ser derrotado. Penso que todas as candidaturas que se colocarem contra ele podem sofrer ataques, mas a polarização se dará na disputa à Presidência. Certamente não será uma disputa tranquila, mas vamos desenvolver esforços para que o povo defenda o resultado das eleições, o respeito à democracia, a vontade do povo expressa nas urnas.

BLOG NA BOCA DA NOITE – Em relação à disputa das cadeiras nas Assembleias e Câmara Federal, o que se tem percebido atualmente é um número considerável de pré-candidatos que buscam se sobressair com declarações polêmicas, discursos de violência e falas desrespeitosas. Como se opor a isso num momento da nossa vida política em que parcela da população parece absorver esse tipo de comportamento?

PAULINHO SILVA – É lamentável o que temos acompanhado na atuação de alguns parlamentares e do presidente. Vimos atitudes que ferem o exercício da boa política. Temos um presidente responsável pela proliferação da mentira, do preconceito, do racismo, da discriminação, do incentivo à violência e deputados que adotam esta prática. Vimos isso esta semana com as declarações do recém-empossado deputado, Michael Diniz , na assembleia do RN , que afirmou desprezar o movimento LGBT”e sugeriu tratamento psiquiátrico a pessoas que fazem parte deste movimento. São práticas anticivilizatórias que precisam ser combatidas. Precisamos esclarecer o povo do perigo que representa estes discursos e práticas. Eles tem conteúdo fascistas e são incompatíveis com a democracia pela qual lutamos.

BLOG NA BOCA DA NOITE – O presidente Bolsonaro utiliza como estratégia para se manter no poder a tentativa de criminalizar a esquerda. O senhor será candidato pelo mais longevo partido de esquerda do país. O senhor acredita que até outubro, haverá quem ainda alimente algum sentimento de hostilidade em relação à esquerda?

PAULINHO SILVA – Nós temos hoje na presidência um governo que sintetiza o que há de mais reacionário na nossa sociedade. Um presidente rodeado de forças conservadoras que incentiva o ódio, a perseguição e até a morte de todos aqueles que se contrapõem ao seu projeto. Essas práticas caracterizam bem um governo fascista, que elege o outro, o diferente como inimigo a ser eliminado. Historicamente, a esquerda tem sido atacada por estas forças políticas reacionárias. Podemos citar como exemplo a experiência do meu partido com os governos da ditadura militar. Perdemos muitos camaradas que se jogaram na luta em defesa da democracia e dos direitos de nosso povo, como efeito da repressão, do autoritarismo e da violência desses governos. Hoje o bolsonarismo representa este pensamento, modo de governar. Para se manter no poder tudo fará para impedir a vitória das forças progressistas e de esquerda. Assim criminalizar a esquerda é a única forma de continuar sua política. Daí a necessidade que Bolsonaro tem de produzir a mentira para atacar os que, na verdade, defendem a democracia, os direitos do povo.

Certamente vamos conviver com esses ataques e eles continuarão mesmo com a iminente derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022. Mas o resultado das eleições mostrarão que o bolsonarismo não tem mais tanta força assim, influência no imaginário coletivo como foi em 2018. O povo viu o uso das fake news, entendeu que o governo mentiu, viu que seu projeto comprometeu a vida da população. Quem o acompanha só não consegue ver isso ou porque tem uma falha ética ou porque falta esclarecimento que o faça enxergar o mal que este governo produz. Por isso, nossa tarefa será trabalhar no sentido de mostrar isso ao povo: quem de fato está do seu lado.

Vamos mostrar quem de verdade é responsável pelo aumento da fome hoje, quem foi responsável pela morte de milhares de brasileiros, por não iniciar imediatamente o processo de vacinação da população atingida pela Covid, quem é responsável pela carestia, os preços dos combustíveis, os cortes na educação, cultura e saúde.

Muita gente já está entendendo que o caminho é pela esquerda. Que na política brasileira os avanços, as conquista se deram pela intervenção da esquerda e sua capacidade de se articular com as forças progressistas para aprovar projetos em favor da população. Se olharmos para atuação da bancada do PCdoB no Congresso, vamos nos dar conta de uma atuação política exemplar em favor do povo.

BLOG NA BOCA DA NOITE – Aliás, como o PC do B tem se preparado para as eleições vindouras?

PAULINHO SILVA – No plano nacional nosso projeto é derrotar Bolsonaro. A luta para derrotar Bolsonaro nas eleições de 2022 é uma tarefa de todos e todas que defendem a democracia e melhores condições de vida e de trabalho para o povo brasileiro. Por isso o PCdoB colocou todo esforço político na formação de uma frente que apresentasse um projeto capaz de tirar o país da crise social, política e econômica. Na sua participação nas diretrizes da Federação Brasil da Esperança, o partido defendeu essa orientação.

Tirar Bolsonaro do poder é uma urgência e uma necessidade. Mais que isso, a luta do PC do B é para derrotar o conservadorismo bolsonarista, essa onda reacionária que compromete o estado democrático de direito. A vitória dessa Federação representará o resgate do Estado Nacional democrático, da recuperação da economia nacional, da valorização do trabalho, empregos e renda, de reformas sociais para o bem-estar do povo, da defesa do meio ambiente em função da soberania e do desenvolvimento do país.

Nos Estados, devemos apostar em candidaturas que se comprometam com as diretrizes acima. Assim, no Rio Grande do Norte, a reeleição de Fátima Bezerra é uma tarefa da maior importância pelo comprometimento de seu governo com a democracia e com o desenvolvimento do nosso estado.

Nosso esforço será ainda eleger deputados da Federação, em especial as candidaturas apresentadas pelo PCdoB em sua convenção. Como é próprio do Partido, estamos com pré-candidaturas que tem, cada uma delas, uma história de luta e que representam importantes segmentos da sociedade: Júlia Arruda (Natal) e Luciclaúdio Bezerra (Santa Cruz) como pré-candidatos/as a deputada/o estadual respectivamente e Patrícia Santigo (Natal), Vilma Leão (Parnamirim) e Paulinho Silva (Mossoró) como pré-candidatos/as a deputada/deputado federal.

BLOG NA BOCA DA NOITE – O Brasil vive um dos momentos mais tristes de sua história, em quase todos os aspectos. Como convencer o eleitor de que é preciso, a partir do voto, mudar essa realidade?

PAULINHO SILVA – Bolsonaro tem sido um gestor incompetente, antidemocrático, insensível com relação as necessidades do povo, desrespeitoso com as instituições democráticas, com as diferenças. Ele ataca as mulheres, negros e homossexuais, produz e alimenta o discurso de ódio. Sua atuação na política é composta por falas e ações que envolvem a apologia ao estupro, ao racismo e estimulam o preconceito. É mentiroso e precisa ser banido da vida pública. Ele precisa responder por seus crimes. Há 7 indicações de infrações de Bolsonaro ao código penal no relatório CPI da Covid. Ele tem incentivado o desmatamento da Amazônia e o ataque às terras e direitos indígenas, aos direitos dos trabalhadores, mulheres, negros e população LGBT+. Sua política econômica fez o Brasil regredir, rebaixando seu lugar na economia mundial. Seu governo aprofundou a fome do povo, o desemprego, promoveu a carestia.

Nós vamos conversar com o povo, mostrando que não podemos continuar com este governo. Ele é nocivo ao Brasil, ao seu desenvolvimento e as nossas vidas. Vamos convocar nosso povo para o combate coletivo a este projeto de Bolsonaro e em nome de princípios democráticos, de igualdade social e de oportunidades, vamos juntos construir um Brasil da felicidade, da paz e do desenvolvimento.

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