Perdemos essa batalha, mas ela serviu pra que a gente entenda como funciona a política em Mossoró e como as máscaras caem. Foi mais ou menos assim que Dávida Oliveira, mãe atípica se referiu à forma como os vereadores da bancada de Allysson Bezerra (UB) quebraram o compromisso que havia assumido com as elas genitores e com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Foram 17 votos favoráveis à excrescência. Todos da bancada de Allyson. OProjeto de Lei 115, além de afrontar a Lei Brasileira de Inclusão, vai trazer prejuízos irreparáveis à educação das crianças com deficiência.
O episódio serviu, no entanto, para definir qual é, de fato, o papel do vereador Petras Vinícius (PSD) no cenário da inclusão em Mossoró.
Para as mães que lutaram para barrar o danoso projeto e para quem acompanhou o processo nesses últimos dias, não há dúvida: Petras Vinícius é um traidor da inclusão.
Tão falso quanto Judas Iscariotes, que traiu Jesus com um gesto fraterno.
Tão perigoso quanto Marcus Junius Brutus, que não só traiu Júlio César como participou da trama para matar o imperador, que era nada menos que seu pai adotivo. Ou tão ardiloso quanto Pinochet que, escolhido por Salvador Alende para chefiar o Exército chileno e três semanas depois deu um golpe e instalou uma das mais sangrentas ditaduras da América Latina. Fingindo amizade, Pinochet ofereceu um avião para Alende fugir, mas a intenção real era derrubá-lo com o ex-presidente dentro.
Para quem foi traído pelo gesto mesquinho, desonesto e desrespeitoso da bancada de Allysson, Petras agiu exatamente com esses ardis. Fingindo bondade, prometendo lutar e, na surdina, tramando para cumprir a ordem do prefeito.
Petras não traiu apenas seus eleitores. Traiu a inclusão. Traiu os estagiários. Traiu os professores de Mossoró.
Que se arrependa antes de ter o fim triste que a história reserva aos traidores.
Petras
O vereador Petras Vinícius (PSD) foi eleito em Mossoró se apresentando como um defensor da causa da inclusão. É comum ver o parlamentar participando de ações nessa área. Só há uma ressalva nessas participações: precisam ser de ações promovidas pela prefeitura ou que tenham o prefeito Allyson Bezerra (UB) em destaque. Se não for nessas condições, nem chamem Petras que ele não vai.
Mas, mais do que fazer de seu mandato e de suas contas nas redes sociais instrumentos de propaganda da gestão municipal, Petras tem recebido muitas críticas por se esconder da verdadeira luta travada pelas pessoas com deficiência e/ou pelos parentes delas. Seja na área da saúde ou na educação, para ficar em dois exemplos, Petras não dar uma ajuda mínima. Sequer reproduz em suas redes sociais uma fala, uma atividade, uma reclamação de quem, de fato, está tentando qualquer melhoria para a inclusão.
Mães atípicas realizaram dois atos públicos na cidade para pedir à prefeitura melhorias no setor e Petras não deu as caras em nenhuma delas.
“Petras não representa a inclusão. Na verdade, ele é uma farsa”, denuncia uma mãe atípica, sob pedido de anonimato. A declaração forte dessa genitora encontra eco na postura servil e subserviente de Petras ao poder.
Nos últimos dias, por exemplo, o prefeito Allyson Bezerra enviou a Câmara Municipal um projeto de lei absurdo. Que fere de morte a política de inclusão e tem potencial de trazer prejuízos irreparáveis para a educação de pessoas com deficiência.
A proposta prevê a contratação, por meio de bolsas, de 800 pessoas para atuar como auxiliares de crianças com necessidades educativas especiais.
Contactado pelo Boca da Noite, na manhã desta segunda-feira, 31 de março, para falar sobre o projeto, Petras Vinícius saiu pela tangente. Não respondeu de forma objetiva a nenhuma das perguntas, limitando-se a dizer que a proposta está sendo discutida.
Ele foi perguntado se concordava com o projeto do jeito que está, se acredita que é necessário mudar, se não vê que da forma que está a proposta tende a trazer mais prejuízos do que benefícios.
O vereador se limitou a dizer que projeto semelhante já é sucesso em outras cidades. Ao ser questionado se a qualificação dos pretendentes, nas cidades citadas por ele, é a mesma de Mossoró, Petras afirmou que a formação que será ofertada pela prefeitura supre qualquer lacuna de qualificação que os bolsistas eventualmente terão.
O posicionamento de Petras Vinícius, especialmente sobre essa questão, vem gerando questionamentos, porque pessoas que de fato lutam pela inclusão, como o ativista da inclusão, veem a proposta de Allyson meramente como projeto eleitoreiro.
O vereador Petras Vinícius (PSD)voltou à Câmara de Mossoró depois que se colocar como representante e defensor de uma grande causa: a inclusão. Aproveitando a força das redes sociais, passou, então, a fazer as mais diversas postagens com pessoas e entidades ligadas à área. Foi suficiente para criar a imagem de militante da inclusão.
Ocorre que Petras, que sempre foi ligado à ex-prefeita Cláudia Regina (PP) sucumbiu aos encantos do poder e foi cooptado pelo Palácio da Resistência. Parece que mais do que aproveitar do prestígio que Petras tem no setor, o que o prefeito Allyson Bezerra (UB) quis mesmo foi calar Petras.
Evitar que sua força como suposto militante fosse usada contra ele, afinal de contas, o prefeito atua diariamente contra as entidades que trabalham com a inclusão, a ponto de não repassar a elas nem as emendas impositivas destinadas pelos vereadores.
A estratégia deu certo. Petras segue sendo um militante de ocasião. Sempre que a prefeitura realiza um evento midiático para simular apoio à inclusão, Petras se faz presente. E reproduz a narrativa governista em suas redes sociais.
Petras, no entanto, não aparece quando a inclusão precisa. Não se tem registro da presença, por exemplo, de Petras no CapsI, onde falta médicos e vagas para atender a demanda de saúde mental infanto-juvenil.
Petras não tem encampado as mobilizações políticas das pessoas de que de fato lutam pela inclusão, como as mães atípicas e os pais que lutam por melhorias da educação especial.
Somente este ano, as mães atípicas promoveram dois protestos denunciando o descaso da gestão Allyson Bezerra com a inclusão: em 27 de janeiro, no Centro Administrativo da Cidadania, e 11 de fevereiro em frente à prefeitura. Petras levou falta nos dois. Sequer reproduziu em suas redes sociais às publicações das mães lutadoras.
O vereador virou, verdadeiramente, um militante de ocasião. Quando o ato é favorável ao prefeito, ele sempre está presente. Petras precisa provar que não usou a causa – tão importante – apenas para voltar à Câmara Municipal. Por enquanto, é isso – e somente isso – que está parecendo.
O ex-vereador Petras Vinicius (sem partido) passa a compor a equipe de auxiliares do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (Solidariedade).
Ele será assessor especial da Secretaria da Ação Social,e terá como missão assessorar o município na elaboração e execução da política de acessibilidade e inclusão.
Petras foi secretário-executivo da Vice-prefeitura (2005-2008) e Secretário de Relações Institucionais da prefeitura (2013), além de ter exercido mandato de vereador (2017 a 2020).
Sua nomeação para o novo cargo foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM)
O ex-vereador Petras Vinícius anunciou nesta quarta-feira, 6/4, sua desfiliação do União Brasil, partido que resultou da fusão do Democratas (a qual Petras integrava desde 2005) e do Partido Social Liberal (PSL).
A saída de Petras acontece logo após a chegada do grupo político da ex-deputada Sandra Rosado à nova agremiação. O ex-vereador tem forte ligação com a ex-prefeita Cláudia Regina (União Brasil) e que foi cassada a partir de ações patrocinadas por Larissa Rosado, filha de Sandra, e que perdeu as eleições de 2012 justamente para Cláudia.
Petras vai continuar na política, mas ainda não anunciou a qual partido deverá se filiar. Veja o anúncio do ex-vereador:
“Anúncio minha desfiliação do UNIÃO BRASIL, partido que nasceu da Fusão do Partido Social Liberal (PSL) com o Democratas(DEM), partido do qual sou filiado desde 2005.
Sou grato aos meus líderes e colegas de partido pela convivência e trabalho nessas quase duas décadas, desde quando ingressei na vida política pelo extinto PFL Jovem. De lá para cá, uma trajetória que muito me orgulha: o convite da vice-prefeita Cláudia Regina para secretariá-la; depois, assessorá-la na Câmara dos Vereadores de Mossoró; estive à frente da secretaria de Relações Institucionais da Prefeitura de Mossoró e, por último, Mossoró me confiou uma cadeira de vereador no Legislativo municipal (2017/2020).
É chegada a hora de reorganizar o rumo da minha vida político-partidária e, jamais, tomaria tamanha decisão sem a conversa respeitosa com os meus familiares, líderes políticos e vocês, amigas e amigos que caminham comigo. Por onde eu passei, empreendi esforços no cuidado com as pessoas que mais precisam da gente. É nisso que acredito e essa é a missão que me mantém na vida pública.
Muito obrigado pela confiança e parceria. Independentemente de partido, independentemente de cargo, nosso trabalho continua!”
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