No mês de junho, a Igreja Católica celebra a festa de três grandes santos: Santo Antônio (dia 13), São João Batista (dia 24) e São Pedro (dia 29). Essas festividades, trazidas para o Brasil pelos colonizadores portugueses, ficaram popularmente conhecidas como Festas Juninas.
Há 25 anos Mossoró resolveu contar um pouco dos seus momentos históricos em um evento chamado “Mossoró Cidade Junina”. Em resumo: temos uma mesma história sempre contada de forma diferente. No próximo ano, se o diretor de ornamentação da festa ou até mesmo quem for dirigir o espetáculo Chuva de Bala quiser incrementar, incluindo um fato novo, há muitos acontecimentos vividos neste cidade junina de 2022 passíveis de adaptação para a festa cênica. A maioria desses fatos, protagonizados pelo prefeito Alysson Bezerra (Solidariedade).
Nem o mais progressista dos evangélicos imaginaria, preveria ou cogitaria que o prefeito da cidade, evangélico desde dos seus 14 anos, vestiria camisa xadrez, colocaria chapéu de palha na cabeça e, heresia das heresias, dançaria um xote ao som de Bel Marques. Inclusive simulando tocar um pandeiro.
Para completar o cenário de “desvio de conduta religiosa”, para usar uma expressão comum em algumas denominações, na apresentação de Júnior Viana o prefeito fez discurso logo após o cantor cantar a música “Bote bebida pro vaqueiro”, em cuja letra o cantor cearense estimula o uso da bebida, da sedução e, pasmem, do sexo.
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As novidades não param por aí. O prefeito tem sido figura sempre presente nos camarotes das grandes empresas da cidade, além de fazer discursos em todos os grandes shows que aconteceram no palco principal do evento. Claro proselitismo político em festa bancada com dinheiro público. Com, claro, o cometimento de alguns pecados. “Misericórdia”, devem estar dizendo, com assombro e vergonha, alguns irmãos.
A postura de Allyson chama a atenção porque a sua presença no Mossoró Cidade Junina é bem mais recorrente do que faziam gestores anteriores. Não é exagero afirmar que no discurso religioso do gestor, “Mossoró Cidade Junina é uma festa do mundo”. O leitor sabe bem o que essa expressão quer dizer. Sabe o quanto ela é presente em determinados templos.
Depois da temporada junina, não se sabe qual será a tática do prefeito para o seu divino retorno ao mundo dos evangélicos, que não estão acostumados em vê irmãos adorando santos, assim como o fez o prefeito, que ficou de joelhos aos pés de São João Batista e seus convidados.
Resta saber a quem o prefeito vai pedir para interceder em seu favor na hora de pedir desculpas ou perdão pelo claro desreespeito aos dogmas da religião que pratica. Os evangélicos, em sua maioria, não prestam o culto ou a adoração a Maria ou outros santos que foram canonizados pela Igreja Católica ao longo da história. É assim o seu credo. É assim a sua prática religiosa. E assim deve ser respeitada por todos. Inclusive pelo prefeito, que é um evangélico.
Estamos na última semana de shows, coincidentemente, uma das mais caras do evento. Nesse final de semana derradeiro, vamos ter Toca do Vale, Fagner, Alceu Valença e Bartô Galeno, além de várias outras atrações. A pergunta que o povo faz nas ruas da cidade é se o prefeito vai deixar Bartô cantar a música “Saudade de rosa”. No que diz direito às pessoas se divertirem no MCJ sem serem importunadas com a quase onipresença de gestor oportunista, a Rosa deixou saudade.
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