Resistência
O prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB) controla tudo na cidade: com poder ou com ameaça. Por aqui, ou se segue a regra do gestor ou se deixa a cidade. Ninguém escapa disso: jornalista, político, padre, vendedor. Todos estão sob esse jugo.
O contraponto a esse autoritarismo deve ser exercido na Câmara Municipal de Mossoró. Ali, no entanto, o absolutismo governista é tão grande que há gabinetes de vereadores da situação que sequer tem assessores. Por uma razão muito simples: o prefeito ainda não autorizou as nomeações. Para termos uma ideia do absurdo.
Cabe à oposição resistir. São dois mandatos nesse campo. Ambos exercidos por mulheres: Marleide Cunha e Plúvia Oliveira (PT). Tem cabido a elas fazer o enfrentamento. Mesmo sofrendo toda sorte de violência. Apesar de todo o machismo que impera na Câmara e no Palácio da Resistência.
Um terceiro vereador ainda se mantém na trincheira da oposição. Jailson Nogueira, do PL. Bolsonarista convicto, Nogueira não quer muita proximidade com o PT, mas não se sente confortável no governismo, principalmente porque sua família tem sofrido muita perseguição de Allyson Bezerra.
Outros 3 vereadores (Doutor Cubano/PSDB, Cabo Deyvison/PL, e Mazinho do Saci/PL) se colocaram no grupo dos “independentes”, eufemismo atribuído muitas vezes aos covardes. Gente que é de fato governista, maqs como ainda não recebe por essa posição, finge que vai votar contra o que a palácio mandar.
O atual grupo de “independentes” é tão fajuto que o líder da oposição (Doutor Cubano) votou a favor dos projetos de Allyson (aumento de cargos, mais gastos públicos, ampliação do cabide de empregos, fim de conselhos, e duas inconstitucionalidades) e o vice-líder (cabo Deyvison), além de também fazer coro a Cubano, quis brigar com manifestantes que mostraram os problemas na proposta governista.
Mais do que isso. Cabo Deyvison chamou manifestantes pare resolver as coisas “no bofete”. Sua “brilhante retórica” inflamou os ânimos a ponto de um assessor da vereadora Marleide Cunha ter sido agredido pelos jagunços governistas que vem por outra se travestem de assessores parlamentares.
Há quem diga que o cabo seja extensão da crueldade governista. Que foi “alugado” para tumultuar as sessões. Como se diz de oposição, é uma forma de criminalizar esse grupo político na Câmara. De fazer passar para a sociedade que os oposicionistas são baderneiros.
Na terra da resistência, nunca foi tão difícil resistir. Especialmente quando se enche o Legislativo de cavalos de troia e de “jumentos batizados”. Com todo respeito aos asininos.

- O Palácio da Resistência iniciou nesta quinta_feira , 3/10, ostensiva operação eleitoreira.
A forte ofensiva tem dois objetivos fundamentais. O primeiro deles é garantir que Lucas das Malhas (UB) não se reeleja.
Na manhã de hoje, o Planalto 13 de Maio está tomado de cabos eleitorais de diversos partidos governistas avançando sobre os eleitores de Lucas. O Planalto é o reduto de Lucas.
Também nesta quinta-feira, ocupantes de cargos comissionados de segundo e terceiro escalões estão disparando ligações telefônicas para funcionários de empresas terceirizadas. Não só pedem voto para João Marcelo (PSD) e Thiago Marques (SDD), mas para fazer terrorismo eleitoral. Dizem aos que recebem a ligação que somente a eleição de João e Tiago é capaz de salvar o emprego dos terceirizados. Até dia domingo, o assédio deve se intensificar ainda mais. - Para completar o cenário, blogs aliados divulgam hoje pesquisas em que João e Thiago aparecem em destaque.
A organização social é um dos pilares da democracia. É sustentáculo da liberdade. É força-motriz da resistência.
É com ela que os absurdos são denunciados, os abusos são cessados e os tiranos são depostos.
A organização social como instrumento de busca pela melhoria coletiva é um dos mais belos primados da humanidade.
Grupos de mães, clubes de serviços, associações comunitárias, grupos de jovens, grêmios estudantis, estão aí algumas das formas mais comuns de organização. Reconheça-se que, com poucas exceções, eles andam meio sumidos. Ou andavam.
Na última quinta-feira, estudantes da Escola Municipal Antônio Fagundes denunciaram atrocidades da gestão da escola para impedir que criassem um grêmio naquela unidade de ensino. Mesmo com o poder público tentando impedir, meninos e meninas, moças e rapazes foram até o fim em seu intento.
No dia seguinte, a reação da gestão municipal foi ainda mais atroz: impediu que os estudantes tivessem acesso à escola. Vejam só: a gestão Allyson Bezerra, que já havia impedido professores e funcionários de trabalhar, impediu estudantes de estudar.
Os brioso jovens, no entanto, não se deram por vencido, embora sejam eles os grandes vencedores: foram em ato coletivo protestar na Secretaria Municipal da Educação (SME).
Não poderiam dar melhor exemplo: aos demais colegas, de que é preciso lutar. À gestão da escola, que é necessário resistir. Ao secretário de Educação, de que nenhum cargo vale a nossa dignidade.
A Mossoró: de que um ditador dá as cartas na cidade, e que todos precisam lutar para se livrar de suas amarras.

* Márcio Alexandre
Ser professor, pra mim, sempre foi sinônimo de luta. Pelo outro e por mim mesmo. Sempre foi, ao mesmo tempo, uma dádiva. Principalmente pra mim. Realizo-me nesse benfazejo ofício. Vejo como sacro. Imaculado. Bênção divina.
Inspirando-me em grandes mestres que tive, me vi, “de repente, não mais que de repente “, apaixonado pelo fazer pedagógico. Pelo ato educativo.
Recebido como primícia, cuido dele com denodo. Desenvolvo-o com afinco. Cuido dele com amor. Exerço-o com compromisso e responsabilidade.
Tenho-a como um ofício-dever. E devo dizer que o dever não é apenas com as tarefas da aula. Com os compromissos extrassala. Ser professor é assumir um múnus público dos mais importantes.
Educar é realizar ações de cidadania. É querer o outro sempre melhor que nós. É não se conformar com injustiças. É não calar com barbaridades.
Às vésperas de completar 22 anos de sala de aula, vejo-me feliz, apesar de estarmos desempenhando, eu e meus colegas mossoroenses, a docência no pior momento da história da educação de Mossoró.
Vivemos sob a égide do pior gestor que a cidade já teve. O engenheiro Allyson Bezerra (União Brasil) não é só um incompetente para a educação.
É um tirano com vestes de gestor. Um ditador travestido de prefeito. Um inimigo da educação. Um algoz dos educadores.
Nos persegue, querendo tirar de nós nossa autoridade pedagógica, nosso lugar de fala, nossa legitimidade docente.
Nunca, como hoje, foi tão necessário dar à reflexão a necessidade da luta. À celebração a necessária resistência.
Sou realizado como educador. Sou feliz como professor. Apesar de Allyson. O ofício docente é maior do que qualquer coisa. Principalmente dos pequenos de espírito. Dos vis de sentimentos.
Feliz Dia de Resistência a todos os colegas professores. Especialmente para os que precisam combater os carrascos que se acham importantes. Não importa onde estejam. Estarão sempre no esgoto da História. “Eles passarão. Nós passarinhos”.
* Professor e jornalista
Ilustração: Getty Image
(Republicado por ter sido apagado em ataque hacker)
* Márcio Alexandre
Os vereadores governistas ficaram atônitos. O palácio tremeu. O gabinete do ódio entrou em parafuso. A cidade viu uma grande lição. A história presenciou um grande feito. E tudo foi feito ordeira e pacificamente.
A ocupação do plenário da Câmara Municipal de Mossoró por servidores públicos nesta sexta-feira, 9/6, é o maior e mais importante fato político e histórico da cidade nos últimos anos.
Professores, guardas, enfermeiros, garis, assistentes sociais e tantos outros membros das várias categorias se transformaram num só: servidores. Conscientes, corajosos, decididos.
Foi com classe. Com consciência. Com convicção.
Sem baderna. Sem arruaça. Sem quebra-quebra. Mas quebrou o discurso mentiroso. Arruinou a estratégia governista. Aniquilou a proposta revanchista.
Foi uma grande lição. Pra encher Mossoró de verdades e o coração de esperanças.
Com aprendizado para todos.
Para o prefeito aprender que não se governa sem dialogar.
Para os vereadores governistas saberem que não se negocia direito alheio.
Para a imprensa governada perceber que quando se tem razão não há fake news que impeça a verdade de avançar.
Para a população saber quem é que de verdade faz a cidade resistir.
Foi mais que a vontade de vencer. Foi mais que a necessidade de lutar. Foi além do desejo de manter uma conquista.
Foi para dizer que com direito não se brinca, com servidor não se tripudia e com mentira não se ganha.
Para ficar claro que não se abre mão com facilidade do que se conquistou com tanta dificuldade.
A tirania não meteu medo. As ameaças não diminuíram o ímpeto. O sistema opressor não foi maior que a luta contra a opressão.
Servidores públicos de Mossoró: a História se orgulhará de vocês. Que os livros do futuro contem essa grande lição do presente. Vocês deram de presente à cidade mais um motivo para se ter ainda mais orgulho dessa terra. Resistência não se diz. Resistência se faz.
* Professor e jornalista

Em 19 de fevereiro de 1989, o jornal Gazeta do Oeste publicava matéria informando sobre a mudança de categoria da Associação dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró para sindicato. Sob o título “ASPMM agora é sindicato”, dizia o texto: “Os servidores públicos do município de Mossoró, vinculados por relações empregatícias aos poderes Executivo e Legislativo, bem como as suas funções e autarquias, que durante muitos anos amargaram a discriminação em relação aos demais trabalhadores do setor privado, no que concerne aos direitos, fiscalização, de greve e outros, decidiram em assembleia geral extraordinária no dia passado, transformar a Associação dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (ASPMM) em sindicato, se beneficiando do direito de passar a sindicato aprovado pela nova constituição federal. A ASPMM, a partir de agora, passa a ser o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (SINDISERPUM), que tem a princípio a unicidade orgânica e a pluralidade política, como forma mais eficaz de lutar pela autonomia sindical perante o Estado, os empregadores, os partidos políticos e as instituições religiosas para o fortalecimento da sociedade civil e consolidação do Estado de direito democrático. Depois de transformar a ASPMM em sindicato, os servidores elegeram a diretoria provisória, ficando como presidente Lourival de Góis e Secretário José Andrade.
Veja a matéria completa produzida pela assessoria do Sindiserpum acessando aqui
* Márcio Alexandre
Segunda metade dos anos 90. Estudava Pedagogia, curso que concluí com as dificuldades de conciliar estudos e trabalho na imprensa, onde jornais fechavam tarde e abriam cedo. Ela cursava Ciências Sociais. Trabalhávamos no mesmo diário.
Nosso patrão era um entusiasta da educação. Um apaixonado pelo conhecimento. Mas amava mesmo que seus filhos tivessem o melhor ensino e acessassem o maior conhecimento. Isso talvez explique o que fez contra nós.
O dono do matutino começou a criar dificuldades para que continuássemos a estudar. Instituiu horários quase “incumpríveis”. Resistíamos. Seguíamos no nosso propósito. Tínhamos a mesma percepção de mundo, a despeito de exercermos um ofício sob o qual recaía algum glamour. O jornalismo, naquela época, era uma profissão que poderia fazer desavisados se acharem mais do que realmente eram.
Eu e Izaíra Thalita seguíamos com pés no chão. Não nos iludíamos com confetes que jogavam sobre nós. Gente que nos enaltecia sempre com segundas intenções. Nossa intenção maior era aprender. Crescer profissionalmente, tanto no exercício prático do jornalismo quanto na busca por novos aprendizados.
Mesmo percebendo que não nos dobraríamos a seu capricho malfazejo, o homem seguiu com suas invencionices. Não parou em suas maléficas tentativas de nos impedir de seguir como acadêmicos. Todas malogradas.
Uma de suas jogadas mais desleais foi estabelecer um plantão diário. Teríamos que ficar pelo menos ate as 18h, mesmo que já tivéssemos entregue nossas matérias jornalísticas e até mesmo já tendo acompanhado o fechamento de nossas páginas e até das editorias.
Izaíra tinha um simpático Fusca. Um carro bem cuidado e que tinha um toca cd player. Um charme. Lembro até da playlist. Um percurso de papo cabeça e música de qualidade.
Minha colega jornalista passou então a ir direto do jornal para a faculdade. Em sua imensurável grandeza e grande sensibilidade, me ofereceu carona. Diária. Eu já morava no Nova Vida. Dependia de transporte público. Sair do jornal às 18h e estar na UERN às 19h talvez não desse tempo nem se eu tivesse um carro.
Foi assim que consegui concluir o período que me permitir ir adiante e chegar à conclusão do curso. Foi assim que percebi que os resistentes são solidários, amigos e companheiros. Foi assim que percebi em Izaíra uma amiga resistente e de parceria.
Um registro de agradecimento. Um reconhecimento aos que resistem. Sobretudo nesses tempos em que “progressistas” sucumbem se apequenando. E os resistentes se agigantam no silêncio de suas bondades. Valeu, Izaíra Thalita.
* Professor e jornalista
Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com

Na próxima semana as mulheres estarão nas ruas mais uma vez, em mais um ato do 08 de março, Dia Internacional da Mulher, para lembrar que essa é uma data de lutas e de reivindicações. Em todo o país os movimentos de mulheres irão às ruas com o mote “Pela Vida das Mulheres: Bolsonaro Nunca Mais! Por um Brasil sem Machismo, Racismo e Fome”.
A Marcha Mundial das Mulheres em Mossoró irá realizar uma ação política em frente ao Centro Feminista 8 de Março, no dia 08, a partir das 8h da manhã, com feira de economia feminista e solidária, dando visibilidade ao trabalho das mulheres, baseado nos princípios da agroecologia, da economia solidária, tendo a sustentabilidade da vida.
“vamos construir um espaço livre da economia que gera fome e miséria e mostrar na prática que é possível uma outra economia baseada na igualdade”, diz Conceição Dantas coordenadora do CF8. Nesse espaço de vivência, haverá ação cultural, batucada feminista e intervenção do Bloco Alô Frida.
Além da feira pela manhã, realizará também o ato em Mossoró que será às 16h30, na Praça do Pax, reunindo mulheres de diferentes movimentos e organizações sociais, entre elas, a Marcha Mundial das Mulheres, que sempre toca os principais atos do 08 de março em Mossoró.
“Esse ano de 2022 será decisivo pro Brasil. Com as eleições presidenciais chegando, nós mulheres, que sempre estivemos nas trincheiras, temos a chance de derrotar Bolsonaro, e com isso, dizermos não ao machismo, ao neoliberalismo, ao negacionismo, e de construirmos o país que queremos, que coloque a sustentabilidade da vida como prioridade”, destaca Plúvia Oliveira, militante da Marcha Mundial das Mulheres.
Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com
