A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) participou de uma audiência pública quarta-feira, 13/9,

no Ministério Público Federal (MPF), sobre a importância de ações contra a intolerância religiosa. Na pauta, o reconhecimento da Louvação ao Baobá como patrimônio cultural e imaterial do Rio Grande do Norte.

Na Câmara Municipal de Mossoró e na Assembleia Legislativa do RN tramitam projetos com essa temática, daí a importância do evento, articulado pela Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade (Diaad) e pelo Fórum das Comunidades Tradicionais de Terreiros de Mossoró junto ao MPF.

As propostas legislativas tiveram por fundamento uma dissertação de mestrado da Linha de Pesquisa – Práticas Educativas, Cultura, Diversidade e Inclusão do Programa de Pós-graduação em Educação (Poseduc), da Uern. “Louvação ao Baobá na cidade de Mossoró: memórias, identidades negras e saberes ancestrais/2023” é o título do trabalho, realizado pelo ex-aluno Lucas Súllivam, filósofo e coordenador-geral do Fórum das Comunidades Tradicionais de Terreiros de Mossoró.

“Um momento muito importante de sensibilidade, articulação de saberes e respeito à liberdade religiosa. Um debate necessário no processo de combate à intolerância religiosa e de mobilização para o reconhecimento da Louvação ao Baobá como patrimônio cultural e imaterial do município de Mossoró e do RN”, disse o agora mestre.

Súllivam contou com a orientação da professor Ana Lúcia Aguiar, docente do programa de mestrado e titular da Dain.

A ideia é que, nas palavras da professora Ana Lúcia, “esse diálogo sensível, amoroso e responsável com o outro”, proposto pela dissertação, norteie os debates. “É um trabalho que desenvolvemos a várias mãos”, inclusive com consulta constante a pessoas que integram à Louvação ao Baobá na cidade e “têm essa história na pele, no corpo e na alma”.

De acordo com a professora Eliane Anselmo, a audiência retrata a importância de se reconhecer a Louvação ao Baobá como patrimônio imaterial da cultura, da cidade de Mossoró e do RN. “Esse momento é de visibilidade da religião africana, da religião afrobrasileira, da cultura negra. E não apenas de visibilidade, mas de resistência, de luta contra a intolerância religiosa, contra o racismo religioso, contra o racismo que o povo negro e sua cultura sofrem historicamente em nosso País”.

Pai Bolinha, do Centro Espírita de Umbanda Xangô Agojô, explicou o sentido da Louvação ao Baobá, que, segundo ele, “significa ancestralidade”. “É tanto que, num ano, a gente faz uma louvação aos pretos velhos, aos caboclos, e, no outro ano, a gente faz uma louvação aos orixás, porque nós não estamos louvando a árvore, nós estamos louvando a ancestralidade”.

Ao final, o procurador da República Emanuel de Melo Ferreira, que é também professor de Direito da Uern e um dos idealizadores da audiência, agradeceu aos participantes. “Foi um ato importantíssimo para a gente realizar aqui pelo conhecimento trazido”. Ele disse sair do debate com muito mais conhecimento sobre o assunto.

A audiência está disponível no canal do MPF no YouTube. Para assistir, clique aqui.

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