* Márcio Alexandre
A feira livre é uma festa. Numa cidade do interior, é inspiração. É bálsamo pra alma. Elixir para a alma. Canção para o peito.
É uma variedade de coisas boas. Uma loja de departamentos a céu aberto.
Na feira livre, por onde se virá os olhos se enche o olhar de poesia.
Nos tabuleiros de madeira emoldurados apenas pelos produtos que chegam do campo direto pra venda.
No gesto de três meninos e duas mulheres que não se cansam ao empurrar um carrinho já cansado.
Na churrasqueira improvisada que exala chamamento para as narinas.
No seresteiro que canta as canções que tocam o coração e fazem o boteco ser espaço disputado.
Na “chamada de cana” que de doce só tem o nome. E faz o homem chamar o outro pelo nome errado.
E num canto de parede, um dupla de violeiros canta o sertão e faz brilhar os olhos do sertanejo. Enaltece a natureza e afaga o coração do Criador.
A feira livre tem de tudo. Não há um setor do comércio que não esteja contemplado.
A farmácia se revela na profusão de chás, raízes e unguentos.
Para a criançada, a barraca dos brinquedos tem de tudo. Da bolinha de gude já quase esquecida ao carrinho de controle remoto que muitos ainda lembram.
O passeio de pessoas é um desfile de satisfação. Sacolas que carregam frutas e verduras sendo carregadas com alegria.
Palhas de peixe penduradas e, incrivelmente, sem atrair moscas ou mosquitos.
Gente de todos os cantos. Pessoas de todos os jeitos. Negócios de todas as formas. Formando todas as possibilidades. A feira livre é uma celebração da vida no interior. Pra encher de alegria o interior de quem gosta da simplicidade.
Imagem: Feira Livre da Serra do Mel na manhã deste domingo.
* Professor e jornalista
