* Márcio Alexandre

 

Uma escola particular resolveu fazer uma gincana. Bacana. Quis aliar conhecimento, cultura e solidariedade. Sensacional.
A comunidade escolar aderiu à ideia. Os alunos ficaram eufóricos. Os professores empenhados. Os pais, entusiasmados.
Tarefas definidas, mãos à obra. A escola seguia numa festa empolgante.
Das tarefas as quais os alunos tinham que cumprir, algumas ações sociais: distribuição de alimentos, atividades com população em situação de vulnerabilidade social, etc, etc.
Tudo corria bem até alguém ter que alguém teve uma “brilhante ideia”. Aliás, as aspas não são ironia pela proposta. É porque a ideia não brilhou por conta da desonestidade de alguns.
Sugeriu-se que a performance dos estudantes seria avaliada pelo público. Para tanto, foram postadas as apresentações em redes sociais para que fossem curtidas, comentadas, compartilhadas pelas pessoas. “Aí foi que o barraco desandou”.
Imaginem, pois, que alguns pais compraram as tais interações. Like comprado, curtida negociada, compartilhamento aliciado. Um desastre. A gincana que tinha tudo para ser coroada de êxito foi manchada pela má-fé. De pais. E de gente de boa condição financeira. Com capacidade de ter boa formação técnica. Moral, o episódio mostrou, não tem nenhuma.
O pior de tudo é o exemplo que deram aos filhos. Exaltaram a desonestidade como propósito. A trapaça como meta. A enganação como princípio. Vencer a qualquer custo. Ganhar de qualquer jeito. E fazer de todo jeito pra se sentir maior, melhor e mais importantes.
O se dar bem mesmo fazendo o mal. Que tempos tristes vivemos.

 

* Professor e jornalista

 

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