* Márcio Alexandre
Os professores e professoras de Mossoró estão adoecendo. De forma rápida e dolorosa. De corpo e alma. Da cabeça aos pés. Do coração ao intelecto. Dores visíveis de chagas imperceptíveis.
Adoecem das cobranças assediadoras. Das exigências para além das obrigações. Adoecem por não serem ouvidos, por não serem atendidos e, principalmente, por serem tão perseguidos.
Adoecem por fazerem demais e terem direitos de menos. Adoecem por serem obrigados a fazer muito e quando fazem – e estão sempre fazendo -, seu papel é invisibilizado. Sua importância é subestimada. Sua força é aniquilada.
As novas e draconianas leis, decretos e portarias do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) são um tiro na cabeça nos professores e das professoras. Humilhando pela força da tirania. Massacrando pela voragem da vilania. Adoecendo. Inclusive por tirar de nós até o direito de adoecer. Se é que existia.
Uma professora viajou à tarde para outro Estado para fazer uma cirurgia de retirada de mamas. Antes, pela manhã, teve que ir para a sala de aula. Não houve sensibilidade para liberar a docente para procedimento tão delicado.
Um professor se submeteu a um exame com sedação, e mesmo com um atestado de um dia para repouso e recuperação, teve um dia de salário descontado. Não aceitaram sequer o recurso apresentado à recusa do documento probatório.
Hoje, uma professora morreu. Doente, como quase todos(as). Pedindo socorro, com o sorriso que faz os tolos pensar que está tudo bem. Que faz os sensatos não perceberem que está tudo mal. Porque estão todos muito ocupados. Com suas obrigações e, principalmente, com suas dores. Dores desse adoecimento que se tornou projeto. Porque para o prefeito Allyson Bezerra só há uma vontade: a de aniquilar os professores. De fazê-los sangrar em praça pública. E de publicamente humilhá-los com sua horda de jagunços digitais.
Toda dor sentida por cada um dos professores e professoras da rede municipal de ensino de Mossoró tem uma causa: a tirania do prefeito Allyson Bezerra. Que recaia sobre ele também o peso pelas mortes que acontecerem. E já estão acontecendo.
Se o gestor tivesse um mínimo de humanidade, diria que nota de pesar pela perda de hoje seria nada mais nada menos que remorso.
* Professor, ainda vivo, semçpre resistindo. Porque se recusar a adoecer também passou a ser sinônimo de luta.
