Ministério Público Eleitoral pede cassação da prefeita e do vice de cidade do Vale do Assu

O órgão apontou a existência de provas robustas de compra de votos e abuso de poder político e econômico durante a campanha e no dia da eleição municipal

por Ugmar Nogueira
A+A-
Reiniciar

O Ministério Público Eleitoral (MPE) emitiu parecer favorável à cassação dos mandatos da prefeita de Pendências, Lays Helena Cabral de Queiroz (MDB), e do vice-prefeito, Gilberto de Oliveira Fonseca, eleitos em 2024. O órgão apontou a existência de provas robustas de compra de votos e abuso de poder político e econômico durante a campanha e no dia da eleição municipal.

O documento, assinado pelo promotor Edgard Jurema de Medeiros e juntado aos autos no último dia 10 de novembro de 2025, integra a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE nº 0600359-50.2024.6.20.0047), que tramita na 47ª Zona Eleitoral de Pendências.

Segundo o parecer, as irregularidades foram comprovadas por provas documentais, periciais e testemunhais, confirmando duas frentes de ilícitos eleitorais: compra de votos no dia do pleito e compra de apoio político mediante vantagens financeiras e médicas.

Compra de votos no dia da eleição

De acordo com o Ministério Público, a investigada Raquel Ferreira da Silva, que atuava como fiscal oficial da chapa da candidata Lays Helena, teria oferecido R$ 250 a cada uma das eleitoras Joyce e Juliana Santos em troca de votos (“casadinha” para prefeito e vereador). O esquema, conforme o documento, foi comprovado por atas notariais, comprovantes de PIX e gravações de áudio periciadas.

A defesa alegou que os valores se tratavam de empréstimos pessoais, mas o MP descartou essa versão com base nos laudos e nos depoimentos das testemunhas colhidos em audiência, os quais confirmaram a prática de compra de votos no dia da eleição.

Compra de apoio e exploração de vulnerabilidade

O parecer também destaca o caso da eleitora Joseane Rodriguez, paciente oncológica que teria recebido R$ 1.000 via PIX do coordenador de campanha Igor de Souza Luz, além de promessas de assistência médica e consultas, em troca do apoio político de sua família. Segundo o MP, o ato envolveu ainda o então prefeito Flaudivan Martins Cabral e a secretária municipal de Saúde Ludmylla Rodrigues Martins, ambos parentes da prefeita eleita.

Durante audiência, Joseane confirmou em juízo que recebeu os valores e relatou ter sido coagida após demonstrar apoio à candidata adversária. O Ministério Público classificou o episódio como um dos mais graves da investigação, por representar “exploração da vulnerabilidade de uma paciente com câncer em troca de apoio político”.

Responsabilidade dos candidatos

O parecer conclui que os atos ilícitos foram praticados por pessoas com vínculo direto e hierárquico com os candidatos eleitos, o que caracteriza a anuência e o benefício direto da chapa vencedora. “Os ilícitos foram praticados mediante o uso da estrutura de campanha e da própria máquina pública”, descreve o texto.

Diante das provas reunidas, o Ministério Público Eleitoral pediu:

Cassação dos diplomas da prefeita Lays Helena Cabral de Queiroz e do vice-prefeito Gilberto de Oliveira Fonseca;

Declaração de inelegibilidade por oito anos para ambos e para os demais investigados (Raquel Ferreira da Silva, Lenilson da Silva, Flaudivan Martins Cabral, Ludmylla Rodrigues Martins e Igor de Souza Luz);

Aplicação de multa por captação ilícita de sufrágio;

Convocação de novas eleições suplementares no município de Pendências, uma vez que a chapa obteve mais de 50% dos votos válidos.

O processo segue sob análise da Justiça Eleitoral da 47ª Zona, em Pendências, e aguarda decisão judicial. (Fonte: Justiça Potiguar)

Publicidade

Postagens relacionadas

Deixe um comentário

* Ao usar este formulário, você concorda com o armazenamento e o manuseio dos seus dados por este site.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Assumiremos que você está ok com isso, mas você pode optar por não participar se desejar. Aceitar Leia mais