* Márcio Alexandre

 

Casou zero surpresa a declaração pública do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) de que vai apoiar o bolsonarismo. Não é de hoje que ele é bolsonarista. Desde sua origem política. A partir de suas intenções. Demonstrado em suas ações. Está no íntimo do gestor mossoroense sê-lo. Seu perfil mostra o quanto é difícil separar ele do que pensa e faz o presidente miliciano.

Não é de hoje que se sabe que Allyson Bezerra é um mimado. É da natureza dos narcisistas querer que o mundo gire ao redor do seu umbigo. Lembra alguém?

Sua gestão à frente da prefeitura de Mossoró tem trazido à tona alguns traços de sua personalidade que até então a maioria desconhecia. As dificuldades que impõe aos servidores, a tentativa de retirada de direitos desses e a imposição de exigências burocráticas desnecessárias revelam o quanto é perseguidor. Há mais aspectos dessa sua faceta. São tantas, que será necessário um artigo apenas para isso. Conhecem alguém, na política nacional, que persegue os contrários?

Egocêntrico, não aceita dividir holofotes com ninguém. Mesmo que seja com pessoas que estejam ocupando cargos tão ou mais importantes que o que ele provisoriamente ocupa. Querem ter a certeza? Observem a cara de birrento que ele faz em todos os eventos em que tem alguém que Allyson considere mais importante que ele. Veja como é a relação de Bolsonaro com outros membros das esferas de poder e de governo.

Personalista, faz de tudo para imprimir à cidade a sua cara. Que ninguém sabe qual é. Colocar um chapéu de vaqueiro na cabeça soa tão verdadeiro quanto suas declarações a respeito do candidato que vai apoiar à Assembleia Legislativa. O chapeuzinho de um é um simulacro da arminha do outro.

Invadir salas de parto, mesas de cirurgia e atendimentos médicos não é só populismo barato. É quase propaganda nazista. Para Allyson, as coisas só existem se ele achar que contribuiu para que elas existissem. Ou que ele as tenha feito. Seria ele um arquiteto universal? Um criador divino? Um mito potiguar?

Na gestão Allyson, não tem nada feito com a contribuição dos outros. É assim que ele nega tudo o que a ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PP) tenha deixado de bom. É assim que evita divulgar as emendas que Beto Rosado (PP) tenha enviado. É assim, que ele se nega a comprar um castramóvel porque a emenda foi destinada pela deputada Isolda Dantas (PT).

Bolsonaro, todos lembram, não cria nada, apenas destrói o que os outros fizeram. Quando mantém o projeto, muda o nome. Por que será que o Projeto Viver Melhor ainda não foi retomado, hein?

Deselegante e mal-educado, não se atém sequer a institucionalidade para um diálogo harmonioso com outras autoridades. Mossoró lembra que no início da vacinação, para angariar popularidade, a gestão Allyson Bezerra fez uso de todo o estoque para primeira dose, sem deixar para a completude do esquema vacinal. Quando as doses minguaram, culpou o Governo do Estado.

Talvez os mossoroenses lembrem de alguém que sempre que erra cinicamente culpa os outros. Os ídolos de pés de barro às vezes fazem história. Arrebanham bobos. Multiplicam tolos.

Falta de transparência é outra similaridade entre um gestor e outro. Mossoró já sabe o desfecho do episódio do desaparecimento das vacinas? E o contrato de R$ 25 milhões com a Sama? Desde 16 de novembro que faço questionamentos à prefeitura sobre o assunto. Solicitei informações, tenho cobrado recorrentemente, diuturnamente, mas a gestão Allyson se nega a informar.

Agora, outra vez, o prefeito buscou mais um holofote. E mirou no Governo do Estado para ser escada no seu teatrinho parvo. Sua reluzente gestão mandou arrancar umas placas erroneamente afixadas numa calçada. Antes que alguém noticiasse a esparrela, mandou que o seu ministério da propaganda enviasse nota justificando o quase injustificável. Naquela base do “quem mente antes diz a verdade”.

O prefeito, useiro e vezeiro das tecnologias da informação e comunicação, não poderia utilizá-las para uma conversa amistosa, respeitosa, institucional com o Governo do Estado para apresentar os prováveis erros cometidos na colocação de tais instrumentos? Quem será o mito que nunca erra?

O “prefeito-influencer” não atentou ainda que boicotar o Governo do Estado é também boicotar a cidade que ele administra? Quando a arrecadação do Tesouro estadual aumenta, também não aumenta o quinhão que cabe à prefeitura?

Se é perseguidor, narcisista, centralizador, ególatra, populista, midiático e mandão, Allyson mostra de forma inegável que é o que nunca deixou de ter sido: bolsonarista. Mesmo que busque envernizar seu fascismo. Sim, quem embarca em qualquer projeto fascista, assim também o é.

Por mais que tente imprimir ares de progressismo à sua agenda e ao seu governo. Embora tente colocar o discurso em sentido contrário. Porque o fascismo que nega com palavras, ele prova com gestos. Estar ao lado de fascistas, por exemplo.

O apoio a Fábio não é por afeição aos Faria. Não é por verbas, ações, equipamentos, blá, blá, blá, blá, blá. Tudo pura balela. Se o ministro condicionou a vinda desses benefícios para o povo de Mossoró ao apoio do perfeito, cometeu crime. Quem aceitou é cúmplice.

Talvez não seja sem razão que logo após se eleger e antes de tomar posse, em dezembro passado, Allyson viajou a Brasília para posar com o presidente genocida. O apoio é por identificação com o ídolo. Se tirar o bolsonarismo de dentro de Allyson talvez não sobre nada. Não são iguais apenas as flexões de ambos. As reflexões também.

 

* Professor e jornalista

 

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