* Márcio Alexandre
Cinco ouros, nove pratas e doze bronzes, estipulou um país. Quatro ouros, onze pratas e treze bronzes, planejou outro. Quinze ouros, seis pratas e vinte bronzes, esperava um terceiro. No final, nenhum dos três chegou onde estipulou, planejou ou esperou. Pela força do inesperado. Pela beleza do imprevisível. Pela sedução do ocasional.
O menos cotado venceu, e deixou vários favoritos para trás. Quem menos esperava surpreendeu, e aumentou o encantamento pela modalidade. Outro se recusou a ser figurante, e deu mais emoção à disputa. Muitos decidiram que não iriam apenas cumprir tabela e cumpriram um grande papel no campeonato.
Quanta alegria o fortuito promoveu. Quanto encantamento o repentino criou. Quanta graça o imprevisível proporcionou. E seria uma chatice que o favorito sempre vencesse, o mais esperado ganhasse, o mais badalado triunfasse. Mesmo que fosse aquele para quem torcemos. Principalmente numa Olimpíada, onde os deuses parecem dar as cartas.
O abrupto, o casual, o episódico, o inopinado às vezes se vestem de extraordinário e sobem ao pódio. E isso dá ao esporte uma magia incalculável. Vale também para a vida. Especialmente para os momentos simples que teimamos em ignorar. Isso vale mais que ouro.
* Professor e Jornalista