* Márcio Alexandre
O primeiro passa e aponta para quem está gravando. Ao fundo, ouve-se um riso. Na sequência, um segundo indaga a quem está gravando: e aí? O terceiro levanta as duas mãos e diz: olha aqui, patrão, olha aqui patrão. Uma nova voz, de quem não se consegue identificar, afirma: pode filmar. O quarto praticamente repete o seu antecessor. Um pouco mais novo, entoa: siga o líder. O quinto passa a passos largos, e tenta ignorar a filmagem. O sexto, como que envergonhado, não olha para a Câmara. O sétimo faz sinal de legal com o dedo. O oitavo encara o filmador e também pergunta: e aí? Episódio quase dantesco.
A cena seria pueril se descrevesse comportamento de alunos da Sexta Série do Ensino Fundamental. Para tristeza e vergonha dos mossoroenses, trata-se de oito vereadores deixando o plenário da Câmara Municipal da cidade para esvaziar a sessão do Legislativo porque o chefe deles, birrento, não gostou de ter perdido uma votação na Comissão de Redação, Constituição e Justiça.
O relato acima descreve como deixaram o plenário do Legislativo os vereadores Zé Peixeiro (PP), Gideon Ismaías (Cidadania), Edson Carlos (Cidadania), Lucas das Malhas (MDB), Wiginis do Gás (Podemos), o sexto não é possível identificar com clareza -; Ricardo de Dodoca (PP) e Naldo Feitosa (PSC). Saem, impassíveis, atendendo a uma (irrecusável, inquestionável, irrevogável?) ordem do vereador Genilson Alves (PROS), líder do governo Allyson na Câmara. Boi a seguir a toada do boiadeiro. Com respeito aos ruminantes.
É como se os “alunos da Sexta Série, chateados com uma lição passada pela professora ou professor, saíssem para gazear a aula”, obedecendo ao líder dos indisciplinados, aquele aluno que quase sempre conduz os demais colegas para o erro. No caso dos estudantes, o prejuízo é apenas para os “rebeldes”, que deixariam de aprender o que for ensinado na sequência da aula.
No caso dos vereadores, perdem eles, o respeito, a dignidade, a confiança porque, representantes do povo, se comportaram, em sua maioria, como moleques, meninos mimados, alunos indisciplinados, jovens trabalhosos. Se esvaziar o plenário é estratégia criticável, sair fazendo chacota disso é repugnante. Abominável. Inominável.
Mas perdem também todos nós. Perdemos porque somos nós que os pagamos. Perdemos porque cada riso irônico, cada chacota, cada dar de ombros é um rir de nós, uma piada de mau gosto conosco, é um ignorar nossa expectativa de que estejam fazendo aquilo para o qual os elegemos e não para atender às vontades, gostos e exageros do autoritário de ocasião.
A postura dos que agiram de forma respeitosa mostra o quanto apequenam o Legislativo. Esquecem que são parlamentares. E isso é pra lamentar. Muito.
Tivessem que voltar para a Sexta Série, somente deveriam ser aceitos depois de aconselhamento dos pais, de reprimenda da direção da escola e de conversa imprescindível com a supervisão escolar. Para retornar ao Legislativo, na próxima eleição, basta apenas… Ah, deixa pra lá. Vocês sabem como o jogo funciona. Não é à toa que quase sempre estão sendo eleitos os piores. Às vezes, vazio, o plenário da Câmara de Mossoró dá mais esperança .
P.S: Hoje não há mais Sexta Série. A denominação pedagógica atual é Sexto Ano. Talvez não haja mais nem alunos com postura ignóbil, embora na idade dos estudantes seja razoável que exista.
* Professor e jornalista
Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com
Que pobreza!
Vergonha! Mas esperar o quê, se tem eles têm um ” líder” que brinca de conduzir a cidade, como se fosse um curral?
Postura lamentável a destes senhores.
Lamento porque desperdiçam a nobre missão que é bem servir à população e se prestam a um papel que desmoralizar aos mandatos, à Câmara e à todos nós mossoroenses.
Deixam de serem representantes e se tornam meras marionete
Isso faz com quê toda uma cidade desmoralizado por aquela que se considera lideres incapacitados.
Hoje podemos ver a sujeira tamanhas quê é o poder, exemplo a essa guerra está morrendo milhares de inocentes por causa que briga pelo poder