Há um ano, no debate da TCM, com os candidatos a prefeito de Mossoró, a ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PP) fez um ironia com o então deputado Allyson Bezerra (Solidariedade). Rosalba queria dizer que Allyson não era tão pobre quanto queria deixar transparecer.

Ao chamá-lo de “pobrezinho” a ex-prefeita deu um tiro no próprio pé. O marketing da campanha de Allyson conseguiu convencer o eleitor de que Rosalba tentou menosprezá-lo. A tática deu certo e Allyson consolidou sua vitória à prefeitura.

Se àquela altura, Allyson Bezerra era ou não pobre, a história vai dizer no futuro. De lá para cá, no entanto, uma coisa o prefeito tem demonstrado: uma verdade “tara” (para usar um termo do seu ídolo presidencial) pelo dinheiro do povo. Uma obsessão inexplicável. Uma injustificada necessidade de controlar tudo sozinho.

Não, não se está dizendo que ele está se apropriando indevidamente dos recursos públicos. Não se está levantando qualquer suspeita sobre a honestidade do prefeito. O que se está afirmando – e isso é público e notório – é que Allyson adora ter apenas sob seu controle as verbas que caem – em volumes milionários – nos cofres da rica prefeitura.

Essa pulsão pelo controle individual do dinheiro coletivo traz alguns problemas. O principal deles é a falta de transparência. Não se sabe porque o prefeito quer tanto ter dinheiro “solto”, ou seja, recursos sem que ninguém saiba como realmente vai ser aplicado. Em ano eleitoral, esse ímpeto pode suscitar as mais diversas interpretações.

Para ser ter uma ideia de como Allyson ama ter tudo apenas sob seu controle, basta citar que cerca de metade do orçamento da prefeitura de Mossoró, algo em torno de R$ 400 milhões, estão sendo movimentados ao bel-prazer do gestor.

Além de ter conseguido que a Câmara lhe garantisse 25% do orçamento para ele controlar, Allyson também “convenceu” sua bancada no Legislativo a aprovar dois cheques em branco: um em novembro do ano passado, de R$ 64 milhões, e outro, quarta-feira passada, de quase R$ 80 milhões. Não esqueçamos que o prefeito já tinha conseguido uma abertura de crédito suplementar de R$ 183 milhões em março passado.

Aberturas recorrentes de crédito suplementar revelam não só a incompetência da gestão em fazer um planejamento que consiga, minimamente, dar resposta aos eventuais imprevistos administrativos e financeiros, mas apontam para – repitamos – dificuldades de se dar transparência à aplicação dos recursos públicos e -, consequência disso – impõem mais um muro a ser escalado na difícil tarefa de fiscalizar a gestão.

Nesse quesito, reforce-se, a Câmara Municipal, na sua maioria governista, não parece estar muito preocupada em exercer esse papel. Pobrezinho ou não, uma coisa é certa, Allyson gosta muito de contar dinheiro. Principalmente dos outros.

One thought on “A obsessão de Allyson pelo dinheiro do povo

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