O Brasil tem 27 governadores exercendo mandatos conquistados nas urnas. São 81 senadores que chegaram ao cargo também dessa forma. Os 513 deputados federais foram eleitos e diplomados a partir de sufrágios populares. Em todo o país, são 1.059 deputados estaduais de 26 Assembleias Legislativas e uma Assembleia Distrital que devem seus cargos ao povo que os escolheu por meio do voto. Depositado e computado na urna eletrônica. Também assim o foram os 5.570 prefeitos e os 58.208 vereadores.

São, portanto, quase 60 mil ocupantes de cargos públicos que chegaram a tais postos por meio do voto do cidadão que, em sua soberana vontade, foram às seções eleitorais nas eleições de 2018 e 2020, depositaram, na urna eletrônica, a esperança de que seus escolhidos fossem os mais votados.

Mais que isso: que honrassem o seu voto. Que fizessem valer o seu direito de escolha. Direito esse agora tão ameaçado. Tão vilipendiado. Tão escorraçado. Sob os olhares lenientes, o silêncio covarde e a conivência criminosa da maioria dos que se elegeram com votos depositados na urna eletrônica.

É triste que tanta gente que depende do voto silencie contra as canalhices verborrágicas do presidente. É necessário levantar a voz contra os gritos do profeta do caos porque há um bem maior em jogo. Sua blasfêmia não é contra um objeto, é contra um sistema eleitoral. O que ele faz não é exercício de opinião, é prática de crime.

O discurso golpista de Bolsonaro é uma afronta à vontade do cidadão. É um desrespeito a cada pessoa que foi às urnas fazer a sua escolha. É um crime contra o país. É uma barbaridade contra a democracia. É uma deslegitimação ao posto que cada um dos que conquistaram cargos eletivos ocupa. Ora, se Bolsonaro quer fazer da urna uma árvore podre, podres estarão todos os frutos que dela derivam. Inclusive os votos que elegeram deputados, senadores, governadores, prefeitos e vereadores. É uma vergonha que poucos se ponham contra as falas criminosas do presidente.

Não esperem, senhores governadores, senadores, deputados estaduais e federais, vereadores e prefeitos, que aconteça qualquer punição a Bolsonaro a partir dos presidentes da Câmara, do Senado e do procurador geral da República.

O PGR Aras foi colocado lá da pior forma possível para que Bolsonaro pudesse cometer os piores crimes sem ser incomodado. O presidente também acomodou, com verba desviada, Lira e Pacheco nos assentos mais importantes do nosso parlamento nacional para não ser importunado.

Mas é burrice pensar que esse o discurso golpista-criminoso-antidemocrático não é nocivo a todos. É idiotice não se levantar contra esses absurdos. É inaceitável que aqueles que estão revestido de um poder lhe conferido pela democracia não se levante para defendê-la. Intolerável que se coloquem de forma tão covarde.

A omissão vergonhosa caminha para se transformar numa falha imperdoável. A cobra segue espalhando sua peçonha e contaminando o nosso sistema democrático. Ser cúmplice da serpente não é garantia de inoculação.

(Imagem: alerta paraná)

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