* Ugmar Nogueira

Nós já escrevemos aqui sobre episódios nos quais entendemos que Guardas Civis de Mossoró exageraram em algumas situações. Dois casos são emblemáticos.

Um deles, no episódio em que, em serviço, quatro deles foram flagrados espancando dois rapazes. Um outro, mais recente, em que um GCM, de folga, atirou contra o atual companheiro da sua ex-esposa. Dois casos em que, esteja o personagem investido ou não de sua função, merecia a reprimenda.
Os Guardas Civis de Mossoró estão, mais uma vez, no olho do furacão. E, é importante dizer de forma clara: sob um circo midiático condenável. Pelas circunstâncias em que o caso mais recente veio à tona é necessário dizer que faltou ao menos parcimônia da Polícia Civil.
Para quem não está acompanhando desde o início: no dia 11 de outubro, o carro do comandante da Guarda Civil de Mossoró foi alvo de atentado a tiros. Ontem, 7 de novembro, portanto pouco mais de 25 dias depois, a PC fala à imprensa sobre as investigações.

Em que pese o elogio pela rapidez com que o caso foi resolvido, se é que o foi, também vai a crítica pela forma como chegou à sociedade a forma como ocorreu a “resolução”.
Não vão aqui críticas ao modus operandi dos investigadores. Mas a espetacularização do caso. E por que? Por que, a nosso ver, ainda tem muitas pontas espalhadas e juntá-las antes de levar à imprensa o caso nos parecia mais sensato.

São necessários alguns questionamentos.
O inquérito já foi concluído? Se não o foi, porque dá publicidade já tão rapidamente? Se o inquérito foi concluído e, por isso, divulgado, porque os suspeitos não foram ouvidos ainda?

Numa entrevista um dos delegados responsáveis pelo caso informa que os suspeitos serão chamados para apresentar sua versão em momento posterior.
Na coletiva de imprensa sobre o caso, foram expostas várias armas e munições. De calibres e modelos parecidos com os dos utilizados no atentado. Aqui vai o questionamento: as armas apreendidas passaram por perícia e são, comprovadamente, aquelas utilizadas no crime do dia 11 de outubro?

Pela exposição feita, parece que foram periciadas ou pelo menos foram obtidas de forma ilegal. Ora, fazer busca e apreensão em casa de policial ou de guardas com porte de armas não é incomum encontrar… armas.
Não que tenha sido essa a intenção da polícia, mas as coisas postas do jeito que foram contribuem muito para uma criminalização da GCM.

Três guarda são suspeitos, ok. Quais? Sem uma individualização mínima, todos são suspeitos. E essa generalização é famosa e, portanto,  condenável.
A Guarda Civil de Mossoró tem sofrido pressão da gestão municipal, inclusive com perseguições e decisões arbitrárias. E tem resistido.

Resistência tão forte que fez o prefeito Allyson Bezerra (União Bezerra) perder o rumo e sair dando piruetas em público.
A Guarda Civil de Mossoró denunciou a gestão Allyson Bezerra ao Conselho Estadual de Direito Humanos.
Depois de tudo o que temos visto sobre o embate entre a Guarda Civil e a gestão municipal, faltou no mínimo bom senso a quem conduz as tais investigações.

Não dava para dar palco midiático tão grande a algo que ainda está em curso.
Importante ressaltar que quem mais deu publicidade ao resultado da investigação foi o site de notícias com estreita ligação com o Palácio da Resistência, cujo dono se prestou ao papel de chamar professores grevistas de criminosos, para defender a gestão municipal.
Comprovada a participação dos guardas no episódio do ataque ao carro do comandante da GCM ou de qualquer outro ilícito, que se investigue, se denuncie, se puna. De forma justa, correta, e honesta. E sem espetacularização.

Mais do que isso: sem criminalizar a instituição GCM. Do contrário, é preciso repetir a pergunta: a quem interessa a criminalização da Guarda Civil de Mossoró?

* Radialista

 

One thought on “A quem interessa a criminalização da Guarda Civil de Mossoró?

  1. Só temos uma única respostas: Criminosos, tentam incriminar servidores. E tá tudo bem. Assim, seguem as cenas dos próximos capítulos.

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