* Márcio Alexandre

 

O nome do programa é Política em Debate. Na bancada de entrevistadores, há, entre outros, um Doutor em Direito e um Doutor em Jornalismo. A emissora é a Rádio Difusora, principal AM de Mossoró. O entrevistado é o general Girão, deputado federal pelo PSL do Rio Grande do Norte.

A despeito de ser um parlamentar, Girão não tem pauta. Tenho dificuldade de entender que a falta de pauta seja uma pauta. Mas ele não tem. Fábio Faria tem pauta. Você pode não concordar com ela, mas ele tem. Seu propósito é destroçar os Correios. E ele tem feito tudo por isso. Inclusive mentir. Principalmente mentir. Mas tem uma pauta.

Fábio é um político fraco. Eleito sob à sombra do dinheiro e do poder do pai, está no quarto mandato como deputado federal e não se tem notícia de um projeto importante de sua autoria. Mas hoje tem uma pauta: como ministro de Bolsonaro, luta para acabar com os Correios. Girão não tem pauta.

Até agora, o ato mais reluzente de Girão em seu infecundo mandato foi inaugurar um outdoor enaltecendo um ditador. Uma canalhice. Um deboche. Um escárnio.

Por mais apaixonante que seja o ofício que cada um de nós desenvolvamos é preciso ter a consciência de que mesmo fazendo o que gostamos, nem sempre fazemos como gostamos. Isso talvez explique o fato de algumas vezes tenhamos que entrevistar giraus.

A despeito de toda a qualidade da bancada de entrevistadores e do nível que eles com certeza buscaram impingir ao debate, Girão não conseguiu disfarçar sua canalhice. Perguntado sobre a terceira via, respondeu, referindo-se ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, como “leite de moça”. Um trocadilho torpe com a sexualidade do governante. Uma canalhice. Mais uma.

Girão foi beneficiado por aquela onda resultante da criminalização da política e que resultou na eleição de canalhas. Talvez seja um dos expoentes dessa subclasse. Daquele submundo. Mas não está só. Há muitos. Em todos os cantos. Infelizmente.

São sempre canalhas, tenham mandados ou não, todos aqueles que queiram comparar mulheres com cadelas. Nesses casos, abundam misoginia, machismo e violência. São sempre canalhas os que tentam calar as mulheres. Seja na Câmara Municipal de Mossoró ou na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Também aqui, enxameia misoginia, machismo, violência e coronelismo.

São sempre canalhas, não importa o grau de importância do cargo que exerçam, todos aqueles que emulam o sofrimento dos que morreram agonizando sem ar. Espetáculo tétrico, patético, enojante. E criminoso.

São sempre canalhas os que, mesmo com cargo público eletivo, ajam no submundo da imundície contra o sistema que permitiu que estejam ali. Que usem fardas para intimidar. Que desafiem para parecer maiores. Que se diminuem ao tentar aparecer. Não importa a patente. Patenteiam a canalhice.

Todos querendo ser outsider. Não passam de calhordas. Estão transformando o Brasil na república da vergonha.

 

* Professor e jornalista

 

Nosso e-mail: redacaobocadanoite@gmail.com

 

One thought on “Criminalizaram a política para beneficiar os canalhas

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