* Márcio Alexandre

Um homem, filmado, sem identificação de qualquer partido, religião ou classe social, desce de uma moto e chuta um portão. É da sede do diretório do Partido Liberal (PL) em Mossoró. É a senha.

Sem investigação, sem maiores elementos, sem prova alguma, sem nenhum indício, o presidente do PL, o outrora sensato e equilibrado Genivan Vale dispara acusações contra a esquerda. Com ilações criminosas contra o Partido dos Trabalhadores (PT). Com elucubrações maliciosas e ameaças veladas. Irresponsabilidades que, se eu não tivesse lido e visto a assinatura de Genivan Vale jamais acreditaria que teria sido ele a cometer tais desatinos.

A família do homem procura Genivan e revela que trata-se de uma pessoa com problemas mentais. Surge, então, a chance de o ex-vereador mostrar a grandeza que caracterizou, até algum tempo atrás, sua trajetória política.

Genivan publicou uma nota se solidarizando com a família do homem e anunciando que não vai prosseguir com a denúncia criminal. Desistiu porque difícil punir alguém na condição do responsável pelo dano. Faltou, no entanto, algo importantíssimo.

Faltou Genivan dizer que errou. Faltou pedir desculpas à esquerda e ao PT. Faltou a dignidade de reconhecer que cometeu um disparate. Que foi extremado. Que agiu com o fígado. Que insuflou, sem prova alguma, uma parte da plateia do jogo político que vive à espera de um gesto putrefato para agir como urubu.

Genivan não deu uma linha sobre o próprio erro. Não se retratou publicamente. Sequer apagou a nota em que lançou os ataques, fez as acusações, e deu motivos para que extremados – como ele agora parece também ser – fizessem os mais abjetos comentários. Todos cheios de ódio, ironia e desejo de vingança.

Genivan preferiu jogar gasolina a apaziguar os ânimos. Parece ter virado um extremista sem causa e, com isso, dizimado  o bom senso.

Ainda há tempo, Genivan. De reconhecer o erro, de reparar o dano, de pedir desculpas, de evitar o pior. Num ambiente tomado pela fogueira da divisão, incendiar com acusações sem provas e ataques sem razão é sempre a opção mais torpe, perigosa e vil. Tire lição do episódio. O primeiro passo é se retratar publicamente.

* Jornalista

4 thoughts on “Genivan, o extremismo e a dificuldade de reconhecer um erro

  1. Me lembro quando esse ex vereador era normal, participando do Grito dos Excluidos no desfile do 7 de setembro, defendendo as/os trabalhadoras/es.
    Virou

  2. Não é a primeira vez que Genivan agride a esquerda, especificamente ao PT. Um certo dia esse senhor, que outrora foi aliado ao PT quando pertencia a outro partido, proferia algumas palavras onde colocava a governadora Fátima Bezerra como péssima gestora sem ressalvar qualquer ato relevante para a mesma.
    Eu diria que isso no então equilibrado e sensato Genivan Vale, é reflexo do bolsonarismo inconsequente que ainda está na mente de alguns.

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