“Janeiro Roxo” marca o mês de conscientização sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce da hanseníase, uma iniciativa do Ministério da Saúde, em 2016, em busca de incentivar campanhas educativas para combater a doença. Assim, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), por meio do Programa Estadual de Controle da Hanseníase do Rio Grande do Norte – PECH/RN, reforça, neste mês, a mobilização para o enfrentamento da doença, envolvendo gestores, profissionais de saúde e a população em geral.
“O objetivo do Janeiro Roxo é dar maior visibilidade ao tema. Além de ser bastante silenciosa, a hanseníase ainda é uma doença que carrega muito estigma e, dessa forma, muita gente não procura cedo o diagnóstico e, consequentemente, não realiza o tratamento. Isso acaba provocando as incapacidades, que não são apenas físicas, mas também sociais e emocionais. Por isso é tão importante se discutir o tema, e enfatizar que a doença tem cura e o quanto antes diagnosticada, melhor”, destacou Wilka da Silva, responsável técnica pelo Programa Estadual de Controle da Hanseníase.
*Ações da campanha*
Nesta terça-feira (17), das 8h30 às 11h30, a Sesap realizará uma capacitação online sobra a hanseníase, abordando seu diagnóstico, tratamento, manejo de casos, reações, fluxo de encaminhamento de pacientes, etc. O evento será conduzido pelo dermatologista e doutor em Medicina Tropical pela Fiocruz, Dr. Maurício Lisboa Nobre, referência no Estado para a doença. A capacitação já conta com mais de 300 inscritos, entre médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde que atuam na área, além de técnicos da Vigilância Epidemiológica.
Além disso, o Hospital Giselda Trigueiro (HGT), referência no atendimento aos casos mais graves da hanseníase no RN, vem durante todo este mês realizando atividades educativas, na Sala de Espera da unidade.
A próxima sexta-feira (20) será o dia D das ações desenvolvidas no hospital, com um evento das 9h às 11h, no Instituto de Medicina Tropical, ao lado do HGT. Haverá palestra com Dr. Maurício Lisboa Nobre e depoimentos de pacientes e ex-pacientes acometidos pela doença. Também será oferecido um café da manhã, bem como sorteio e entrega de brindes. O evento foi organizado pelo Grupo de Autocuidado em Hanseníase do HGT, em parceria com Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase.
*Dados*
No Rio Grande do Norte, no período de 2013 a 2022, foram diagnosticados 2.246 casos novos de hanseníase, o que corresponde a uma média de 224 casos novos/ano. Em 2022, foram registrados 156 casos novos no estado, sendo 51 na Região de Mossoró e 43 na Região Metropolitana. Entre as notificações em 2022, 14 casos apresentaram Grau II de incapacidade física no momento do diagnóstico, caracterizado por lesões mais graves nos olhos, mãos e pés, o que evidencia um diagnóstico tardio.
Dos 156 casos notificados em 2022, cinco foram em menores de 15 anos de idade, residentes em Baía Formosa, Governador Dix-Sept Rosado, Mossoró, Nova Cruz e Parnamirim. A presença de hanseníase nessa faixa etária normalmente está vinculada à transmissão intradomiciliar, pois a doença tem um período de incubação prolongado, de forma que os contatos num mesmo domicílio são um importante meio para a manutenção da endemia.
Os municípios do RN com maior número de casos novos acumulados nos últimos 10 anos são: Mossoró, Natal, Parnamirim, Nova Cruz, São Gonçalo do Amarante, Macau, Caicó, Patu, Cruzeta e Santo Antônio. Mossoró e Natal historicamente lideram essa lista. 28 municípios potiguares foram silenciosos nos últimos 10 anos, não notificando nenhum caso.
*A hanseníase*
A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa, de evolução lenta, que se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos: lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés. Pode causar deformidades físicas, caso o paciente não seja diagnosticado precocemente e o tratamento não seja realizado de forma oportuna.
A transmissão ocorre quando uma pessoa com hanseníase e sem tratamento elimina no ar o microrganismo, por meio da fala, tosse ou espirro. A hanseníase pode aparecer de diversas formas, dependendo do organismo. Pode se manifestar como mancha esbranquiçada, avermelhada ou amarronzada, única ou múltiplas.
As lesões são bastante distintas entre si e podem ser confundidas com outras doenças de pele, por isso é imprescindível não se autodiagnosticar ou automedicar e sempre consultar um médico na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima à sua casa, se tiver qualquer suspeita de estar com hanseníase.
*Tratamento*
A doença tem cura e o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento gratuitamente, desde o diagnóstico, nas Unidades de Saúde da Atenção Primária.
O tratamento é realizado com a poliquimioterapia, uma associação de antibimicrobianos, recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Os medicamentos são seguros e eficazes. O paciente deve tomar uma dose mensal supervisionada pelo profissional de saúde e as doses diárias são realizadas pelo próprio paciente. O tratamento dura 6 ou 12 meses, de acordo com a classificação da doença.
