Mudanças nos meios de comunicação potiguares

Pela primeira vez, um movimento ainda incipiente, mas cada vez mais articulado, rompe a hegemonia dos comunicadores bolsonaristas

por Ugmar Nogueira
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Por Tácito Costa*
Dominados pela direita e pelo bolsonarismo, os meios de comunicação do Rio Grande do Norte, especialmente as emissoras de rádio e os blogs, começaram a enfrentar, desde o ano passado, uma onda inédita de contestação ideológica. Pela primeira vez, um movimento ainda incipiente, mas cada vez mais articulado, rompe a hegemonia dos comunicadores bolsonaristas, que por anos reinaram sem oposição significativa. Esse novo enfrentamento, impulsionado pelas redes sociais e blogs, tem provocado desconforto entre aqueles que, até então, monopolizavam o debate público.
Em Natal, esse contraponto é feito pela Agência de Notícias Saiba Mais, pelos blogs O Potiguar, de Daniel Menezes, e o Blog Silvério Filho.
Em Mossoró, a resistência parte do Blog do Barreto, do jornalista Bruno Barreto, e do Portal Na Boca da Noite, do jornalista Márcio Alexandre, e do jornal De Fato, do jornalista César Santos.
Também podem ser citados o trabalho nas redes sociais dos jornalistas Daniela Freire, Luisa Ribeiro e Cefas Carvalho, assim como de Gustavo Braga;  e nas FMs dos jornalistas Tiago Rebolo e Bruno Araújo. Importante registrar que a mudança se intensificou a partir de 2024, com a entrada no ecossistema da comunicação de Silvério Filho, um advogado que sabe manejar a comunicação nesses tempos sombrios e de fake news.
O embate, no entanto, é desigual. A máquina midiática bolsonarista conta com um arsenal muito mais robusto, sustentado por apoio financeiro empresarial e redes bem estruturadas. Ainda assim, a emergência de vozes dissonantes é um sopro de esperança. Embora minoritária, essa contestação tem um papel pedagógico fundamental: demonstra que é possível travar o debate ideológico em um espaço onde a direita sempre teve amplo predomínio.
Nos últimos anos, os comunicadores alinhados ao bolsonarismo exerceram seu domínio sob um entendimento distorcido de liberdade de expressão, defendendo publicamente o conservadorismo e, em muitos casos, o golpismo.
No caso específico do rádio — um serviço público concedido pelo Estado —, a disparidade é alarmante. Em praticamente todas as FMs de Natal, programas apresentados por comunicadores bolsonaristas ocupam a programação matutina, vespertina e noturna. A isso se somam os programas evangélicos de viés conservador, que reforçam ainda mais a influência da extrema-direita na comunicação potiguar.
Nesse cenário, a ascensão de uma nova corrente de comunicação é essencial. Por muito tempo, quem se identificava com a esquerda e o progressismo ficou sem referências midiáticas e refém da agenda imposta pela imprensa conservadora. A reconfiguração desse espaço ainda está em curso e enfrenta desafios imensos, mas seu crescimento é um passo significativo para equilibrar o jogo e ampliar a pluralidade do debate público no Estado.
* Jornalista
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