* Márcio Alexandre
A política brasileira e, também mundial, é regida hoje pelo signo da idolatria. Isso inclusive foi fundamental para que se afunilasse a tática da divisão dos eleitores entre o nós e o eles. Nessa lógica, a realidade tem mostrado, somente quem ganha são os tais líderes políticos. Principalmente os extremistas. Aqueles que defendem pautas antipovo, ideias selvagens, propostas esdrúxulas.
A idolatria como princípio político-eleitoral tem trazido, lamentavelmente, muitos retrocessos. Sociais, políticos e humanos. A involução é cada vez mais evidente. Cada vez mais nociva. E sempre voraz.
A idolatria tem a capacidade de fazer os menos atentos acreditarem em teorias conspiratórias, informações falsas e até teatrais atentados, essa máquina de catapultar criminosos ao poder.
E por que funciona? Porque no processo de divisão, não importa o que o ídolo de um lado está dizendo ou fazendo. Importa que eu acredite nele. Maios que isso: importa que eu não concorda com o outro lado.
O caso brasileiro é emblemático. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi a pior coisa que aconteceu na política brasileira. Desumano, sempre tripudiou de tudo e de todos. Principalmente das minorias. Mas tem muita gente que gosta dele, inclusive quem é das minorias, como homossexuais, negros e pobres.
O ex-presidente está imbricado até a alma nos mais diversos crimes que foram cometidos no Brasil desde 2019 para cá: fraude de documentos, superfaturamentos, cobrança de propinas, tentativa de golpes, roubo de joias. Para ficar apenas nesses. Mas a idolatria que se formou em torno dele faz com que os que o defendem não vejam nada de grave nisso. Talvez isso explique o fato de estarmos inclusive exportando táticas absurdas e estratégias inverossímeis. Porque tem gente que acredita. Aqui, na América ou na Europa. Porque em todo canto tem idólatras.
* Professor e jornalista