Quando a gratidão é uma prisão

por Ugmar Nogueira
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* Márcio Alexandre

Quando se pensa em gratidão (ou falta de), um dos episódios mais lembrado é o que envolve as atrizes Selena Gomes e Francia Raisa. As duas, que eram amigas inseparáveis, acabaram se separando. E logo após um fato marcante: Raisa doou a Selena o rim que a salvou da morte. “Como reconhecimento”, Selena disse que a única amiga que tinha era Taylor Swift, e sequer chamou Raisa para seu casamento.

Obviamente que meio mundo caiu sobre Selena. Afinal de contas, se esperava (ou se espera) que ela seja eternamente grata a então amiga.

A gratidão, já se disse incontáveis vezes, não é apenas uma virtude, mas a mãe de todas as outras.

A questão é: a dívida por um favor, um gesto, uma doação, é impagável? Quem recebe vira um devedor eterno? Quem o faz tem o direito de sempre esperar que a fatura seja paga? Sempre que seu coração achar que é necessário.

Há outro aspecto a ser analisado. Quando fazemos algo para alguém que não conhecemos, não esperamos que haja esse reconhecimento recorrente. A não ser que imaginemos que mais cedo ou mais tarde Deus nos recompense. E, nesse caso, é difícil não ver a tal bondade como um empréstimo e nunca como doação.

Talvez o mais correto seja fazer o bem porque a situação pede e o momento exige. E que façamos de forma desprendida, sem alimentar o desejo de que um dia seremos reconhecidos. Por quem ajudamos. Por conhecidos. Por Deus. Pelos céus. Porque esperar recompensa pelo que se fez é aprisionar alguém em nosso ego.

* Professor e jornalista

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