Quanto vale ser feliz?

por Ugmar Nogueira
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* Márcio Alexandre

O quintal já está limpo. Em alguns deles, a churrasqueira de alvenaria também. Em outros, ela é mais rústica. Em alguns locais, improvisada. Em todos, à espera, que se confunde com a espera de quem as preparou.
A mãe aguarda os filhos, a nora, os netos. Algumas delas, até bisnetos.
Há sete dias que vive essa expectativa. Mas faz mais tempo que espera. A contagem regressiva começou semana passada. Não vê a hora de estarem todos juntos outra vez. Até o primo do irmão do genro, mesmo com toda sua falta de Bom senso, é vem vindo. A felicidade é grande demais para se incomodar com pequenas importunações.
Na casa da filha, ela discute com o marido os prós e os contra desse domingo coletivo. Lembra que o marido da irmã votou no candidato diferente daquele em quem seu marido votou.

Seus filhos serão alvo de chacota dos primos. É que o time de uns foi o campeão. Já o dos outros caiu de divisão. Discussões bobas que ultimamente estão virando problemas fora de série.
Mesmo com todo o prenúncio dessas pequenas e grandes confusões, está inclinada a ir. E tenta convencer o marido a acompanhá-la. Vai ser uma felicidade, diz ela. E o quanto vale para ser feliz?,  pergunta ele.
Vale a alegria do momento. Vale esquecer as desavenças. Vale engolir o orgulho. Vale esquecer a soberba. Vale descer do pedestal do Olimpo onde sempre ficam os que acham estar sempre com a razão.

Vale abrir mão do cochilo do meio dia por causa do barulho das crianças juntas. Vale suportar as piadas sem graça – e repetidas – do vizinho sem noção que sempre aparece quando vê maior movimento naquela residência diuturnamente ocupadas por um simpático e quieto casal de idosos.
A felicidade agora, mesmo barulhenta, vale mais que o sossego calmo. Às vezes nem é calmaria, é tristeza.
Que todos esqueçam suas vaidades e estejam em todos os lugares para onde foram convidados. Momentos felizes até que se repetem. Algumas felicidades, nunca. Felicidade é a verdade do agora.

 

* Professor e jornalista

 

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2 comentários

Adryanna Medeiros 13/11/2022 - 15:01

Parecia q eu estava vendo a cena. Texto poético demais. Dps faça um dos q são felizes sozinho, se vc puder imaginar o qto a sozinhez eh uma coisa boa e agradável. E o qto a felicidade pertence a esses. Pq senão a gnt vai parecer só expectador. Rsrs…

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Fabiano 08/01/2023 - 16:18

Muito bom meu amigo!O que levamos, ou melhor o que deixamos nessa vida terrena, são esses bons e únicos momentos. Quem tiver a oportunidade, que siga o seu conselho. Abraço!

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